18. Selfless

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nyc, nova york.
28 de setembro de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

Durante meus primeiros dias na JBMorgan, temia o quão árduo seria estar em uma empresa tão relevante. Julgava ser de extrema responsabilidade exercer um cargo ligado diretamente ao Diretor Executivo daquela empresa. Me perguntava a todo instante se estava fazendo corretamente o meu trabalho e a cada dúvida, procurava pela resposta por conta própria na maioria das vezes.

Uma semana havia se passado desde então. Eu estava apta a aquele ambiente, embora ele nada tivesse a ver com o meu mundo. No entanto, aquela semana não serviu apenas para fazer com que eu me adaptasse, mas também para me intrigar com algo.

A forma como Justin reagia com a presença de seu pai.

— Eu não sei, Jeremy. Provavelmente precisarei ir a Washington na próxima semana. - Seu tradicional despótico tom de voz ecoou pelo ambiente em meio a todos os usuais sons. De minha mesa, pude ver o loiro caminhando dentre meia dúzia de homens, incluindo seu pai, o qual nunca era chamado dessa forma. — Viu o Martin? Preciso falar com ele.

— Não, não o vi. George e eu teremos um almoço de negócios no Four Seasons, você deverá comparecer. - Jeremy afirmou, se referindo a um dos restaurantes mais caros de Nova York.

— O valor de um almoço para três pessoas nesse restaurante compra até a minha dignidade. - Sussurrei para mim mesma, desviando minha atenção da conversa conforme os dois se afastavam de onde eu estava e suas palavras se tornavam inaudíveis.

Em poucos segundos, concluí que a tela daquele notebook em minha mesa não era tão interessante quanto a conversa de Justin. Suspirei e voltei a observá-lo discretamente, notando que naquele momento ele parecia mais alterado. Como sempre ficava, com breves segundos de conversa com seu pai.

Mordi os lábios. Não entendia o porquê, mas estava certa de que a presença de seu pai o incomodava, ainda com o admirável profissionalismo com o qual ele exercia sua profissão. Me perguntava se as pessoas mais próximas dele percebiam. Amber, Chantel, seus vários amigos que sempre estavam ao lado dele nas fotos dos portais de notícia ou um daqueles homens engravatados que sempre estavam ao seu lado.

— Bom dia. - Desviei rapidamente meu olhar de Justin ao ouvir uma voz masculina se dirigindo a mim.

— Bom dia. Posso ajudar? - Abri um sorriso simpático para o rapaz a minha frente, instantaneamente. Ao observá-lo com um pouco mais de atenção, notei que já o conhecia.

Ele era um dos rostos presentes na casa de Justin naquele dia.

— Na verdade, sim. Pode avisar ao Justin que não comparecerei à reunião com os acionistas? Diga a ele que meu pai, Martin, estará presente por mim. - Ele dizia, enquanto mantinha seu olhar fixo na tela de seu celular.

— Claro. - Afirmei, anotando em um pequeno bloco de notas. — O Senhor é... - O encarei, esperando que o mesmo me dissesse.

— Ryan. Meu nome é Ryan. - Ele afirmou com um sorriso, desviando o olhar de seu celular e só então olhando em meus olhos, parecendo me estudar por breves segundos. — Você por acaso é Angelina Price?

Arqueei minhas sobrancelhas.

— Sim. - Abri um pequeno sorriso. — Mas se eu estiver encrencada, não sou eu não.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora