23. Anguish

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nyc, nova york.
7 de outubro de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

A segunda-feira havia chegado após um final de semana repleto de emoções que, se no início fora mágico, no fim, tornou-se angustiante.

Eu estava de frente para o meu espelho, ao lado da cama que há cerca de dois dias, fora o meu paraíso por alguns instantes.

O nosso paraíso.

Esbocei, involuntariamente, um sorriso em meu rosto ao deixar que aquele momento - e cada detalhe seu - retornasse à minha mente. O toque suave de seus lábios em minha pele, suas narinas expirando um ar quente contra meu pescoço que me causara arrepios por todo o corpo. Suas mãos pareciam explorar-me com maestria e seguridade, como se já conhecesse bem cada centímetro meu, embora nunca o tenha feito.

Naquele momento, senti como se fossemos mais. Como se nossas almas estivessem há tempos buscando uma a outra e, naquele instante, se encontraram. Eu era dele.

E ele era meu.

Naquela noite, estávamos em paz.

A paz que, para a minha infelicidade, não havia durado.

O sorriso que antes vinha acompanhado de incríveis memórias, agora dava lugar a uma expressão marcada por decepção, angústia, confusão.

Senti meu celular vibrar em meu bolso, indicando uma nova notificação. Meus batimentos se aceleraram. Rapidamente, segurei o aparelho em minhas mãos, tendo uma perfeita visão de sua tela para então saber quem havia me mandado uma mensagem.

Megan.

Revirei os olhos e soltei um riso nasal. Eu a amava, mas não era dela a mensagem que eu tanto ansiava.

"Ele ainda não ligou para você? Não se preocupe, vocês vão se ver hoje."

Mordisquei os lábios ao ler a mensagem de minha amiga, sentindo um nó em minha garganta. A noite de sábado foi a última noite em que conversamos e, desde então, não recebi nada além de visualizações sem respostas para as mensagens que eu o enviei.

"Meg, você acha que ele está chateado?"

"Ele não tem o porquê. Talvez só esteja precisando de um tempo para se resolver com aquela cobra loira."

Soltei um riso nasal e coloquei o aparelho de volta em meu bolso, dando uma breve última olhada no espelho apenas para checar minha aparência que, naquele dia, não era uma das melhores. Chequei o horário através do relógio em meu pulso que, por sinal, havia sido um presente de Jacob. Ao lado dele, a adorável pulseira dourada do par que Megan havia comprado para nós duas.

Em meu indicador, um dos mais significantes presentes. O raio de luz que atravessava a janela naquele momento refletia na pequena pedra preciosa do anel em meu dedo, deixando a bela jóia reluzente. A beleza singela do anel de safira dava-se não apenas à sua graça e delicadeza, mas a sua essência, marcada por anos sendo um presente que fora dado à minha mãe por meu pai no dia de seu aniversário de vinte e dois anos. Tamanho era o amor que a fez cuidar deste presente com o afeto que teve e, em um dia planejado há anos, confiá-lo a mim. Sua preciosidade não estava na jóia; estava na linda história de amor que a envolvia e, sobretudo, na sensação de ter o meu pai comigo.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora