32. Consequences

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nyc, nova york.
29 de outubro de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

Manter minha atenção à tela do computador nos minutos finais de meu expediente tornava-se custoso a cada vez que o tom das vozes de Justin e seu pai se agravavam dentro de seu escritório. Àquela altura, o menor dos afincos era dispensável para que cada palavra dita fosse ouvida com clareza por mim e pelos demais presentes, estes que possuíam suas expressões tomadas por uma única incógnita.

Engoli em seco, incerta sobre qual atitude tomar. Mordisquei meus lábios após segundos de reflexão, me levantando ao enfim me decidir. Em passos largos, caminhei até a porta do escritório, dispensando as usuais batidas que indicavam minha entrada. Adentrei a sala, sentindo ir embora a bravura que há pouco me encorajava. No instante em que ambos direcionaram seus olhares a mim, a sensação se firmou.

— Com licença, mas ouvi gritos e gostaria de saber se está tudo bem. - Julgando por meu sereno tom, jamais imaginariam o quão aflita eu me sentia.

Me posicionei ao lado de Justin, levando o suave toque de minha mão ao seu bíceps o qual era ressaltado pelo fino tecido de seda de sua camisa social preta.

Meu toque levou o castanho de seus olhos a encontrar o azul dos meus.

— É claro, eu deveria ter imaginado desde o começo. - A voz carregada de um inconveniente sarcasmo nos fez desviar o olhar. — Então é ela, não é? - Jeremy questionou, arqueando uma de suas sobrancelhas.

O olhar de Justin era lançado ao seu pai como uma lâmina. Ainda assim, isso não o impediu de soltar uma gargalhada marcada por forte ironia.

— Então o motivo de tudo isso é a sua empregadinha. - Afirmou, em meio às gargalhadas. — Você escolhe a porra de uma secretária à filha do nosso maior parceiro comercial, Justin! - Interrompeu sua risada, tendo seu rosto tomado por desprezo ao se dirigir a mim. — Eu não posso acreditar que assinou o divórcio sem me consultar. Tínhamos um contrato com George! Perdemos milhões, idiota! Milhões! - Se aproximou de forma bruta, cerrando os dentes. — E tudo isso por causa da porra de uma empreg...

Você não vai falar assim dela na minha frente. - Empurrou brutalmente o tórax de seu pai, mantendo o maxilar travado em uma pose intimidadora. — Eu não admito que diga mais uma palavra sobre Angelina.

— Se não, o que? - Engoli em seco ao ouvir as palavras de seu pai.

Eu possuía total certeza sobre o que Justin faria a seguir.

Tive minha confirmação no instante em que o vi golpear o rosto de seu pai com o impacto de um soco que, sendo este carregado pela força da ira que o loiro sentia, fora brutal o suficiente para causar um corte superficial em seu lábio inferior.

— Justin! - Chamei, em vão. Senti minha respiração acelerar em desespero conforme Justin golpeava o rosto de seu pai, tomado por uma expressão medonha.

Parecia estar, naquele momento, descontando a mágoa que estivera por anos guardada dentro de si.

— Justin! - Chamei novamente, dessa vez em um mais grave tom. Me arrisquei a aproximar-me, usando o máximo de força para afastá-lo de seu pai que, embora retribuísse os golpes, apresentava claramente o pior aspecto.

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