33. Turnaround

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brooklyn, nova york. 29 de outubro de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

Mantive durante meses o segredo que naquele momento vinha à tona da mais imprudente forma a qual eu sequer poderia imaginar. Minhas mãos imediatamente tornaram-se úmidas pelo suor, ao passo que eu engolia em seco a cada tentativa frustrada de emitir uma resposta.

Eu estava estática.

— E então, Angelina? - Novamente, fui questionada por minha mãe.

Desviei meu olhar para Amber, embora meus olhos não carregassem o menor resquício de ira; estava constrangida demais para tal. Pisquei repetidamente meus olhos e então voltei a olhar para minha mãe, podendo sentir em meus músculos a tensão de toda a situação.

— Eu acho melhor você ir embora daqui. - Justin denunciou em seu tom de voz toda a raiva que eu não era capaz de sentir ou, ao menos, notar. — Agora. - Completou.

— É claro. - A loira respondeu com um falso sorriso ingênuo, carregado de sarcasmo. — Até mais. - Se despediu com um piscar de um de seus olhos azuis, em seguida deixado a sala em, propositalmente, lentos passos.

— Eu não acredito que escondeu isso de mim. - Minha mãe quebrou o silêncio que a saída de Amber deixara. — A minha própria filha se envolveu com... Argh. - Sua frase inacabada era marcada por desgosto.

— Senhorita Price, o que a minha ex-mulher te disse... - Levei minha mão ao seu tórax e o encarei, negando com a cabeça. Queria interrompê-lo e assim o fiz.

— Tudo bem. - Forcei um sorriso em agradecimento. — Precisamos ter essa conversa. - Afirmei, inspirando profundamente.

Justin me olhou durante alguns segundos mantendo suas sobrancelhas arqueadas em um "você tem certeza?".

Aquele não era o melhor momento da minha vida, tampouco o pior. Aos vinte e dois anos eu havia enfrentado situações as quais muitas outras pessoas da minha idade jamais enfrentariam.

Nada que Amber tentasse fazer contra mim iria me derrubar.

O loiro teve a confirmação para a sua expressão de dúvida no instante em que assenti e, em seguida, me sentei no sofá.

— Bem, vou dar um oi para o Ethan. - Foi breve em suas palavras, afim de nos deixar a sós.

Segui seus passos com o olhar, podendo ouvir Ethan dizer o nome do loiro em comemoração e, em seguida, o som da porta se fechando. Embora a cena fosse de meu agrado, eu não era capaz de demonstrar tal sentimento em um sorriso.

Me virei novamente para minha mãe, que possuía seus olhos fixos ao chão.

— Eu não era uma prostituta. - Afirmei. — Jamais iria aceitar esse emprego, mãe.

— Ah, não?! - Contrariada, me respondeu. — Aquela mulher me disse coisas terríveis sobre você. Eu não queria acreditar, mas, todas as informações batiam, Angel! - Seu tom de voz era alto. — Por favor, me diga a verdade. - Suplicou.

Desviei o olhar, sentindo minhas bochechas esquentarem. A forma como ela me olhava - e eu não tirava sua razão - me causava vergonha, constrangimento. Tive a sensação de que a informação tornava-se pior quando dita por minha própria mãe.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora