16. Another Chance

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brooklyn, nova york.
20 de setembro de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

Há exatos dois meses, eu havia voltado a velha rotina. Meus dias eram baseados em procurar emprego na maior parte da tarde e usar meu tempo livre para cuidar da minha família. Eu não poderia negar que o primeiro e único salário que recebi trabalhando para Bieber havia sido de grande ajuda, mas o dinheiro não duraria para sempre. Na verdade, desde que Ethan apresentou um quadro preocupante de pneumonia há três semanas, eu havia gastado mais do que o esperado. Além de que agora o mesmo já havia voltado às aulas e as listas de materiais da quinta série são enormes.

Meu irmão agora estava melhor, mas eu não. Não havia um dia sequer em que eu não pensava sobre o rumo que nossa vida tomaria. Eu possuía despesas, prestações, contas que eram responsabilidade única e exclusivamente minhas. E em meio a tamanho caos, uma possibilidade insistia em martelar em minha cabeça.

— Você vai aceitar a proposta da Brigitte? - Megan questionou, arqueando as sobrancelhas.

Brigitte era a mulher que gerenciava a Nightfall Club. No último fim de semana, Peter e Megan haviam me arrastado para aquela boate em uma tentativa de me fazer parar de pensar em minhas preocupações, ao menos por uma noite. A mulher - que certamente possuía mais que sessenta anos, no entanto, escondia bem a sua idade através de procedimentos estéticos e muita maquiagem - havia me feito uma proposta que, no momento, me pareceu absurda.

Mas eu parecia não ter outra opção.

— Eu não sei. - Coloquei meus pés de volta sobre a cama e levantei meu tronco, em seguida me virando para Megan, que permanecia na mesma posição. — Quer dizer, eu não teria que me prostituir, não é? - Nem mesmo eu passava segurança através de minhas palavras.

— Você sabe que eu pediria demissão da revista e trabalharia com você naquela boate se fosse preciso. - Megan ergueu seu tronco, o apoiando sobre a cama através de seus braços, com as mãos atrás das costas sobre o colchão. — Eu não sei, Angel. Você deveria continuar procurando.

— Até quando? - Perguntei, incrédula. — Não posso esperar até chegar ao ponto em que eu vou precisar pedir favores aos outros. Durante dois meses, não teve um dia em que eu não passei horas nas ruas procurando um emprego, Meg. - Inspirei profundamente, tensa. — E você sabe o que me dizem? "Entraremos em contato" e, adivinha, nunca entram.

A morena possuía as sobrancelhas arqueadas, pensando cautelosamente sobre o que dizer.

— Me desculpe. - Suspirei. — Eu não queria explodir assim. E você não vai deixar o seu emprego para voltar a essa vida podre. Eu pararia de falar com você se fizesse isso e, sim, é uma ameaça. - A encarei séria.

— Eu vou fazer o que estiver ao meu alcance por você, Angel. - Meg possuía um tom de voz sereno, que me fez abrir um pequeno sorriso. — Mas você é uma grande cabeça-dura. Não aceita o meu dinheiro, não aceita que eu vá com você, não aceita que eu falte o trabalho para cuidar do seu irmão. Como você quer que eu te ajude? — Nesse momento ela parecia indignada.

— Como ela vai ajudar, eu não sei. - Arregalei os olhos ao ouvir um tom de voz masculino - porém, afeminado - e escandaloso ecoar por meu quarto. — Mas eu vou ajudar levando as duas para uma noite de farra. — Abri um largo sorriso ao ver Peter.

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