19. Hidden Side

3.2K 185 659
                                    

nyc, nova york.
2 de outubro de 2019.

j u s t i n b i e b e r

Eu me encontrava parado em meu escritório, segurando um copo de whisky enquanto a outra mão estava em meu bolso. Observava a noite que chegara sem que eu me desse conta e, com ela, a chuva que, a cada segundo, tornava-se mais intensa. Eu mantinha meu olhar fixo nas avenidas, sempre movimentadas. Sempre fui um observador.

Suspirei, virando em minha boca o resto do whisky que havia sobrado no pequeno copo em minha mão. Coloquei-o sobre a mesa atrás de mim e apoiei o peso de meu corpo na mesma, cruzando os braços para voltar a observar o fenômeno da natureza que mais me instigava.

Temia não conseguir voltar para casa. Eu estava acostumado a ser um dos últimos a deixar o prédio, mas havia exagerado. O tempo passava, a noite aumentava, tal como a chuva. Se me perguntassem, há dois meses, sobre passar um dia fora de casa, diria que é o melhor prazer da vida.

Não mais.

Embora minha relação com Amber não tenha mudado tanto, eu aproveitava o máximo possível o meu tempo com Elizabeth. Não tinha prática alguma em dizer "querida, cheguei" em suas brincadeiras de casinha, tampouco sabia interpretar uma Barbie em seu chá da tarde. Mas estava tentando.

Talvez meu lado humano estivesse, após tanto tempo, dando sinais de existência.

Eu o temia.

— Justin? - Ouvi uma voz feminina murmurar no interior da sala, atrás de mim. Me virei.

Angelina.

— Ainda não foi para casa, Angelina? - Franzi o cenho, voltando à minha posição anterior. — Bem, agora não vai mais. - Brinquei, soltando um riso nasal.

— Eu... Eu precisava terminar de organizar a sua agenda semanal e algumas planilhas. Vim perguntar se já posso ir. - Seu tom de voz ainda era baixo. Por um segundo, notei sua voz trêmula.

— Vai ser carregada pela água antes de chegar ao ponto de ônibus. - Cruzei os braços, ainda sem encará-la.

Sua resposta não veio. Franzi o cenho, estranhando. Com o silêncio instalado entre nós, meus ouvidos captaram os baixos sons de seus grunhidos e aspiros. Me virei, afim de me certificar que ela estava bem.

Estava chorando.

— Angelina? - Chamei, confuso.

A loira não havia me respondido. Não por falta de educação ou porque estava brava comigo, mas porque não era capaz. Caminhei em direção à Angelina, notando a extrema rosácea de seu nariz e suas bochechas conforme me aproximava.

— Ei. - Murmurei, levando minha mão à uma de suas bochechas vermelhas e molhadas.

Essa provavelmente seria uma boa hora para saber como consolar alguém.

— Angelina. - Chamei serenamente, afim de acalmá-la. — Pare de chorar. - Apelei, sem saber ao certo o que fazer.

Suspirei, levando minha mão livre à nuca. De repente me lembrei dos momentos em que Elizabeth chorava quando bebê e eu não tinha a menor ideia do que fazer.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora