Um grande carvalho ergue-se em frente dos meus olhos, deixando um pequeno banco de jardim na sua zona de penumbra levemente iluminado por um candeeiro. O luar e as estrelas sumiram, deixando o céu num incrível buraco negro. Vários vultos negros, semelhantes a espíritos, passam por mim deixando-me alguns gritos agudos e horripilantes. Olho em volta tentando perceber o local onde me encontro, mas em vão. Nada disto me é conhecido, sinto-me perdida enquanto todos os fantasmas voam à minha volta. Dou um grito agudo e viro-me abruptamente quando um espirito passa diante de mim e sobressalta. Por baixo do pequeno candeeiro de rua, avisto-o, sentado no banco de jardim. As suas roupas são normalmente negras, apenas dando oportunidade de definir o seu cabelo igualmente negro e os seus olhos desumanos. Ele olha-me de forma distante, sem um sorriso no seu rosto, apenas uma expressão de pedra sem qualquer tipo de emoção.
Engulo em seco e tento recuar, mas as sombras viajantes não me permitem e empurram-me mais para a frente, aproximando-me da figura ameaçadora que arrecadou um sorriso lascivo na sua cara enquanto o brilho de frieza prevalece no seu olhar.
-Não, por favor não!- Eu grito, tentando libertar-me do aperto inconsciente das almas carentes que me atiram para as garras da morte. O sorriso de satisfação de Aaron cresce à medida que me vou aproximando mais e mais, por muito que eu tente lutar contra estas forças surreais.
- Julgavas que isto acabava tão facilmente Summer?- Profere venenoso.- Pensavas que eu não me iria vingar de tudo? Que tudo iria ficar em branco?- Ele inquere à medida que me aproximo.- Achas-te por meros momentos que não irias acabar como eles? – Ele aponta para trás de mim, fazendo-me arregalar os olhos quando vejo as figuras da minha família em forma de espirito. A minha mãe, o meu pai, o meu irmão, o Ashton…
-Não,não, NÃO!
-Summer acorda por favor…SUMMER!- Os meus olhos abrem-se subitamente, encarando um extenso azul oceano preocupado. – Calma, foi só um pesadelo.- Ele abraça-me reconfortantemente, deixando a minha cara pousada sob o seu ombro, enquanto agarro firmemente a sua camisola e tento acalmar o meu coração e a minha cabeça. Alguns minutos se passam até a minha respiração se tornar normal e os seus braços abandonarem o meu corpo.- Estás mais calma?- Ele pergunta com uma voz de veludo. Eu assinto levemente com a cabeça.- Tens certeza?- Ele fita-me perscrutando o meu olhar. Eu torno a assentir, não encontrando palavras. Ele larga um suspiro e afasta levemente um cabelo da minha face, prendendo-o atrás da minha orelha.- Foi só um pesadelo. Tu estás bem agora.- Profere numa tentativa de consolo.- Dorme, bem precisas.- Ele dá um pequeno sorriso e levanta-se vagarosamente, abandonando o quarto.
-Obrigado.- Eu digo assim que a porta se fecha. Deixo-me encarar a porta por algum tempo, antes de voltar ao leve conforto dos edredões. Ele ajuda-me indirectamente. Mas não há alguém que me possa ajudar a superar todas as minhas perdas. Mesmo tendo passados oito anos. Não é o suficiente. Nunca será o suficiente. E vê-los assim, tão estranhamente assustadores, transformados em espíritos ambulantes é algo de arrasador e absolutamente abalador. Um sonho horripilante, muito mais do que qualquer outro.
Deito a cabeça nas almofadas, mergulhando nos cobertores e tento afugentar o medo de sonhar outra vez com as mesmas coisas horripilantes e apenas descansar.
Tudo parece ser branco quando abro os olhos. Tudo simples e luminoso. Um floco branco cai-me na minha palma aberta, derretendo sobre a mesma e caindo no chão espelhado. Parece cristal. Um cristal frágil que parece cair a qualquer momento e que apenas se encontra fixo por alguma misera força.
É estranha tanta claridade. Tanta pureza e brilho.
Rodo lentamente sobre os meus pés, até parar numa das imagens mais belas que eu já teria visto.
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Stay ➵ N.H
Teen Fiction-Ela apenas desejava que alguém fosse o ficar de que precisava.-