Fifteen

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Noite. Uma palavra com apenas cinco letras, mas com nenhuma definição encontrada.
Fria, gélida, escura, tenebrosa e silenciosa mas, afinal, o que é a noite?
Não faço ideia.

Imergida na escuridão da noite, dou por mim sentada no cercado principal. Contemplo as estrelas visíveis e sorrio levemente.

Agora são cinco estrelas. Cinco pontos brilhantes que visam iluminar o meu caminho. Ou pelo menos algum ponto de conforto e desabafo quando preciso. Sinto-os tão perto mas ao mesmo tempo tão longe.

- Vocês sabem que nunca os irei esquecer independentemente do que acontecer, certo?- Proclamo para o céu, ainda que não obtenha respostas aparentes.- Gostava de vos ouvir. Gostava de saber o que pensam da pessoa em que me tornei. Gostava de ouvir os vossos conselhos. Gostava que me mostrassem o caminho mais correto. Gostava que me respondessem a tantas questões.- Mordi o interior da minha bochecha.- Vocês sabem o que se passa na minha vida. Sabem que pessoas me rodeiam, sabem se são boas ou pérfidas... Vocês podiam dizer-me quem são as pessoas na verdade. O loiro, por exemplo. Desejava entende-lo e perceber o seu feitio duplo, queria de saber o que se passa na sua vida.- Confidencio.- Tenho tantas questões e tão poucas respostas.- Suspiro.

Ambicionava poder fazer a imensidão de perguntas que tenho e que alguém respondesse a todas ou, pelo menos, à maioria.

O som reconhecido pelos meus ouvidos ecoa através do espaço envolvente para depois um carro aparecer na entrada. O roncar do desportivo Land Rover é perfeitamente reconhecível. Observando que são cerca de duas da manhã neste momento, não acho normal ele chegar tão tarde. De qualquer maneira, ele sempre o faz, pelo menos nos dias em que estou aqui.

A sua figura oculta pela escuridão abandona o veículo e, antes que este chegue a casa, um vulto aparece.

-Tu não mudas, pois não?- Uma voz de grito em tom de sussurro repreende.

-O que estás aqui a fazer?- Retalia bruscamente.

- Abrir-te os olhos.

-Mais uma tentativa falhada.- Sentia-o sorrir cinicamente.- Deixa-me em paz.

- Deixar-te em paz para quê? Para continuares com a tua vida de merda?- Atira.

- Não te metas caralho!- Grita-lhe.

- Oh não, espera eu já sei! É para ires ter com a Australiana não é?- Fala, irónica.

-Vai-te fuder.- Ruge e começa a afastar-se.

- Tu sabes que é verdade Niall. Mas tu vais arrepender-te! Tu vais arrepender-te de tudo o que fizeste. A mim e a toda a gente.- Ela grita-lhe.

-Fode-te caralho!- E o único som que se ouve é a porta da entrada a bater violentamente. Provavelmente deve ter acordado alguém com o estrondo.

É a segunda vez que ouço conversas estranhas entre o Niall e outras pessoas. E, por ironia, ouço tudo e ninguém me descobre. Até porque não é propriamente normal estar cá fora a meio da noite.

Eu não sei se algum dia irei, por ventura, descobrir todo o passado oculto pelas facetas do Niall. Mas sei que ele esconde algo.

Um enigma, um mistério, uma história.


Stay ➵ N.HOnde histórias criam vida. Descubra agora