Seven

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O vento arrasta os meus cabelos enquanto eu observo Sunlight andar à guia.
Ele está a ficar velho, eu sei disso. Custa saber que o seu tempo aproxima-se cada vez mais do fim. Ele enfrentou tudo comigo, foi o único que esteve lá para mim mesmo quando tudo parecia estar a desmoronar-se

Os poucos anos que lhe devem restar são reduzidos, demasiado reduzidos.

-Summer.- A voz de Kayla desperta-me dos pensamentos e eu abrando o passo de Sunlight, recolhendo a guia.

- Hey.- Sorrio à morena que se faz acompanhar do garanhão negro.

-Se estiveres disposta, posso mostrar-te um trilho fantástico.- Ela oferece.

-Vamos a isso.-Sorrio.- Dá-me apenas dois minutos para arrear o Sun.- Ela assente em compreensão. Transporto o meu cavalo até ao paddock, equipando-o rapidamente e montando-o de seguida.

- Feito.- Ela sorri e ambas incitamos os cavalos que arrancam num galope suave por entre as ervas verdejantes. Ela corta por um acesso na floresta, irrompendo nos bosques num galope agradável.  Sunlight começa a aumentar a passada, acompanhando o garanhão negro.

- Isto aqui é lindo.- Falo alto para que Kayla me ouça.

-Muito.- Ela retorque animadamente.

O trilho começa a estreitar e ambas abrandamos, passando de um galope despreocupado para um passo calmante.

-É um pouco diferente dos desertos australianos, não concordas?- Inquere.

-Muito mais verde.- Rio levemente.- O clima aqui é mais frio e húmido.- Ela assente em concordância.

-Porque é que deixas-te a Austrália?- Questiona.

-Emprego.- Respondo breve.

-Eras campeã equestre.

-Era.- Afirmo.

- Porque desististe?

- Ironia do destino.

-Porque desististe de algo de que gostavas?- Insiste.

- Ironia do destino.- Repito a minha resposta anterior.

- Não sentes falta do lugar onde cresceste? Quero dizer, viver aqui, do outro lado do mundo, num habitat completamente diferente...

- Eu gosto de coisas diferentes... Acho.- Encolho os ombros levemente. - Considero que me enquadro melhor aqui.

- Então, não gostavas de voltar?- Ela não parecia intrometida, apenas curiosa e, por muito que as suas questões me estivessem a incomodar, limitei-me a manter a minha mente tranquila.

- É claro que eu quero voltar, afinal, foi onde cresci.- Disse, honestidade nas minhas palavras.- Gostava de voltar um dia, mas não por agora.

- Hum...- Murmura.- Não tinhas família na Austrália?

- Tinha e tenho.

-Porque os deixas-te?

- Talvez um dia saberás, não é o meu tema de conversa preferido.- Assente, não falando mais sobre o assunto em questão.- Sempre viveste aqui?-Pergunto, numa tentativa de retirar as atenções da minha vida.

- Sim, bom eu nasci em Cork mas sempre vivi aqui desde que me lembro. Eu, a minha irmã e o Niall andamos juntos na escola e os nossos pais eram grandes amigos. Os Horan deram-nos esta oportunidade.

- Isso foi mesmo bom para vocês, suponho.- Observo.

-Sim foi. Tanto eu como ela sempre quisemos algo relacionado com este mundo. Com este trabalho temos a nossa vida estável e isso é óptimo.

- É ideal quando temos futuro na área de que gostamos.

-Sim, de facto é.- Desvia o seu olhar para o relógio no seu pulso.- Tenho de ir ou chego atrasada.- Resmunga.- Vens?

-Eu vou ficar por cá.- Ela assente e vira o seu cavalo, afastando-se num trote largo.

Prossegui caminho, com Sunlight num passo confortável enquanto observava as arvores que se erguiam até ao céu nublado.

- O que estás a achar da Irlanda até agora Sun?- Indago, recebendo um resfolegar em resposta. - Eu também.- Concordo.

É costume falar com o meu cavalo como se fosse o meu melhor amigo. Até porque, de facto,  ele é. Nele tenho certeza de que posso confiar.

Entre pensamentos profundos e à medida que avança-mos na floresta, as árvores começam a dissipar-se e noto que chegamos a uma clareira.
No meio do espaço aberto e no silêncio absorvente que me transmite paz de espirito, eu fecho os olhos e paro Sun enquanto tento expulsar os demonios corrosivos da minha cabeça.

-O que estás aqui a fazer?- Uma voz assusta-me, a mim e a Sun que dá um tirão. Tento controlar o animal assustado, sentindo o meu coração bater freneticamente no meu peito enquanto luto para acalmar Sunlight.

-Calma Sun, calma.- Tento tranquiliza-lo.- Calma, Calma. Shhh-  Acalmo-o e ele pára, tranquilizado pela minha voz.

O meu peito sobe e desce descontroladamente e o meu coração bate de forma intensa no meu interior. Respiro fundo, tentando que o ar frio me acalme.
Viro-me para o local de onde a voz proveio, sentindo a  raiva florescer nas minhas entranhas, sendo possivel ouvi-la borbulhar nas minhas veias.

- Tu não podes ter noção dos teus atos.- Exaspero enervada para o rapaz loiro que me olha com cara de pau, do cimo da sua égua.

-Desculpa se não te assustei mais ao ponto de caíres. - Deu de ombros e sorriu irónico.

-Tu não tens mesmo a noção.- Reclamo, cada vez mais enervada.

Uma pontada forte no meu peito segue-se de uma outra e eu aperto o local dorido com força. O meu coração bate diversas e repentinas vezes aleatórias e eu apenas perco a noção dos meus pensamentos.

N.a- Uma coisa interessante, cronica real:

Bom dia 31 eu fui fazer uma madeixa azul. Mas em vez de ficar azul ficou nada mais nada menos do que... isso mesmo, VERDE. 

Azar? yah. Se tenho vontade de matar alguem? urgh sim, muita! Quero dizer, o meu cabelo parece que foi vomitado por um broculo.
Enfim, não sei porque estou a partilhar isto com vocês (visto que nem se devem dar ao trabalho de ler) mas eu gosto de fingir que sou social.

Stay ➵ N.HOnde histórias criam vida. Descubra agora