Fifty Seven

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-Não Faças Isso.- Uma voz pousada ecoa por toda a habitação.

A sua voz capta a minha atenção fazendo-me despertar da minha idealização da morte. Toda a minha atenção se foca na criatura que, firmemente se encontra na entrada da divisão. Ele avança num passo decidido e vagaroso, aproximando-se quer de mim quer das duas pessoas doentias que infestavam o ar.

-Kayla?- Ele soa levemente surpreendido quando realmente encara a mulher de arma em punho a meu lado.

- Parece que finalmente ganhas-te bolas para vires arcar com as consequências dos teus actos.- Aaron fala.

-Eu sempre as tive.- O loiro afirma friamente, fixando o seu olhar ausente no homem.- Eu sempre assumi as consequências de tudo o que fiz. Já de ti, não se poderá dizer o mesmo.

-Deixar a tua namorada vir até aqui, quase atira-la para as garras da morte é uma otima maneira.- Diz ironicamente.

Isto foi provavelmente a minha confirmação de que ele realmente tem ideias de acabar comigo.

-Eu não tenho qualquer dedo nisto. Se esta pessoa desprezível veio até aqui e perder a sua vida por motivos estúpidos a escolha foi sua.- Diz abstraidamente.

-Desprezível Niall? É essa a tua descrição para a tua namorada?- Aaron provoca.

-Ela não é nem nunca foi minha namorada. Ela não passa de mais uma rapariga.- Comenta indiferente, no seu tom gélido. O meu coração vacila, não querendo acreditar nas suas palavras.

- Tu vais dizer-me que não sentes nada quando eu faço... isto?- Ele puxa o meu cabelo fortemente, apanhando-me desprevenida e fazendo-me vociferar de dor.

-Não.- Niall responde sem vacilar. Eu sinto os olhos queimarem, não por dor física mas pela sua frieza. Eu sabia que ele iria passar a odiar-me. Mas saber e ver são duas realidades bem distintas.

-Não sentes nada? Nem que eu faça...- A sua mão embate violentamente na minha cara, fazendo-me gritar de dor novamente. A minha bochecha arde intensamente.- isto? Nada disto te afecta Horan?- Ele questiona ao loiro, que mais uma vez nega tudo.- E não te afecta se eu fizer...- E antes que ele pudesse terminar, Niall retira a sua arma do cós das calças e aponta diretamente à cabeça de Aaron.

-Se voltas a tocar-lhe eu juro que te mato.- Cospe. E eu poderia sentir uma sensação, alivio talvez, percorrer as minhas entranhas.

Ele não me odiava, ou pelo menos ainda se preocupava comigo. Isso só por si já é reconfortante.

-Eu pensei que não te importasses com ela. Ela não é o ser "desprezível"?- Ele provoca venenosamente.

-Deixa-a ir. Tu tens-me a mim. Mata-me a mim, não a ela.

-Mas tu estás louco?- Kayla grita, pela primeira vez desde que ele chegou.

-Niall não faças isto. Deixa simplesmente que ele faça o que tem a fazer.- Interrompo, e pela primeira vez o olhar dele focasse realmente em mim. Os seus olhos perdem a frieza e tornam-se no manto azul que eu tão bem conheço. Esta é a versão do Niall que eu tenho vindo a conhecer.

- Eu não posso deixar que tu leves a única pessoa que me conseguiu fazer realmente feliz.- Ele diz para Aaron.- Tu não podes sacrificar alguém inocente apenas porque me odeias. Vinga-te em mim, mas deixa-a livre.

-Niall não.- Eu corto-o.

-Não lhe dês ouvidos Aaron. Ela não passa de uma miúda, o que tu ganharias em mata-la quando me tens a mim ao teu dispor? Dá-me um tiro, esfaqueia-me... o que tu quiseres. Vinga o teu desejo sádico.- Ele encoraja.

Stay ➵ N.HOnde histórias criam vida. Descubra agora