Capitulo 04

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No dia seguinte...

Maria Clara entrou na sala do pai, logo tendo a visão do homem compenetrado em seus afazeres diários. Comendador era meticuloso em seu ofício, nada passa batido aos seus olhos exigentes.

— Comendador —  ela parou a frente da mesa com um tablet nas mãos. 

Zé tirou os óculos e direcionou a atenção à filha.

— Diga, Clara.

— Olha só, eu não deveria nem estar aqui falando com você, que dirá te alertando de qualquer coisa— ela se sentou — Mas você já viu isso?— Clara estendeu o tablet para ele.

Zé colocou novamente os óculos e começou a ler a primeira notícia estampada em letras garrafais.

A notícia dizia: "MAURÍLIO FERREIRA É O NOME DO MAIS NOVO HOMEM DAS JÓIAS". Será que o todo poderoso Homem de preto será desbancado de seu pedestal?

— Mas é impressionante como esse Téo espalha notícia falsa— Ele pareceu não se importar muito com o peso que o tal título da notícia carregava.

— É só isso que você tem para falar?

— E oque você quer que eu diga, Maria Clara? Tá na cara que isso aqui é mais uma picuinha falsa daquele jegue do Téo Pereira para me infernizar.

— Mas acontece que não é. É verdade mesmo. Não está só no blog do Téo, está em tudo que é site pai. Eu já ouvi a fama da família Ferreira, eles são poderosos lá fora, tem marca no mercado. Isso é preocupante pra gente!

— Não acho. Eu me garanto, Maria Clara. Ele pode ser muito bom lá fora, ou até tentar abrir uma joalheria aqui no Brasil como diz a matéria, mais acima da Império, nenhuma outra está.

Maria Clara levantou as sobrancelhas, em sinal de concordância. 

— Ok. Se você não se importa mesmo, não sou eu que vou te fazer acreditar em nada. Agora me dê licença.

Zé acompanhou a filha com os olhos até ela sair da sala.  O clima entre eles não era dos melhores, mas também não era para menos.

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— Nossa, mas madrugou na minha porta, foi?— Maria Isis reclamou ao ver a mãe tão cedo já em sua porta.

Magnólia torceu os lábios e entrou toda pompa como sempre. Vestida num vestido amarelo e jaqueta jeans.

— Isso lá é jeito de tratar sua mãe? Que mal humor todo é esse?— ela se sentou numa poltrona de frente pra filha.

Maria Isis bufou mexendo nos cabelos ruivos.

— Comendador, mãe. Oque mais poderia me causar essa irritação toda?

— Oque foi dessa vez?

— O de sempre, essa lenga lenga de que a Marta não quer se divorciar, que a Marta isso, que a Marta aquilo. Inferno. Eu estou cansada de viver só nesse apartamento. Eu quero mais mãe, muito mais. Cansada de ser a amante anônima, escondida. Porque ela pode ter tudo e eu nada?— A garota demonstrou toda a indignação com aquela situação toda.

— E você vai ter tudo. Pega uma barriga dele, um filho logo. Só assim. 

— Ah, e você acha que não estou tentando a meses fazer isso? Toda vez que a gente vai transar ele põe a camisinha sempre. Não sei mais oque fazer…

— Mas eu sei. Fura as camisinhas sem que ele veja. Resolvido.

Maria Isis olhou para a mãe como se tivesse achado a solução para todos os problemas.

— Ótima ideia.

— Cola na minha que é só sucesso — Magnólia piscou e riu pra filha.

— Escreve oque eu estou te dizendo: eu vou conquistar tudo oque é da Marta. Tudo! Eu vou ser a nova Imperatriz. Daqui a pouco tempo eu vou estar na capa das revistas, colunas sociais, jornais, blogues. Vou ter as casas, prestígio, fama, as jóias, a mansão, carros, dinheiro e tudo oque aquela vaca tem — Ela possuía decisão e ódio na entonação da fala.

— É assim que se fala — Mongólia se encheu ao ouvir aquilo.

Muito diferente da novela, Maria Ísis não era tão inocente como parece ser. Ela traçava planos, estratégias e esquemas para estar no lugar mais alto na vida do comendador. O lugar de Marta.

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Já era tarde da noite. A mansão dos Medeiros estava silenciosa, nem um ranger dos móveis se ouvia por ali. E no escuro se encontrava o homem se preto, imerso a todo tipo de pensamentos, tentando achar um que desse a resposta de por que Marta ainda não havia chegado em casa. Até que a porta principal se abriu, revelando a mulher dos olhos azuis cantarolando baixinho algo que não dava para ouvir.

Sem notar a presença do marido ali, ela tirou os saltos e os pegou, caminhando até a escada.

— Olha quem chegou. Achei que fosse ficar mais tempo na esbórnia — Ele manifestou sua voz potente, fazendo a mulher parar no segundo degrau da escada.

Marta se virou e sorriu ironicamente, refazendo o caminho até parar na frente dele.

— Não me lembro  de ter que te dar satisfações da minha vida. Agora deu pra ficar feito uma coruja velha noturna pelos cantos da casa?

— Somos casados, Marta.

— Ah, agora somos casados?— ela demonstrou uma leve cara de espanto.

— Eu não estou brincando Marta. Não testa a minha paciência. Onde você estava até a essa hora da noite?

— Não te interessa, Zé — Ela desafiou ele com o olhar — Quer dizer que você me trai, arruma outra na minha cara, e agora quer que eu te diga aonde eu vou ou deixo de ir? Faça-me um favor, Zé. Agora me dá licença que eu vou tirar meu sono da beleza.

Zé fez aquela típica cara de quem iria entrar em erupção em poucos minutos. 

— Você estava com outro?

De costas, Marta sorriu ironicamente. E pensando bem rápido, ela percebeu que poderia usar aquela pergunta dele a seu favor.

— E se eu tivesse? 

Ele começou a rir em deboche. 

— Você? Com alguém? Que piada, Marta.

— Piada por que? Você acha que só você pode arrumar alguém? Eu também posso! E posso muito. Talvez encontrar minha alma gêmea. 

— Alma gêmea? Marta...— ele riu ainda mais ll— para sua idade não existe mais alma gêmea, a alma já foi.

— Acontece, meu querido, que o mundo não gira ao seu redor. Você vai pagar de todas as formas por ter me traído — Ela explicou de forma calma, enquanto penetrava seu olhar azul no dele e mexia calmamente na gola do terno dele. 

Zé não pôde negar que do jeito que ela falou, carregou uma verdade grande. Lhe fez perder até o sarcasmo.

— Agora eu vou dormir — se retirou.

Querendo ou não, Zé teve que engolir em seco aquela fala de Marta que deixou algo no ar. Ela estava ou não com alguém? Aquela possibilidade começou a queimar feito água fervendo dentro do homem de preto.




Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora