Capítulo 45

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— Marta...Clara, deixa eu falar com a sua mãe — Zé pediu ao entrar no quarto de Marta porta a dentro.

— Vê se pelo menos você consegue convencer ela a desistir dessa loucura — Clara saiu fechando a porta.

— Se vai seguir o pedido da sua filha, é melhor nem começar a falar — Ela disse arrumando o cabelo para trás da orelha.

— Marta, eu não estou brincando. Leve a sério essa situação, por favor.

— Mais a serio do que estou levando, Zé? Eu admito que não a melhor das avós, mais a criança é minha neta. E eu a amo assim como o Alfredinho. É meu sangue, e se eu tiver que ficar no lugar dela, eu vou ficar —  Ela disse convicta.

Zé sabia que quando Marta colocava algo na cabeça, ninguém tirava. Ela não voltava a atrás. Mesmo que a expressão dela transmitisse calma, Zé sabia que não era isso.

— Meu amor — Uma mão de Zé a segurou pela cintura e a outra ele colocou o cabelo dela para trás da orelha — eu sei que mesmo fazendo papel de durona...

— Ah, e você é um doce de pessoa! — Ela ironizou.

—...como eu dizia. Eu sei que você está pensando na martinha e na família, mais é arriscado demais. A Isis é completamente maluca, Marta. Vai saber oque ela vai fazer com você lá sozinha com ela.

— Eu sei de tudo isso. Mais você não vai me convencer a não ir. Eu vou, José Alfredo!

— More than hell, Marta. Minha vontade é de te amarrar no pé da cama.

Marta riu em sarcasmo.

— Isso não tem graça, Zé. Eu vou e ponto final. Mesmo que eu não volte...— Ela disse em tristeza.

Ela ia passar por ele, mais foi segurada pelo braço. Voltou alguns passos para trás e o encarou. O comendador segurou o rosto dela e a beijou como se realmente fosse a última vez que iriam fazer aquilo. Prendeu o corpo dela em seus braços, sem qualquer chance de deixá-la ir, mesmo que brevemente. Ao final, ela acaricou o rosto dele com o seu. Marta mordeu o lábio inferior e abriu os olhos. Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

Aquilo deu um nó na garganta de Zé.

— Se você chorar eu vou ficar pensando o pior disso tudo — Ele disse baixo, ainda segurando ela em seus braços.

— Até eu já estou pensando o pior, Zé — Ela limpou os lábios dela que ficaram molhados do beijo.

— Da licença — Du disse ao aparecer na porta — Dona Marta...

Logo atrás estava Lucas.

Marta enxugou os olhos.

— Oi, Du.

A menina entregou Alfredinho nos braços de seu marido e abraçou Marta. A imperatriz retribui, causando uma cena de comoção aos presentes.
Zé pegou Alfredinho do colo do filho ao perceber que o mesmo também queria abraçar a mãe.
Aquilo desarmou Marta, a impossibilitando de dizer qualquer coisa.

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Já passava um pouco das onze, e o vendo forte vindo do mar trazia uma brisa fria. Mas Marta e Eduarda esperavam ansiosas por algum sinal da parte de Isis. Até que pela pista do canto, um carro todo preto deu seta para encostar.  Parando frente a elas, o vidro abaixou. Da porta traseira, saiu uma moça vestida de branco, era com certeza uma bada, e em seus braços estava Martinha, que dormia tranquilamente.

— Minha filha...— o desespero de Du fez com que ela fosse rapidamente até a filha.

Da porta do motorista saiu um homem alto, todo de preto, que carregava uma cara de mal.

— Martinha — Marta ia junto com Du pegar a criança, mais o homem que saiu de dentro do carro, a impediu.

— Ei, você — O homem mal encarado chamou por Du — Pega criança e some, vai. Anda, anda.

Du olhou para Marta e os olhos da imperatriz devolveram aflição.

— Vai, Eduarda — Ela mandou.

— Deixa ela vir comigo,  por favor — Du pediu ao homem que nada respondeu, apenas colou Marta entrou do carro, entrou pela porta do motorista e saiu deixando Marcas de pneus pelo asfalto.

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— Meu amor —  Lucas correu até Du assim que a viu entrar pela porta com Martinha no colo.

O rapaz pegou a filha nos braços e acolheu a criança adormecida em seus braços.

—  E Marta? —  Zé perguntou.

—  Infelizmente ela foi —  Du lamentou.

Clara e Josué se olharam. Dando a entender que precisavam falar um com o outro. Ela foi na frente, indo em direção a cozinha. Logo atrás ele apareceu.

— Você conseguiu? — Josué perguntou com cautela no tom de voz.

— Consegui —  Ela mostrou uma caixinha preta vazia nas mãos.

— Ótimo. Eu vou avisar ao delegado.

Todos na sala ainda estavam sem saber oque fazer sobre aquela situação. Martinha já havia sido recuperada, mas agora era Marta quem estava nas mãos de Isis. O próprio comendador em sua infinita "sabedoria" e "valentia" não havia pensado em nada. Porém, sua filha e Josué já estavam anos luz a frente de toda família.

Antes de Marta sair de casa, quando Zé subiu para falar com ela no quarto, Clara estava lá, e foi nessa hora que ela colocou um GPS na roupa de Marta sem que ela percebesse. Com isso, seria muito mais fácil achá-la com a ajuda da polícia.

Notando a ausência de ambos, Zé foi até a cozinha, os encontrando lá.

— Clara?

— Pai, eu e Josué colocamos um GPS na roupa da minha mãe. Ela não sabe disso. A gente vai avisar o delegado, que já sabe de tudo. Falta agora você ajudar a gente.

— E vocês não me falaram nada porque?

—  Não é hora disso, pai. Você está sabendo agora, isso que importa.

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Os olhos de Marta estavam cobertos por uma faixa. Suas mãos estavam amarradas para trás com uma algema. Não poderia fugir, até mesmo porque nao saberia voltar, já que todo o percurso foi feito as escuras por conta de seus olhos vendados.

Marta era guiada por alguém atrás dela, pois essa pessoa segurava onde a algema ligava suas duas mãos. Ela sentiu que chegou, quando foi colocada sentada em algum lugar.

— Será que dá para tirar esse trapo imundo dos meus olhos? Hein? Dá?

Depois de uns segundos de silêncio. Ela escutou passos se aproximando e por fim, Isis tirou a faixa de seus olhos.

— Olá, Marta. Saudades?

Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora