Capítulo 49

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Os médicos tiraram Josué do chão em cima da maca e o levaram para a ambulância. Clara foi logo atrás, estava aflita para saber como Josué ficaria depois de um tiro que era para ela.

O peso da exaustão e alívio saltavam ao olhos azuis carregados de lágrimas de Marta. Seu corpo desejou mais do que tudo um abraço bem apertado de Zé, e foi exatamente oque recebeu dele após pedir através do olhar. Zé acolheu o corpo dela no seu, beijando o topo de sua cabeça. O comendador se afastou um pouco, estudou os olhos dela e beijou sua testa.

— Você está toda machucada, Marta. Eu não devia ter permitido você se sujeitar a isso, my diamond.

— O pior já passou, meu bem. Eu estou bem— enquanto ela  falava, uma pontada fraca veio em sua barriga, mas não foi nada que tomou sua atenção — Da Isis eu esperava tudo de pior. Mas do Maurílio? Não! Eu não esperava nada disso. Ele poderia ter me matado se quisesse. Eu confiei nele, Zé.

— Esse é o nosso problema, Marta. Confiar nas pessoas erradas.

— Dona Maria Marta, com licença. A senhora precisa ir para o hospital —  Uma moça vestida de branco apareceu.

— Ah, não. Não precisa, eu estou ótima —  O seu repúdio a hospitais falou mais alto.

— Vai sim senhora. Precisa sim! —  Zé contra-argumentou.

— Não, Zé. Foram só alguns ferimentos superficiais.  Eu estou bem, falo sério. E além do mas eu...Aí! —  Ela exclamou ponto a mão na barriga de novo.

—  Dona Marta, oque a senhora está sentindo?

— Eu não sei. De repente uma pontada muito forte na minha barriga. Aí! De novo! Eu não estou me sentiu bem —  Ela foi segurada por Zé e logo em seguida desmaiou.

—  Marta! —  Ele a segurou no colo.

— Tragam uma maca, rápido —  A paramédica chamou pela equipe que estava do lado de fora.

Depois de imobilizada, Marta foi levada para a ambulância.

— Oque ela tem? — Zé perguntou aflito, enquanto via os paramedicos colarem diversos fios em sua esposa.

— Nós ainda não sabemos. Mas a pressão dela está muito alta e os batimentos cardíacos estão muito acelerados. Vamos ter que fazer exames, mas só os médicos vão dizer com mais certeza — A moça explicou enquanto arrumava Marta.

A ambulância partiu. Logo atrás estava a de Josué, o comendador pensou que Clara estava com ele e possivelmente estavam indo para o mesmo hospital.

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Novamente e mais uma vez, a família Medeiros se encontrava numa sala de espera de um hospital. Aquele clima de agonia, expectativa e impotência.

Clara, sentada num canto do sofá, observava o vazio. Estava imersa em pensamentos devidos entre sua mãe e Josué.  Já Zé, estava encostado na parede com bravos cruzados e uma face pensativa.

— Josué de Souza! — Um homem moreno, portanto uma prancheta nas mãos, uma caneta no bolso esquerdo do jaleco apareceu, quebrando o silêncio da sala — Vocês são os Medeiros?

— Sim. Lucas respondeu.

— Eu sou o cirurgião Caio.

A filha do comendador logo se levantou num súbito de curiosidade.

— Vocês são parentes dele? — Indagou o médico.

— Ele é meu amigo — Zé se pronunciou.

— Como ele está?— perguntou Clara com a expressão pesada.

Parecia ser de praxe do médico fazer aquele suspense matador antes de dar uma notícia boa ou ruim. Se eles soubessem o quanto os nervos das pessoas ficam à flor da pele com isso, acho que diriam logo.

— Ele precisou passar por uma cirurgia. Mas, felizmente e por muita sorte a bala não atingiu nenhum órgão. Ele só perdeu um pouco de sangue, mas já está se recuperando no quarto —  comunicou o médico.

Clara sentiu como se um peso enorme fosse arrancado de seus ombros de uma só vez. Foi inevitável o sorriso.

— Eu já podemos vê-lo?

— Daqui a uma hora. Por enquanto não!

Para Zé, metade de seu peso havia sido retirado, pois eles ainda não tinham notícias de Marta.

— E Marta, você é o médico responsável por ela? — Zé perguntou.

— Don Maria Marta não sou eu, e sim à doutora Vivian.

Assim que disse o nome da médica, a mesma apareceu.

— Olá, ouvi meu nome — Ela foi gentil — Eu a doutora Vivian, responsável pela dona Maria Marta.

— Bom, com licença. Daqui a uma hora eu retorno — Caio se retirou.

— Como a minha mulher está? — Zé foi direto ao ponto.

— Ela está bem. Só estava com a pressão muito alta e nível de estresse também,  e isso acabou acarretando num desmaiou. O corpo dela estava muito vulnerável para a sua condição.

Ninguém tinha entendido a última frase da doutora. Um ar de dúvida pairou e a médica logo percebeu.

— Como assim, na condição dela? Oque minha mãe tem? É grave, doutora?— questionou Clara.

— Não, não é nada grave não — Ela os tranquilizou — É algo muito bom, na verdade. O senhor é José Alfredo Medeiros, não é?

— Sim, sou eu.

— A dona Maria Marta está grávida!

Por minutos a sala ficou em silêncio absoluto. Talvez todos e não só Zé, estivessem processando aquela notícia tão arrebatadora.

Clara riu.

— Doutora, você tem certeza do que está falando?

— Absoluta. Sei que pode parecer impossível na idade dela gerar um filho, muitos acham isso. O susto de vocês é completamente normal. Mas a saúde fica da dona Marta é impecável.  E segundo os meus exames...— Ela examinou algumas folhas em sua prancheta —...ela está grávida de duas semanas e meia.

— Caraca! —exclamou Lucas completamente perplexo.

— Não tô acreditando nisso — Zé Pedro comentou.

— Pai...— Clara olhou para a fase ainda paralisada de Zé e abriu um sorriso — De tanta coisa ruim, tinha que vir algo bom. Parabéns.

— Grávida? — Ele perguntou atônito olhando para a médica.

— Sim! — a médica segurou o riso — O senhor não sabia?

— Não.

— O senhor quer vê-la?

— Eu posso?

— Mas é claro. Um por vez, por favor. Me acompanhe.

[...]

Outro cenário já conhecido, Zé entrando no quarto para ver Marta. Só que para o seu alívio, dessa vez ela não estava correndo um risco sério de vida. Apenas de ainda estar atônito com a noticia, ele quis saltar de alegria.

A primeira coisa que fez foi abraçá-la e dar um beijo.

— Marta, muito prazer, eu sou a doutora Vivian.

— O prazer é meu. Detesto perguntar isso, mas, os meus exames já saíram? — Ela perguntou.

— Sim. Estão ótimos. E não podiam estar melhor. Tenho uma ótima notícia para você.

Marta encarou Zé, que tinha uma feição mais leve.

— Oque foi?

— Você está grávida, Marta!

Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora