Capitulo 29

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Já era noite no Rio, um dia comum de semana para qualquer família,  porém, para os Medeiros nada estava normal. Sempre que um problema era resolvido, outro aparecia. E agora, como se não bastasse essa bomba chamada Maria Isis, o sumisso de Marta vem para piorar oque já estava ruim. Zé, estava tendo que lidar com Isis entrando em sua vida agora de maneira mais astuta, o sumiço do amor de sua vida, as contas da império e entre outros, sua cabeça estava à milhão.

— Mais não é possível, já está de noite pai. A gente tem que fazer alguma coisa, ela pode estar correndo perigo — Clara disse completamente nervosa e inquieta.

Ela mal parava num só lugar. Todos estavam na sala, cada um tentando achar uma solução para aquilo. Helena e Josué também estavam presentes, não falavam nada diante de tudo oque acontecia.

— Eu sei, eu sei. Eu só não consigo pensar com todo mundo falando ao mesmo tempo. —  ele respondeu, passando a mão nos cabelos.

De onde estava, Helena observava tudo calada.

— Não vai adiantar ligar para a policia sem ter dado vinte e quatro horas ainda, eles simplesmente vão ignorar — relatou Zé Pedro.

— E oque você sugere que a gente faça?—  Ela cruzou os braços e olhou para ele.

—  Esperar até amanhã —  Zé respondeu no lugar do filho.

Todos o olharam, pois por fora ele aparentava estar bem calmo e racional, mais por dentro, apenas ele sabia seu real estado de preocupação com ela.

[...]

Já a noite, Zé, após um banho e vestido em seu pijama (preto) nada convencional, ele se sentou na cama, e olhando para qualquer ponto de seu quarto, ele refletiu, levando seus pensamentos até Marta. Enquanto rodava seu anel no dedo, ele se recordou dela, de seus detalhes, dos anos que perdeu afastado dela, mesmo estando casado e sob o mesmo tempo. Avaliou e deu razão ao fato de que o ser humano só dá valor a algo ou alguém, quando perde, e ele havia perdido Marta, o divórcio foi como uma carta de liberdade para ela. Agora ali, só, ele entendeu o quanto errou com ela durante trinta anos de casados. Deixou que o inimigo entrasse em sua família e o fizesse de refém.

Mais para tudo na vida há um jeito, e para esse problema não seria diferente. Agora, seu coração ansiava por ela, tinha de mentalizar um jeito de acabar com Isis e recuperar Marta de vez. Como? Ele ainda não sabia, mais os planos já começavam a brotar em sua mente.

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Quase ninguém havia dormindo na noite anterior. Muitas especulações do sumiço repentino de Marta, rondavam os pensamentos dos Medeiros. E assim que o dia amanheceu, todos estavam a mesa, e o silêncio e a apatia faziam parte do café da manhã.

— Alguém tem que saber de alguma coisa? Não é possível!— ainda inconformada, Clara se manifestou.

— Também acho, isso esta muito estranho. Se ela não aparecer até mais tarde, vamos avisar a polícia — João Lucas sugeriu.

— Em algum lugar ela tem que estar. Todo mundo tem certeza que ela não deixou nenhum bilhete, um recado, um aviso, sei lá sabe? Qualquer coisa!— Du disse.

— Alguém que saiba de algo, talvez? Ninguém some assim, tem que haver um ponto de partida — Zé Pedro concluiu.

— Eu conversei com a Helena, porque ela foi a última pessoa que conversou com Marta....— Disse Zé.

— E então?

— Ela disse que não sabe de nada!

— Tem certeza? Ela e minha mãe são muito amigas, Helena sabe de coisas que nem mesmo nós sabemos. E se para para pensar, a história está se repetindo, porque quando você forjou sua morte, o Josué era o único que sabia de tudo. Quem garante que a ele não esteja nesse papel agora?

Maria Clara foi incrivelmente perspicaz em sua fala e pensamento. Deixando todos pensativos, inclusive Zé.

— E outra coisa...não estou achando que tenha acontecido algo com a minha mãe, estou achando que ela sumiu porque quis!— Ela acrescentou.

— Como assim, porque quis?— Zé perguntou.

— A mãe estava sofrendo muita pressão vinda de você, pai. No lugar dela, eu também arranjaria um tempo para mim, talvez para colocar as ideias e os sentimentos no lugar — João Lucas concluiu.

Todos a mesa se calaram. João Lucas tinha razão no que disse. Marta estava sofrendo pressão e sofrimento de todo lado. Eles sabiam que ela não era mulher de fugir de seus problemas, mais sabiam que ela era humana, e como humana, provedora de sentimentos, ela teve de se desconectar de todos para recuperar as emoções, e colocá-las em seus devidos lugares.

— Então não vamos avisar a polícia?— Zé Pedro perguntou.

— Não! Eu vou achar a mãe de vocês — Zé sentenciou antes de levar da mesa e se ausentar da companhia dos filhos.

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— Helena?

A mulher, que estava sentada numa mesa de um café, tomando uma xícara do mesmo, enquanto mexia distraída no celular, olhou para trás ao ouvir da voz de Clara.

— Clara? Oi. Como soube que eu estava aqui?

— Dei meu jeito. Precisamos conversar — Ela foi logo se sentando — Eu vou te fazer uma única pergunta, e por favor, não minta para mim.

— Claro, pode perguntar— Ela se mostrou solicita, mesmo já premeditado qual seria a pergunta.

— Cadê minha mãe?

Helena tentou buscar rápido uma resposta.

— Eu não sei, Clara. Seu pai me fez essa mesma pergunta e eu o respondi. Porque logo eu saberia onde sua mãe está?— Ela se fez de desentendida.

— Helena, por favor. Eu sei que você sabe. Só me diz onde ela está, eu prometo que não vou atrás, mais eu e minha família precisamos de um norte. Se não fosse o nosso raciocínio hoje de manhã, nós teríamos chamado a policia, e você já pode inaginar o ibope que isso iria dar. Por favor, confia em mim, me diz pelo menos se ela está bem.

— Clara...

— Helena, por favor.

Após pensar um pouco, Helena não viu mal em responder.

— Ela está bem! Ela sabia que você seria uma que iria procurar por ela e faria isso até encontrar, então, a única coisa que posso dizer, é que; a Agatha Christie sabe para onde ela foi.

Aquela última fala de Helena deixou Clara completamente confusa e sem entender nada. Como  que uma escritora já falecida a anos, saberia onde sua mãe estava?

Agatha Christie era a escritora favorita de Marta, isso tidos sabiam, mais algo não estava batendo.

— Não entendi.

— É só isso que posso dizer. Tchau — Ela se levantou e saiu.

Deixando Clara com um enorme ponto de interrogação pairando sobre sua cabeça.


Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora