Capítulo 14

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⚠️Utilizando da música "Fire on Fire" 👆do cantor Sam Smith para ser ouvido junto à leitura do início deste capítulo. Boa leitura!

Obs: Ah, e quero deixar aqui meu singelo agradecimento por cada comentário e curtida de vocês. Vale muito pra mim, obrigada mesmo❤

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As duas mãos de Marta agarraram os lençóis de sua cama com toda força, numa tentativa de transferir toda a raiva e dor que sentia naquele instante. Ela apertava os olhos enquanto chorava copiosamente, pondo toda a angústia para fora.

Por que tinha que ser assim? Em seu pensamento ela se perguntou. Carinho e amor, era só isso que ela esperava dele. O ajudará tantas vezes, tantas e tantas vezes que demonstrou seu amor. Para que? Nada! A vida toda ela foi como seu filho Zé Pedro, só queria impressionar Zé, e acabava recebendo desprezo, migalhas, desconfianças e "facadas nas costas". E por mais que ela regasse seu ódio por ele, na esperança que crescesse um jardim de rancor e indiferença, ela não conseguia, seu amor por ele ainda estava ali, lutando bravamente, ferido, mais ainda lutando! Oque fazer com aquele sentimento tão puro em um coração tão destruído? Nem ela sabia ainda.

Do lado de fora, no corredor, Zé saiu de seu quarto na intenção de ir a algum lugar, mais algo o fez parar na divisão entre seu quarto e o dela, olhar para a porta, caminhar a passos curtos, erguer uma das mãos numa vontade súbita de bater...mas não o fez! Engoliu em seco, balançou a cabeça negativamente, na tentando afastar pensamentos que pairavam sua cabeça na hora.

Quem o visse assim, poderia até pensar que ele esta lutando contra algo interno. Talvez algo adormecido ou muito bem acordado.

- Porque faz isso com você mesmo? - A voz de Clara fez o pai se virar.- Tá na cara que você ainda gosta da minha mãe, pai! Ela sofre com essa sua frieza, será que você não vê isso?

O comendador desviou o olhar.

- Bom. Não adianta nada eu ficar falando aqui com você. Você não dá ouvidos nem aos seus próprios pensamentos e sentimentos, quem sou, não é?- Ela riu irônica e depois ficou séria.- tenha uma péssima noite.

Entrou em seu quarto e bateu a porta.

[...]

Maria Clara esperou ficar um pouco mais tarde, depois que todos possivelmente já estariam em seus quartos, para ir até o da mãe.

- Mãe. - Ela chamou baixo, dando dois toques na porta, tentado abrir mais se dando conta que estava trancada.- mãe, sou eu Clara.

Algumas tentativas frustradas depois, ela já ia desistir quando escutou a porta finalmente se abrir, revelando uma Marta de rosto inchado e feição completamente diferente. Clara sentiu seu coração partir em milhões de caquinhos, tudo oque conseguiu fazer, foi entrar, esperar ela fechar a porta e a abraçar forte.

Palavras alguma foram necessárias para descrever aquele momento, apenas os olhos e Marta, a carência do abraço já tinha dito tudo.

Clara a levou para a cama, deixando que ela se deitasse, então também se deitou na e fez exatamente o contrário de suas cenas na adolescência, deixou a cabeça da mãe em seu peito e sobre um aconchegante carinho, deixou que Marta chorasse tudo oque ainda faltava para se esvair por completo.

E já cansadas, as duas pegaram no sono.

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Mais Zé, por sua vez, ainda tinha sua mente anuviada por muitos pensamentos e lembranças.

Num momento de devaneios, ele se pegou na seguinte lembrança:

A última vez que teve uma noite de amor com Marta, o jeito como se amaram e de como a paixão estava presente. Os olhares, os beijos e o jeito que só os dois se entendiam na cama.

Porque ele estava pensando naquilo? Se perguntou em pensamento.

Se sentindo "errado" em pensar aquelas coisas, ele apagou o abajur e virou para o lado indo em busca do sono.

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Marta e Carla ainda não haviam se levantado naquele sábado nublado. Mais o homem de preto já estava de pé, mesmo ainda sendo cedo. Tomava sua xícara café preto, forte e amargo na cozinha quando ouviu o primeiro toque da campainha, ignorou. No segundo ele resmungou, já no terceiro...

- Tô achando que pago empregado atoa.- Resmungou pra si mesmo, largando a xícara sobre a bancada e indo atender a porta.

Quando abriu, era um rapaz, trazendo na blusa uma logo de algum lugar que entregava coisas. E era exatamente isso. Ele possuía em mãos uma caixa e um buque de flores.

- Bom dia, aqui é a casa de Maria Marta Medeiros de Mendonça e Albuquerque?- Ele perguntou lendo num pedaço de papel em uma das mãos ocupadas.

- É, sim. E quem é você?- Zé perguntou com desdém e cara de poucos amigos.

- Apenas um entregador. Vim trazer essa entrega para ela, a pedido do senhor Maurilio Ferreira. Ela se encontra?

Zé contraiu o maxilar.

- Se encontra dormindo nesse momento, mais pode deixar comigo que eu mesmo dou a ela. Vai vai, obrigada.- Ele pegou os presentes.

Sem dizer mais nada, o rapaz foi embora.

Zé foi caminhando para a sala com os presentes de Marta nas mãos, e com a curiosidade de sempre, logo focou num bilhete em envelope branco que estava entre as rosas vermelhas. Lógicamente, ele jamais deixaria passar a oportunidade de bisbilhotar e ler oque estava escrito.

Colocou a caixa de veludo azul sobre a mesinha de vidro, as flores também e pegou o bilhete.

"Marta, seus lindos olhos de safira não me saem da cabeça. Eu queria que aquela festa de ontem durasse por mais tempo, para que dançasse-mos juntos mais um pouco. Adorável é a sua companhia e sortudo é o homem que possui a joia rara que você é. Essas rosas são para você, juntamente com a joia que te dei."

- Um abraço, Maurílio.

Zé engoliu a seco o incômodo que sentiu com aquilo. Mesmo que ela não tivesse nada com esse tal Maurílio, tudo indicava que isso não iria demorar para acontecer. E ficava a pergunta pertinente: se meter no meio disso, ou deixar como esta e considerar uma chance para viver de vez com Isis?

Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora