Capítulo 26

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•Marta

Sei que quando sai daquele hospital, eu só queria voltar para a minha casa, me trancar no quarto, tomar um daqueles tarja preta que só o Silviano tem e dormir, dormir até esquecer de todos os meus problemas.

Dormir acreditando que no dia seguinte eu acordaria num mundo colorido e fácil. Mais não foi bem assim...quando cheguei em casa depois de cinco longos dias no hospital, eu mal pude acreditar no que meus olhos viram, eu desejei profundamente voltar para o hospital.

Com a ajuda de Clara, desci os pequenos degraus que dividiam o rol de entrada, da sala principal. Foi quando obtive uma surpresa insuportável e inacreditável. Era ela, a infeliz que tinha destruído minha vida, Isis. Estava sentada no sofá e ao notar minha presença, ela se levantou e me encarou bem nos olhos.

•Autora

Os olhos de Maria Clara pareceram pegar fogo de tanta raiva, iguais aos de Marta e do restante da família.

— Oque que você está fazendo aqui, sua vaganunda?— Clara jogou a bolsa no sofá, enquanto ia com tudo para cima de Isis, mais foi barrada por Lucas.

— Me larga. Anda, me solta — Ela exigiu se debatendo.

No meio da confusão, Zé e Marta se entreolharam rapidamente, e ele sentiu frieza no olhar dela, aquilo doeu.

— Calma Clara, o pior você ainda nem sabe.— Alertou Zé Pedro.

Clara se ajeitou, voltando para perto de Marta, mas mirando um olhar matador em Isis.

— E tem como ficar pior que isso?— Perguntou Clara, irônica.

— Ah, irmãzinha, tem! Quando você ouvir, vai cair para trás — Lucas acrescentou.

— Bom, é o seguinte; em breve, eu venho morar nessa casa, junto do meu futuro marido. E nem adianta me xingarem, nada vai me impedir de vir para cá...não é Zé?— Ela falou com Zé, mais com os olhos em Marta.

— Como é que é, Zé?— Marta pelo primeira vez falou.

— Responde para ela, Zé.

A tortura que Zé sentia por dentro, parecia o esmagar. Antes de dizer, ele encarou os olhos já úmidos de Marta e a mão dela sobre onde estava a recente cirurgia, teve vontade de cuidar dela naquele instante.

— É verdade!

— Eu não acredito no que você está fazendo, Zé...como você pôde? Me fala? Você não mora sozinho, aqui mora a sua família, passamos anos juntos aqui, seus netos, seus filhos, você não vai colocar essa piranha dentro da nossa casa! Tudo bem ter me traído e me feito de burra pela segunda vez, agora colocar ela aqui? Isso já é demais! Cadê a sua consideração pela sua família? Você me prometeu que não iria atrás dela e agora isso?— A voz dela transparecia toda a magoa e dor, e falhava enquanto ela falava, juntamente com suas lágrimas que desciam.

— Nossa, quanto drama, Marta. Acho que isso é a idade— Isis provocou.

— Se você acha que esta ganhando alguma coisa, garota, você está muito engana. Eu vou fazer da sua vida um inferno, de vocês dois. Podem esperar! Você iniciou uma guerra, agora aguenta.

Marta ameaçou antes de subir as escadas.

— Mãe...

— Eu vou sozinha, Clara!

— Bom, oque eu tinha para dizer esta dito. Agora tchauzinho família — Ela foi totalmente irônica ao sair.

Na parte de cima da casa, Marta entrou em seu quarto e trancou a porta, em seguida apoiou uma das mãos na porta, enquanto a outra ainda estava sobre o local da cirurgia. Ele encostou o rosto no braço e chorou.

Agora ambos estavam assim. Dessa vez Zé não tinha culpa, e agora sofriam a falta que faziam um ao outro. E como doía. Estavam sobre o mesmo teto, mais tão distantes. Metros quadrados que viraram um verdadeiro labirinto.

[...]

Já tarde da noite, Marta ainda estava acordada, não conseguia dormir de jeito nenhum, mesmo já tento tomado dois remédios que na verdade nem podia tomar. Estava a  tanto tempo trancada, que aquele ambiente estava a sufocando, precisava sair. Vestiu seu hobby por cima da camisola preta, destrancou a porta e saiu descalça para não fazer barulho, não queria falar com ninguém.

E iria conseguir chegar até a cozinha, mais assim que pôs os pés para descer o primeiro degrau da escada, ela viu Zé sentado na mesma, no segundo lance.  O jeito era voltar, ele era última pessoa que ela queria falar.

O problema é que o assoalho denunciou sua presença ao pisar justo no lugar onde fez barulho.

Na mesma hora ele olhou.

— Marta?

Ela escutou ele falar seu nome, mais continuou andando, só não consegui ir mais rápido por conta da dor que ainda sentia.

— Marta...

— Me deixa em paz, Zé. Eu não quero nem olhar para você, que dirá falar alguma coisa — Ela disse ainda indo em direção de seu quarto.

Ele parou na frente dela. Marta ergueu a cabeça e ele olhou fundo nos olhos azuis dela.

— Oque é que você quer? Hum? Já não basta todo esse sofrimento que você me causou? Ainda não é suficiente, precisa de mais?

— Eu não queria te fazer passar por tudo isso!

— Não queria? Imagina se quisesse! Você é um covarde, nem de homem dá para te chamar. Você foi para cama comigo para depois dizer na minha cara que só fez aquilo por pena? Eu te amei cada segundo da minha vida, e te amei em todas as nossas noites. Tudo oque eu te disse era verdade, nunca fui falsa, o meu amor nunca foi falso, já você, não é Zé?! Você é nojento, bem que você combina direitinho com ela, são dois sem caráter — Marta despejou toda a magoa e ódio que carregava em seu peito, na cara dele.

— Não diga essas coisas, por favor.

— Digo, e digo mais; nunca mais você vai tocar em mim. Todo esse tempo você jogou na minha cara que éramos casados apenas no papel, mais agora, sou eu quem dito as regras aqui, eu quero você fora da minha vida, esse divórcio sai amanhã! E nem tente me fazer de idiota, porque isso não vai mais acontecer. Eu quero que você morra, só que agora, de verdade!

Foi duro para Zé ter que sentir que o coração dela, em relação a ele, tinha virado uma pedra.







Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora