Capítulo 3

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Ele

Valeu muito a pena ter discutido com Loretta a caminho do restaurante, que queria que eu tivesse vindo com minha Lamborghini. Ela odeia carros antigos, ao contrário de Honey que parece mesmo entender do assunto.
Eu planejava pedir o número dela antes que saísse do meu carro, mas ela não me deu essa chance, simplesmente saiu do carro.

Honey ainda não entrou em casa, na verdade está batendo na porta. Ela não tem a chave da própria casa?
Estou me sentindo um maldito stalker aqui vigiando se ela vai ou não entrar, mas realmente fiquei preocupado quando ela disse que andava armada porque algo tinha acontecido com ela.

Mas porque ela ainda não entrou?
Honey fala com alguém pelo celular enquanto anda de um lado para o outro, depois de desligar o celular ela se senta no degrau da entrada da casa e põe as mãos sobre a cabeça.

Será que eu deveria ir lá? Mas já estou aqui a muito tempo, provavelmente vou parecer um psicopata.
Decido finalmente escutar um pouco a minha intuição, saio do carro e vou até ela.

- Você está bem? - pergunto calmamente à uns cinco metros de distância para não assustá-la.
- Estou.. não.. estou, obrigada - diz de uma vez, em seguida olha interrogativamente para mim - o que ainda está fazendo aqui?
- Eu.. queria ver você entrando em casa em segurança - digo baixo e chegando mais perto dela - o que foi? Eu sou um cavalheiro, vai! - brinco, para ver se ela abre um sorriso.
- Sei.. - ela sorri - bom, cavalheiro, não precisa se preocupar, só estou trancada do lado de fora porque perdi minha chave.. minha amiga que divide a casa comigo não volta até semana que vem, na sexta, e o chaveiro disse que só pode me atender a partir das 6 horas da manhã. Conclusão, a única forma de entrar em casa seria eu quebrar a janela, o que eu não vou fazer porque não teria dinheiro para consertar. - ela respira fundo rindo em um tom brincalhão.

Sento à seu lado na escada e me preparo para fazer uma sugestão que, tenho certeza, ela não vai querer aceitar.

- Bom, como sou um cavalheiro.. - pisco para ela - tenho uma alternativa que não se enquadra em você ter que dormir na porta de casa, ou ter que comprar uma janela nova.
- Sou toda ouvidos.
- E se você dormisse na minha casa?
- Você está brincando, não está? - ela se vira para mim.
- Não, eu falei sério. Tenho uma casa de hóspedes nos fundos da minha casa, ela está vazia, você pode dormir lá.

Embora eu também deixasse ela dormir em minha casa principal, acho que seria mais difícil de ela aceitar.

- Mas eu.. você.. por que você faria isso? Nem me conhece - pergunta com suspeita franzindo o cenho.
- Não sei, mas você não me parece uma ladra, assassina ou assediadora de homens. Tirando tudo isso, eu não me importo que alguém durma na minha casa. Você não é nenhuma dessas coisas, é? - brinco.
- Com certeza não sou ladra, mas, matei meu peixinho dourado de fome no ano passado, talvez isso conte como assassinato. Agora, assediadora de homens? - ela ri alto - nem acredito que perguntou isso.
- Primeiramente, matar peixes é um crime grave, mas eu vou deixar passar - sorrio para ela - e, eu não inventei sobre o assédio. - falo sério dessa vez.
- Ah então vai me dizer que você não curte ser assediado? - ela pergunta sorrindo.

Depois que eu comecei a "enxergar" o mundo das garotas, várias delas se aproximavam de mim e me roubavam beijos entre outras coisas, eu não as impedia, porque era bom. Mas com o tempo foi ficando chato, e tinha vezes que isso passava dos limites, então passei a cortar esse tipo de coisa.

- Geralmente não. Uma vez, uma garota.. ela estava bêbada, e obviamente fora de si. Eu nunca teria tesão em uma garota que baixa minhas calças e tenta me chupar na frente de uma festa inteira.
- Nossa - seu sorriso some - eu achei que estivesse brincando. Bom, pode ficar tranquilo, eu nunca assediaria você - ela diz rindo.

Eu não sei se acho isso bom ou ruim. De alguma forma eu meio que queria que ela fizesse isso.

- Au - coloco a mão no coração - essa doeu gata!
- Não foi o que eu quis dizer - ela joga a cabeça para trás, rindo. - é que.. eu já tenho minha cota de problemas, não preciso de mais um.

Então ela quis dizer que ficar comigo seria um problema? É melhor mudar esse assunto.

- Então estamos acertados, você fica na minha casa - sorrio para ela.
- Eu não disse sim - ela sorri.
- Disse que não é uma ladra, assassina, ou assediadora de homens, isso é um sim para mim - eu levanto e estendo a mão para ajudá-la a se levantar - vamos, eu prometo que também não sou nenhuma dessas coisas.

Ela pensa um pouco e então aceita minha mão e eu a ajudo a se levantar.

- Mas eu vou mandar uma mensagem para minha amiga dizendo onde eu estou.. só por precaução - ela diz seriamente já pegando no celular.
- Tenho uma ideia melhor - eu digo tirando o celular de sua mão.

Eu coloco na opção selfie e tiro uma foto de nós dois apertando "enviar" para a amiga dela.

- Para o caso da sua amiga precisar de provas - eu pisco para ela.

Amanhecer AgridoceOnde histórias criam vida. Descubra agora