Capítulo 31

231 15 3
                                    

Ele

- Pai, como você está? - pergunto já atendendo a ligação.
- Fala filho, eu estou melhorando. E como estão as coisas com a sua namorada?

Penso em dizer a ele que Honey está grávida, mas por algum motivo ainda não consigo contar.

- Estamos bem. Quando vou poder ir até aí?
- Ainda não, filho.
- Pai, eu tenho me segurado todo esse tempo porque o senhor está doente, mas tem algumas coisas que preciso saber. Você precisa falar comigo.
- Tudo bem, você está certo. Tem algumas coisas que precisa saber.
- Então eu posso ir até aí?
- Não, mas tem algo que posso te dizer.
- Meu Deus, pai. Fala logo.
- Você tem uma avó por parte de mãe, viva.

Me sento no sofá um pouco transtornado e Honey vem até mim.

- Como assim? - pergunto.

Eu sei que já tive uma avó, vi a foto dela ao lado de minha mãe. Mas com o tempo parei de pensar nesse assunto, afinal, se tenho uma avó ainda viva, por que é que ela nunca veio me procurar? Então tinha deduzido que já tinha falecido. Mas parece que não.

- Ainda não vou te contar a história que você quer ouvir filho, e se quer saber, a sua avó também não saberá te responder isso. Mas posso te dizer onde ela mora, se quiser.
- Claro, pai. Eu.. quero saber.
- Kate mora em Melfort, no Canadá. Ela vai gostar de ver você, eu sei disso. Vou te mandar o endereço e o número dela.
- Kate.. mas.. por que só está me dizendo isso agora, pai?
- Eu não sei. Acho que simplesmente chegou a hora que você saber de algumas coisas. Preciso ir agora, filho, se cuida. - ele termina a ligação.

Meu pai sabe que eu queria saber o que aconteceu no dia da morte de minha mãe e irmão, por que ele continua escondendo isso de mim?
Não consigo imaginar como seria ter um irmão gêmeo. Alguém que estivesse ao meu lado no meio de toda essa loucura. Alguém que dividisse comigo as surras que eu levava do meu pai.
Ainda estou com muita dúvida sobre tudo que meu pai me disse. Como ele poderia ser o culpado pela morte de minha mãe se a amava? Parece que não encontrarei as respostas com minha avó, mas quero muito conhecê-la. Nunca conheci ninguém da minha família, exceto meu pai e quero saber por que ela nunca me visitou. Então eu vou, o que não significa que eu não esteja com medo.

- Você está bem? - Honey pergunta com cuidado.
- Estou. Lembra de eu te dizer que vi uma foto da minha mãe ao lado da minha avó?
- Sim, você encontrou na caixa com as outras coisas da sua mãe.
- Pois é, meu pai acabou de me dizer onde ela mora.
Assim do nada? E por que ele nunca te disse antes?
- É.. eu também não sei - digo sinceramente - mas nós não conversávamos sobre nada antes de qualquer forma.
- E você vai até lá?
- Sim, mas eu queria que fosse junto comigo.

Sei que qualquer coisa que eu vá descobrir por lá, a dor será menor com Honey ao meu lado.

- Amor, é claro que eu vou com você, onde fica?
- Melfort, no Canadá. Mas temos que ir de avião.
- Tudo bem, eu vou aproveitar que tenho uma consulta com a doutora Lauren amanhã e pergunto a ela se posso viajar de avião mas tenho quase certeza que não tem problema.
- Obrigado, amor - sorrio sinceramente.

Duas semanas atrás Honey foi visitar sua mãe. Eu queria ir junto, mas Honey disse que era algo que ela tinha que fazer sozinha e eu concordei. Até porque eu não sei se conseguiria olhar para aquela mulher sem me exaltar, afinal ela não fez nada quando Honey disse o que aconteceu para ela.
Mas parece que Honey a perdoou, em troca de sua mãe ir para terapia. Eu achei uma ótima ideia porque se alguém precisa de terapia, é ela.
De qualquer forma, além de toda essa loucura, Honey veio com uma boa notícia. Chloe está ajudando ela com o restaurante. Estou tão feliz por Honey, queria que fosse eu a ajudá-la mas ela disse que não queria isso porque nas palavras dela "não podemos misturar amor e negócios" e por mim tudo bem, contanto que ela consiga enfim realizar o sonho dela.

Agora.. eu preciso ir atrás de respostas. Preciso ir visitar minha avó.

Amanhecer AgridoceOnde histórias criam vida. Descubra agora