Capítulo 25

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Ele

Honey conseguiu dormir finalmente. Mas eu ainda estou acordado.

Nós ainda não conversamos sobre o bebê. Acho que ela ainda não sabe direito o que fazer sobre essa situação.

Eu quero dar esse espaço para que ela entre nesse assunto quando se sentir mais confortável, mas preciso que ela saiba que independente da escolha que tomar, eu estarei a seu lado.

Honey parece o tipo de mulher que não conseguiria fazer um aborto, mas eu não posso dizer isso porque não sei como é a dor que ela está sentindo. Nem mesmo sei se uma gestação de três meses é muito tarde para se fazer um aborto, mas ela ainda poderia dar o bebê para adoção. Sinceramente, nenhuma dessas alternativas parecem certas para mim. Mas preciso me lembrar que a escolha é de Honey. Ela que deve decidir se quer ou não esse bebê.

Queria tanto ter conhecido Honey a mais tempo. Eu poderia ter cuidado dela. Teria impedido tudo isso de acontecer.

Honey se mexe um pouco na cama e eu me aproximo dela.

Isso acontece algumas noites. Ela tem alguns pesadelos, então eu me aconchego nela e prometo que vou protegê-la para sempre. Assim, ela se acalma e volta a dormir tranquilamente. Nem sempre eu consigo impedir seus pesadelos, mas na maioria das vezes, sim.

Adoro que seja eu quem consegue fazer Honey se acalmar e dormir bem, mas queria que ela não precisasse de alguém para se acalmar. Queria que Honey conseguisse dormir bem sozinha.

Eu já sabia que Honey havia sido estuprada, mas ouvi-la dizer tudo aquilo foi mais doloroso que qualquer coisa que já ouvi. Foi mais doloroso que saber do câncer do meu pai. Embora saber disso também tenha partido meu coração em mais pedaços do que eu possa contar.

Tentei ser forte enquanto ela me contava tudo o que aconteceu com ela, mas a minha vontade era de gritar e quebrar toda a casa e sair com meu carro até achar o desgraçado que a feriu. Mas Honey precisava de apoio, ainda precisa, então eu me mantenho forte ao seu lado.

Já são cinco horas da manhã e eu ainda não consegui dormir.

Decido me levantar e fazer algo para tentar manter a mente ocupada com alguma outra coisa.

Desço as escadas e vou para a cozinha.

Não sei porque, mas cozinhar me acalma agora. Acho que Honey é a causa. Sempre que cozinhamos juntos eu me divirto tanto que esqueço de qualquer outra coisa. Cozinhar acabou virando um refúgio, e apesar de os livros ainda serem meu refúgio oficial, eu não conseguiria simplesmente virar páginas agora, preciso literalmente meter a mão na massa.
É engraçado, porque antes eu cozinhava simplesmente por cozinhar. Mas agora, mesmo cozinhar sozinho se tornou uma forma de manter minha mente sã.

Decido fazer uma torta de maçã, então começo pelos ingredientes do recheio. Pego um quilo de maçãs, um limão, açúcar, canela, trigo, e essência de baunilha.

Começo a fazer a massa e após a assadeira estar forrada de massa e a tampa pronta, coloco o recheio cru sobre a massa na assadeira, tampo com a massa aberta no filme plástico, não esquecendo de unir os cantinhos.

Para finalizar, dou uma pincelada com um ovo batido e levo ao forno.

Aparentemente atingi o propósito de relaxar cozinhando porque agora estou sentindo sono.

Lavo as mãos e coloco meu celular para despertar em cinquenta minutos, que é o tempo que leva para ficar pronto.
Vou até a sala de estar e deito no sofá.

Inicialmente penso nos problemas de Honey e do meu pai, mas aos poucos meus olhos começam a pesar e finalmente se fecham.

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Amanhecer AgridoceOnde histórias criam vida. Descubra agora