Capítulo 27

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Ele

- Você está bem? - pergunto a Honey.
- Estou. É só que.. você sabe.. vamos ouvir os batimentos e ver seu rosto. Não sei se estou preparada.
- Eu sei, mas já adiamos por quase dois meses. Precisamos saber se o bebê está bem então você precisa fazer isso.

Honey faz que sim com a cabeça e olha para o lado de fora da janela do carro.

Entendo que esse momento seja difícil para ela. Afinal, está carregando um bebê que não esperava, não pediu e que não sabe se quer. Mas venho conversando com algumas médicas e elas me dizem que eu já deveria ter levado Honey a uma obstetra a muito tempo. Tem vários exames que precisam ser feitos. Já faz umas seis semanas desde a descoberta da gravidez e Honey já deve estar com cinco meses agora então não dá para adiar mais.

Honey repousa a mão direita sobre seu abdômen redondo mas continua olhando para o lado de fora pensativa.

- Posso te perguntar uma coisa? - Honey diz repentinamente.
- Claro - digo olhando para ela rapidamente e depois pondo meus olhos novamente na estrada.
- Você contou para o seu pai sobre mim e o bebê?
- Contei sobre você, mas não sobre o bebê.

Honey acena a cabeça afirmativamente e pensativa.

Eu não queria passar a impressão de que não me importo com o bebê, mas acho que é isso que Honey deve estar pensando agora. A verdade é que só não contei para meu pai porque Honey ainda não tem certeza se vai ficar com esse bebê. Além disso, tenho medo do que meu pai pode dizer, provavelmente dirá que é loucura estar disposto a criar um bebê de outro homem com uma mulher que conheço há poucos meses.
Mas meu relacionamento com Honey é mais que simplesmente isso. Eu a amo de verdade.

- Só porque ele está doente - completo o que estava dizendo para Honey - já fazem dois meses que está participando dos testes com a nova droga experimental e parece que está piorando então no momento quero que ele só se concentre em seu tratamento. Mas quando ele melhorar eu prometo contar tudo.
- Está tudo bem, você tem razão é melhor que ele não se preocupe com outras coisas agora. Espero que ele fique bem.
- Eu também. Parece que alguns pacientes que usaram essa nova droga também ficaram piores antes de melhorarem, espero que aconteça o mesmo.

Estaciono meu carro na frente da casa de Chloe e busino. Ainda não sei o motivo de querer ir junto já que ela preferia que Honey tirasse o bebê, mas se Honey quer que ela esteja junto então por mim tudo bem.

- Olá mamãe, olá papai - diz Chloe sorridente ao entrar no banco de trás.
- Chloe. - diz Honey chamando a atenção dela enquanto eu volto a dirigir.
- Desculpa Ho, foi só uma brincadeira. - diz Chloe levantando as mãos.
- Tudo bem, é que eu estou um pouco aflita.
- Com o que?
- Não sei. E se o bebê não estiver bem porque eu demorei demais em fazer o ultrassom?
- Ele está bem. - Chloe e eu dizemos em uníssono.
- E se..
- Amiga, vai dar tudo certo. Eu sei disso. - Chloe tranquiliza Honey.

Nós chegamos ao hospital e Honey respira fundo antes de entrar.

- Bom dia, temos uma consulta marcada com a Dr. Lauren - digo para a recepcionista porque não parecia que Honey iria dizer alguma coisa.
- Boa tarde, me dê só um minuto - diz a mulher alta enquanto digita na tela de seu computador e verifica nossa identificação - ela está aguardando vocês na sala 8, segundo andar.
- Ótimo, obrigado.

Pegamos o elevador até o segundo andar e vejo que Honey está aflita, mas não sei mais o que poderia dizer que faria com que ela se acalmasse. Essa noite nenhum de nós conseguiu dormir direito.

Ao sair do elevador nós andamos por um corredor multicolorido e paramos na sala rosa com um número oito azul estampado com ursinhos desenhados.
Bato a porta e uma voz pede que entremos.
Eu a abro.
A médica que descobriu a gravidez de Honey está sentada em uma cadeira enquanto anota algumas coisas em um caderno que está na mesa a sua frente.

Amanhecer AgridoceOnde histórias criam vida. Descubra agora