C54 - Visitas!

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Após o caos da realidade, o navio seguiu em alto-mar sem mais presenças de tsunamis em forma de teste de gravidez. Agora eu estava conformada com a minha situação, embora ainda pense muito sobre como eu vou parir. Eu nem mesmo dormi.

Já passamos por Cork e a próxima parada é na Islândia, país que tem se mantido firme mesmo com a presença da minha sogra em seu solo. Inacreditável a resiliência da Islândia. Fico chocada! Passada! Foda!

O frio continua intenso e eu tô parecendo um charuto de repolho, toda enrolada no cobertor, com apenas os olhos e o nariz para o lado de fora. A coisa tá tão gelada que eu não passei a mensagem ainda contando meu novo status para minhas amigas, muito menos para minha genitora, porque não me arrisco a tirar as mãos de dentro do charuto. Logo eu, deixando de entregar boas fofocas. Porra! E essa é de fazer cair um queixo. Madalena vai ser mãe. Dá quase um filme!

Chris não está no quarto, está em reunião nesse momento com os chefes de setores do navio. Era para eu estar presente nessa reunião como a chefe do SPA caso o conselho tivesse se reunido para a eleição que irá definir meu retorno. O que não ocorreu. E todo mundo deve saber o porquê. Nazaré Tedesco versão grega deve estar usando todas as suas artimanhas para conseguir protelar meu início. Ao mesmo tempo que não duvido nada a sua pupila estar embarcando em breve para trabalhar por aqui. Ela prometeu isso e sei que irá cumprir cada maldita ameaça.

Confesso que estou me sentindo péssima por estar de pernas para o ar. Tirando hoje que o frio não me deixa nem levantar da cama. Estou sem nada para fazer e se eu fosse dada ao consumo e a viver com a renda do meu marido, provavelmente já teria ido ao shopping do Gregorys e comprado meio mundo de coisas. No entanto, apesar de gostar de umas roupinhas, não sou chegada nisso. Fiquei rica, mas a pobreza ainda vai me acompanhar por toda a vida.

Eu sou de trabalhar. De ter a mente ocupada e no fim do dia sentir aquele cansaço e fadiga cujo banho relaxa e o sono alivia. Gosto do labor, e de ver o resultado do meu suor na minha conta no fim do mês. Ainda mais agora que eu estava ganhando em dólar. Coisa mais linda gente. Dava até um arrepio. #Saudades!

Vou andando toda embrulhada no cobertor pelo quarto, até alcançar a mesa e bebo uma xícara de chá de camomila que estava sobre a mesma. Tava gostoso! Quente e com pouco açúcar. Sentir qualquer coisa aquecida na boca era encorajador. Não vou mentir que comecei a entender porque irlandês não curte banho depois de passar por esse tempo de nevasca. Crendiospadi! Saudade do meu sol.

Um pouco mais aquecida, retiro meu outro braço de dentro da ruma de pano e escrevo a mensagem no grupo dazamigas.

Escrevi: Oi, queridas! O que estão fazendo? Estou com uma fofoca quentíssima, saída do forno para dar a vocês.

"Estamos bem. Conta logo" — Escreveu Cecília. E logo as outras duas também colocaram caracteres e figurinhas de pura curiosidade.

— Vocês vão mesmo ser tias, a mãe aqui tá on. — Coloquei.

"Conta a novidade, Madá" — Joyce escreveu.

"Só tu não querias ver, gira" — Mari colocou.

— Que sem graça! Como assim todo mundo sabia? Só por que vomitei a bolsa da minha sogra confeccionada com o couro das parentas dela, após ver aquela coisa horrenda no meu prato? — Perguntei. De fato achei que seria mais impactante constatar a verdade.

"Sim?" — Cecília respondeu e as outras colocaram emoctions de risos. — "A propósito amei que você vomitou toda a bolsa dela. Mulherzinha antipática!"

— Que horror! Vão me dizer que comeram aqueles caramujos com leite? — Indaguei. Só imaginar aquele prato eu sinto náusea.

"A verdade é que Joyce e eu comemos coisas bem melhores." — Cecília disse.

O CEO, O MAR E ALGUÉM PRA MADÁ 🔞🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora