Bem aqui na poltrona do avião, depois de entrar e sair de vários deles, em diversos países inclusive e morrendo de medo de pousar, de novo, está a Madalena dos Santos e Silva, mas me chame de Madá. Sou uma BBB, não por causa do reality show, mas porque sou brasileira, baiana e baixinha. Se quiser, diga que sou boa, bonita e bunduda também, kkkk.
Aos 18 anos, fui obrigada a me casar com o meu primeiro namorado, quando meu pai nos pegou no flagra, transando no sofá da sala. Acontece que pra minha alegria, ele me abandonou no altar, um mico inesquecível que me fez desacreditar das relações de namoro e casamento. Fiquei com trauma, porque eu gostava do miserável. Mas ele me libertou das amarras e me fez uma mulher forte e determinada, que aproveita o que é bom na vida e não se apega. Eu fujo de homem grudento e daqueles boa pinta demais, certinho, perfis apaixonantes por quem posso me apaixonar. De verdade? Até agora não encontrei nenhum, mas vivo atenta, disposta a correr léguas desses caras que querem relacionamento ou por quem eu certamente me apegaria.
Eu sei que é bem difícil que eu me apaixone por alguém, porque consegui blindar meu coração, mas, é claro que todas nós temos um ponto fraco e eu tenho o meu: homens verdadeiros, bem humorados e confiantes. Por começar com verdadeiro, nota-se porque ainda não encontrei nenhum, ne? Fala sério gente, homem mente demais... Principalmente sobre os sentimentos. Esse negócio de dizer que ama, depois de dois meses de namoro... Fala sério!? Babacas...
Depois que recebi o pé na bunda em pleno altar, diante de mais de 350 pessoas, não abaixei a cabeça e me tranquei no quarto, como todo mundo da minha família, achou que eu faria. Eu juntei as minhas roupas e fui morar sozinha, no apartamento que meu pai comprou pra que eu morasse com o infeliz do Fred.
Então, aproveitei que meu progenitor ainda tinha que bancar a minha mesada em dias e fui estudar.... E me formei em fisioterapia.
Quando entrei na faculdade eu achava que era O Curso, sabe? Top dos tops, mas aí a faculdade acaba e a realidade bate à porta. Cidade do interior da Bahia, poucos habitantes, muitas vagas na faculdade, resultado? Muita gente formada e nenhuma vaga de emprego. E foi assim que mais uma vez, eu peguei minha mochila, joguei as mudas de roupa dentro e vim morar em Dublin.
Antes, é claro, me inscrevi no LinkedIn e arrumei aquela vaga gloriosa, para trabalhar em um Cruzeiro, 7 dias embarcada e 15 de folga. Salário maravilhoso, com direito a gorjetas gordas (magras também) e a supervantagem de conhecer uns gringos gatos e liberar geral. Longe do pai, da mãe, do Fred e das fofocas dos vizinhos. Esse povo vive metendo a língua em mim, porque eu fico com vários e não fico com nenhum. Sou chamada de tudo que é nome, só porque sou solteira e abro as pernas no primeiro encontro. Mas já aviso logo a vocês, só fala mal de mim se eu não escutar... Se eu ouvir, minha fia, eu desço do salto. Pague minhas contas pra falar de mim, meu amor.
Tenho duas amigas em Dublin, Joyce e Maria Cecília, com quem, obviamente, vou dividir o apartamento. Elas formaram comigo na faculdade, mas vieram morar aqui antes de mim e não trabalham em suas áreas de formação. A Maria é babá e a Joyce trabalha como professora infantil, em uma escola para gênios (espera, deixa eu explicar, é que as crianças de 3 e 4 anos dessa escola, já saem dela falando 5 idiomas. São gênios para mim, porque eu custei pra aprender o meu e mais um).
Eu e a Ceci somos amigas desde o ensino médio, já a Joy, só conheci de vista, nada muito íntimo, mas ela é muito amiga da Ceci e acredito que nos daremos bem. Já vi o AP por fotos e é bem pequeno, mas moramos no centro de Dublin e isso significa que dá pra andar bastante a pé. É muito bem localizado.
Confesso que estou muito entusiasmada para encarar as mudanças, principalmente do clima. Estou mudando da água pro gelo, literalmente. O que tem de verão na Bahia, meu irmão, tem de frio neste lugar. Tive que deixar quase todo meu guarda roupas no Brasil e deixar para comprar roupas aqui, porque eu nem sabia o que era um cardigã. Não existe inverno na Bahia, pelo menos, não onde eu morava. E agora, eu estou aqui. Acabei de chegar e são 6h da manhã por cá, mas ainda parece madrugada e eu não tô cabendo em mim de alegria, nem de frio.
Mundo novo, vida nova, ano novo, novas pessoas, novos idiomas, novas caras... Ah! Até o cheiro daqui é diferente. E nesse meu primeiro dia, além de sair para fazer compras, eu quero sair para aproveitar a noite, afinal, é preciso comemorar as mudanças positivas em nossas vidas.
Ah, eu esqueci de falar, hoje, dia 5 de janeiro, é meu aniversário. Fiz 23 anos e definitivamente, esse é meu presente de aniversário para mim mesma: o novo. Eu amo as surpresas da vida e meu único medo, é me prender a alguém outra vez. Graças a Deus, dá pra evitar isso.
Acabei de desembarcar do avião e pra cada lugar que olho, há pessoas andando de cá pra lá, cada um com seu celular na mão, seu livro, sua revista, seus horizontes e eu estou chegando para buscar o meu.
Avisto a plaquinha com meu nome e reconheço a Ceci, sacudindo a plaquinha pra cá e pra lá. Ando mais apressada até elas e dou um forte abraço na minha amiga.
_ Madá, que saudade! Que bom te ver, que bom que chegou bem!. _ Ceci me diz.
_ Também estava com saudades, amiga! É bom ver vocês, é bom estar aqui. Recomeçar, essa é a minha palavra de ordem.
_ Te disse não foi Joy? A Madá é super alto-astral. Só há nela dois únicos grandes defeitos, o primeiro é que ela é pavio curto, do tipo que não leva desaforo para casa. E segundo, ela não canta nenhuma música corretamente. É tipo, um defeito de fabricação nela.
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O CEO, O MAR E ALGUÉM PRA MADÁ 🔞🔥
Roman d'amourIrreverente, desbocada e feminista, Madalena é uma jovem nascida no interior da Bahia que decide se aventurar em um emprego temporário na Irlanda. Ela consegue uma vaga de massagista em um transatlântico e segue para Dublin carregando na mochila pou...