Capítulo 42 - Espinhos.

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Após concluir o serviço, retorno para o quarto. O dia foi cansativo, pois minha cabeça não havia parado de trabalhar um único minuto. Além do enorme movimento de pessoas na massagem hoje, tinha acontecido um furacão de coisas em minha cabeça.

Retirei a roupa e coloquei na sacola dos fardamentos. Entrei para o banho e fui direto para o chuveiro. Nada de banheira hoje. Eu tinha que lavar minha cabeça para tentar espairecer.

Além de tantas perguntas martelando minha cabeça, não pude deixar de notar a enorme tristeza da Charlotte hoje. A mulher estava um caco, mas recusou-se a contar o que estava se passando.

Após o banho, deitei na cama e me pus a mandar mensagem para minha família e também para minhas amigas que ficaram em Dublin. O navio estava atracando no porto de  Lerwich, Reino Unido, e tão logo amanhecesse partíamos para Alesund, na Noruega. Sendo assim, o sinal de internet estava ótimo para enviar notícias.

Não demorou muito para o Chris entrar. Jogou seus pertences lá mesmo no hall e caminhou para o quarto.

— Boa noite! Como foi o dia? — Perguntou. Retirou a gravata e veio para perto da cama, onde eu estava enrolada no roupão.

— Cansativo. E preocupante. — Relato. Ele me olha de forma interrogtiva e abre os botões da camisa. Tira o cinto, os sapatos e senta na cama.

— Preocupante? Por quê?

— Além das coisas que conversaram comigo, tem a Charlotte. Ela estava péssima hoje na recepção. — Digo. Chris respira de forma profunda.

— Ela te contou o motivo?

— Não. Mas seu rosto estava de dar dó. — Conto.

— A minha mãe acionou os demais acionistas do grupo e pediu o fim do SPA. Com isso, a Charlotte perde o emprego. Ela não tem nenhuma formação que a mantenha em outro setor com o nível salarial que tinha ali como gerente. Ao contrário de você. — Ele desabafou, triste. — Muitos ali perderão o emprego.

— Não acredito! Isso é por minha causa, não é? — Indaguei.

— Talvez mais por minha causa. Você não ficaria sem emprego porque pode ficar na equipe de saúde. Assim como a Mari, que tem curso técnico em enfermagem. Ela está querendo me forçar a me casar com a Catarina. Se eu fizer isso, a empresa da família da Catarina vai ser a nova franquia do navio e terceirizará o serviço do SPA e prometeu que contratará a todos os funcionários dali. Mas me recusei. — Contou. — Então ela propôs que eu lhe demitisse e então votaria contra a exclusão do serviço. O que eu recusei mais uma vez.

— Chris, isso não é justo. A Charlotte contou que custeia o tratamento da irmã com síndrome de Patau. Como fica se ela não tiver emprego? Não posso aceitar que sacrifique tantas pessoas por minha causa. Pode me demitir, eu me viro para arrumar outro emprego. — Digo.

— Madá, e nós? Como a gente fica? E se você não conseguir outro emprego?

— Você disse para eu confiar em você, não foi? Então agora é a sua vez de confiar em mim. Eu posso arrumar até mesmo um curso para fazer. Na creche onde minha amiga ensina, está precisando de pessoas para dar aula. Posso arrumar um idoso para cuidar, eles pagam bem. — Tento o tranquilizar. — Ou podemos sentar ali e já enviar propostas. Que tal? Eu e você. Mas por favor, ligue agora para sua mãe e diga que aceitou me demitir. Faça ela manter a palavra dela e garanta que eu ficarei até o fim dessa viagem e então, não retorno mais. Seria duro para mim se tantas pessoas perdessem o emprego por minha causa.

— E se não der certo, Madá. Já pensou que as coisas podem fugir do nosso controle e você simplesmente não conseguir a vaga de emprego?

— Então eu assino o contrato com você e aceito um casamento falso. Não vou embora. Não posso e não quero ir. — Digo convencida. Estou ciente do que prometi, porém confiante de que arrumarei emprego antes de tomar uma decisão dessas.

O CEO, O MAR E ALGUÉM PRA MADÁ 🔞🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora