Prólogo

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O salão das estrelas repousava em um silêncio que ecoava na vastidão do espaço. Este lugar, muitas vezes chamado de lar exuberante, proporcionava uma sensação de segurança e proteção para todos que o habitavam.

Os dias eram dedicados ao treinamento e à contemplação dos inúmeros caminhos que se entrelaçavam entre os mundos, dançando harmoniosamente sob a luz do luar. A ansiedade que antes os consumia em relação ao mundo além das fronteiras havia diminuído, permitindo-lhes finalmente noites tranquilas, sem pesadelos. Eles eram livres, eram felizes. Mas essa serenidade foi abruptamente interrompida quando o líder dos guardiões reuniu todos no salão, seu semblante pesaroso.

— É com grande pesar que informo que perdemos mais um dos nossos guardiões —  disse o líder com uma expressão sombria. O ar ao redor deles pareceu se tornar mais denso. — Não sabemos qual criatura foi responsável, mas ela era poderosa o suficiente para destruir a Chave Yng e Yang e, consequentemente, a própria existência de nosso companheiro. Como já sabem, isso causará um desequilíbrio nas linhas ley desta dimensão.

Os guardiões cósmicos, incumbidos de proteger a energia estelar e as demais dimensões, eram uma raça originada dos primeiros habitantes dos mundos. Eles foram concebidos como peças-chave no processo evolutivo da vida em cada mundo. Ao longo dos séculos, essa equipe de heróis cósmicos permaneceu entre os seres humanos, mantendo em segredo sua verdadeira natureza, sempre prontos para defender os mundos contra as ameaças dos espíritos das trevas dimensionais.

Históricamente, suas gerações eram divididas em hordas e cada uma delas estava conectada por uma estrutura mental chamada Unimente, que lhes conferia o poder de estar ligados a todas as coisas e suas essências. Era a forma suprema de iluminação e telepatia cósmica. Seus usuários podiam se conectar com qualquer coisa viva ou inerte, compreendendo e conhecendo profundamente cada ser nas próprias dimensões e além, tornando-se um com eles.

Possuíam habilidades mentais extraordinárias e um poder formidável sobre as essências dos outros seres, tornando qualquer um submisso à sua vontade.

No entanto, havia também aqueles que trabalhavam para as forças da escuridão dimensional, criaturas monstruosas resultantes de experimentos fracassados de deuses ou indivíduos que ambicionavam o controle das dimensões e de toda vida nelas existente, buscando apenas criar o caos nos mundos.

— Estamos em risco, e não sabemos se foi um dos nossos inimigos ou uma nova ameaça que emergiu em muitas de nossas dimensões —  continuou o líder sombriamente. — Vou enviar um pequeno grupo para resolver essa questão e buscar respostas.

Ele se levantou de seu assento e saiu da sala. No corredor, um jovem o seguiu, ansioso, roendo as unhas nervosamente.

— Demitre Franks—  disse o líder sem se virar para o jovem que o seguia. — Você deveria esperar minha resposta como os outros. Não persiga minhas decisões.

Demitre parou de roer as unhas e suspirou.  

— Pai... quer dizer, líder. Não estou atrás de saber sua decisão antes dos outros. Só quero saber se pode considerar um pedido meu, já que perdemos um de nossos em uma missão.

Enquanto falava, Demitre arrumava seu traje cinza, com a Chave Yng e Yang brilhando como um pingente em seu colar.

— Acredito que poderíamos trazer de volta um de nossos antigos companheiros à ação.

O líder refletiu sobre as palavras de Demitre. Ele estava certo em considerar essa opção, pois o grupo estava em menor número para enfrentar a dimensão onde submundos, deuses e humanos começavam a coexistir.

— Você realmente sabe o que está dizendo?—  O líder perguntou, com uma expressão pensativa. Demitre assentiu. — Já até sei quem você tem em mente.

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