Capítulo Quarenta

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Mauro pinheiros:

É realmente maravilhoso poder rever Dewei Tsui e Eleyna após tanto tempo. É gratificante testemunhar as mudanças em meu irmãozinho e como ele cresceu ao longo dos anos. Minha cunhada é ainda mais maravilhosa do que eu me lembrava da última vez que a vi.

Nesse momento, parecia que o tempo não havia passado para nenhum deles. Meu irmão continuava a ser a pessoa adorável que sempre foi para mim, isso me fez sorrir para ele.

Então, percebi que Dewei Tsui ainda estava falando e espalhando comida por todo o lugar. Peguei um guardanapo e comecei a limpar a sujeira que ele fez.

— Dewei, não te ensinei que devemos sempre falar com a boca fechada? — falei com calma, olhando para ele. — Eleyna, eu imagino como deve ter sido difícil para você ter que cuidar de alguém que não tem modos à mesa.

Era um momento leve e descontraído, onde podíamos compartilhar risos e lembrar das peculiaridades de cada um, fortalecendo ainda mais o vínculo entre nós.

— Estava com muita saudade desse seu sermão — Dewei disse, parecendo completamente feliz.

— Dewei, só fica desse jeito quando está muito feliz e empolgado com alguma coisa — Eleyna respondeu olhando para meu irmão docemente. — Na verdade eu também estava com saudade de ver você dar um sermão nele e até de bancar a pessoa bondosa quie você sempre foi.

Dewei sorriu novamente e me abraçou de lado, com lágrimas surgindo em seus olhos. Com carinho, esfreguei suas costas, compartilhando o momento emocional com ele. Era evidente que a reunião deles era carregada de emoção e saudade, e todos estavam aproveitando a oportunidade de estarem juntos novamente, relembrando os velhos tempos e fortalecendo os laços familiares.

Meu pai observava a cena com cautela, ainda absorvendo tudo o que havia descoberto nos últimos dias. A ideia de que seu filho já reencarnou 107 vezes, a existência de um mundo sobrenatural repleto de criaturas ocultas, e agora a conversa com dois ceifeiros de almas, incluindo o irmão mais novo do seu filho em outra vida, era certamente um choque.

A expressão de meu pai era uma mistura de curiosidade, surpresa e um toque de apreensão. Ele estava tentando processar todas essas informações e entender como isso se encaixava na vida de seu filho e na realidade que conheciam. Era um momento de grande transformação e descoberta para ele além de fazer com que ele pensasse que era um louco.

— Eu posso me tornar uma ceifeira quando morrer?— Diana perguntou, enquanto meu pai a olhava com desespero. — Pai, acalme-se, vai demorar muito para que eu precise morrer — ela acrescentou com um toque de humor para aliviar a tensão.

A pergunta de Diana ecoou na sala como um raio, arrancando nossa atenção de nossos pratos de comida. Aquele era um momento comum para mim, afinal, meu círculo de amigos estava bem acostumado com tópicos que flertavam com o sobrenatural, mas a expressão de espanto nos rostos do meu pai à mesa era palpável.

Meu pai estava em outro mundo, ou melhor, tentando evitar qualquer menção ao mundo sobrenatural. Seus olhos arregalados e a palidez em seu rosto deixaram claro que ele estava à beira de um ataque cardíaco se a conversa continuasse no mesmo rumo.

Magia, morte e todas essas coisas eram como tabus na casa dos meus pais, especialmente para meu pai, que era um cético ferrenho quando se tratava desses assuntos. Eu podia sentir a tensão aumentando enquanto todos nós esperávamos pela resposta de Eleyna, cada um de nós ciente de que meu pai estava prestes a desmaiar.

— Que tal deixar esse assunto para outro momento — Castiel sugeriu com um sorriso amigável, percebendo imediatamente a tensão que se acumulava na mesa. Meu pai olhou para ele com uma expressão de alívio palpável, como se tivesse escapado por pouco de uma armadilha mortal.

O clima tenso aos poucos se dissipou enquanto mudávamos o foco da conversa para um território mais seguro, mas a sombra do desconhecido ainda pairava sobre a mesa, acho que vou ter que tomar cuidado com o que falar perto do meu pai a partir desse momento e diante.

— Eu tenho uma pergunta — falei, aproveitando a pausa na conversa. — Vocês tiveram filhos?

— Tivemos três meninas e um menino.— Ela parecia reviver as memórias de sua família enquanto continuava, — De cada um de nós, tivemos dois netos, e pelo que sei, nossa linhagem continua até os dias de hoje.— Eleyna sorriu e respondeu com ternura.

Dewei acrescentou

— Você conheceu um dos nossos descendentes, aquele rapaz chamado Andy. Ele é da nossa linhagem, sei que ele trabalha com arte e sabe fazer lindos desenhos — Seus olhos brilhavam com orgulho ao mencionar o sucesso de um dos membros da família.

A revelação sobre a extensão de sua família e a conexão com Andy acrescentou uma nova dimensão à nossa conversa, e eu mal podia esperar para saber mais sobre as histórias e os talentos que eram transmitidos de geração em geração. A atmosfera na mesa agora era de curiosidade e admiração, substituindo a tensão anterior sobre tópicos sobrenaturais.

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Eles não puderam ficar por muito mais tempo, alegando que tinham que voltar ao trabalho. Após uma última troca de palavras calorosas, cada um deles me deu um abraço apertado e se despediu da minha família. Em um piscar de olhos, seus corpos começaram a brilhar intensamente e, com um lampejo, desapareceram da nossa frente, deixando para trás apenas a lembrança de sua presença e da mágica que eles representavam. Me deixando feliz de vê-los novamente.

Meu pai se despediu de Mim e de Castiel com um aceno de cabeça e uma expressão sombria, claramente perturbado pelos eventos incomuns da noite. Ele saiu rapidamente da casa, com a cabeça cheia de pensamentos confusos. Diana, por outro lado, não pôde resistir a uma pitada de diversão diante da reação do nosso pai. Com um sorriso travesso, ela o seguiu de perto, determinada a provocá-lo ou, quem sabe, compartilhar um pouco mais sobre o mundo sobrenatural que ele estava tão ansioso para evitar. Enquanto eles desapareciam na noite, Castiel soltou uma risadinha.

— Estou com um pouquinho de pena do seu pai,— disse Castiel com compaixão. — Ele descobriu em pouco tempo sobre a magia, seres imortais, bruxas...

Eu assenti.

— Isso que ele não viu um lobisomem, feéricos ou muito menos um vampiro até agora.— Dei uma risada, lembrando das muitas facetas do mundo sobrenatural que meu pai ainda não havia experimentado. — Ele pelo menos viu a Alice e gostou dela, e não teve um surto quando a viu se transformando em ar e voltando segundos depois,— acrescentei.Para o meu pai era um verdadeiro desafio, mas ele estava indo melhor do que eu esperava, considerando o choque inicial. O mundo mágico era vasto e cheio de surpresas, e parecia que ainda tínhamos muito o que mostrar a ele.

— Seu pai irá ficar perfeitamente bem com tudo isso — disse Castiel com confiança. — Você vive dizendo que ele é muito mente aberta e pode superar conhecer o mundo oculto.

Ponderei sobre suas palavras por um momento e, finalmente, concordei.

— Talvez você tenha um bom ponto. — Virei-me para começar a guardar as coisas, sentindo-me mais esperançoso de que meu pai, com o tempo, poderia aceitar e até mesmo abraçar o mundo oculto que agora estava se revelando diante dele.

Castiel me surpreendeu ao me abraçar por trás, seus braços envolvendo suavemente minha cintura. Seu beijo na nuca era delicado e carinhoso, enviando um arrepio agradável pela minha pele.

— Sabe, é muito bom ter você em meus braços todos os dias — ele sussurrou carinhosamente contra o meu ouvido. Suas palavras eram como uma melodia suave que aquecia meu coração, o amor e a conexão entre nós eram palpáveis, e eu não poderia estar mais grato por cada instante que passávamos juntos. 

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Até a próxima 😘

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