Bônus Um

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Narrador:

Uma Lua branca e brilhante iluminava a cidade, espalhando sua luz prateada sobre as ruas e os prédios. Sua radiância rivalizava com a beleza do sol em sua plenitude. O calor sufocante do dia havia cedido seu domínio há horas, e a cidade, que havia cochilado durante a tarde abrasadora, estava finalmente despertando para a vida noturna. As ruas começavam a se encher de pessoas animadas, conversando e rindo enquanto caminhavam em grupos para bares, clubes e casas de amigos. No entanto, em outra parte da cidade, as ruas eram envoltas em um silêncio assombroso, tão sombrio quanto a própria morte. Nem mesmo os moradores locais ousavam se aventurar ali, preferindo permanecer em casa ou se deslocar furtivamente por becos escondidos e passagens secretas que circundavam as ruas amaldiçoadas.

O cenário sombrio era aterrorizante para todos, embora ninguém soubesse exatamente por que sentiam um medo profundo e instintivo daquelas ruas. A cada dia que passava perto de um prédio específico, ouviam-se gritos e uivos animalescos ecoando pelo ar noturno.

No interior deste sinistro edifício, onde as paredes desgastadas exibiam cicatrizes de anos de negligência, e a tinta descascava em grandes faixas dos tijolos, uma jovem garota de pele pálida com dois imponentes chifres negros surgindo de sua testa e asas majestosas saindo de suas costas estava sentada em um quarto subterrâneo. Vestia um simples vestido com detalhes pretos, uma gola alta e uma faixa preta em sua cintura, enquanto devorava as páginas de um livro de fantasia.

Para Magnólia, o livro era uma porta de escape para mundos inexplorados. Ela balançou a cabeça para afastar os pensamentos e cuidadosamente colocou o livro na cabeceira da cama. Ao se virar, a porta se abriu, revelando uma mulher vestida com um jaleco branco, identificada como Samantha. Era um ritual diário desde que Magnólia havia sido trazida para este lugar sombrio, e ela já percebera que seus protestos eram inúteis, drenando sua energia em vão.

Desistindo de resistir, Magnólia se levantou, seus olhos examinando o quarto que se tornara sua prisão nas últimas semanas. A doutora a observava pacientemente, esperando que ela a seguisse pelo corredor em silêncio absoluto.

As portas do laboratório se abriram à frente. Com uma relutância palpável, Magnólia seguiu a doutora para dentro. Não havia lugar que ela odiasse mais do que aquele recinto. Primeiramente, o ambiente era sufocante, com um calor opressivo que parecia não ter fim. As paredes exibiam manchas de infiltração, enquanto o mofo se infiltrava nos estofamentos das cadeiras e sofás. Havia também um estranho cheiro no ar, uma mistura desconcertante de umidade e calor, como se água e lixo estivessem se misturando do lado de fora.

Dois outros cientistas estavam presentes. Um homem de meia-idade, com cabelos curtos e claros, usava óculos escuros e um jaleco branco com uma marca escura na testa que se estendia até a linha do cabelo e descia sobre os olhos até as bochechas. Seu nome era Mordul.

A seu lado, uma mulher de cabelos negros de comprimento médio usava um tapa-olho que cobria seu olho direito. Em vez de um jaleco, ela vestia um colete marrom com gola alta e uma saia curta que combinava. Um largo cinto preto adornado com frascos brilhantes pendia de sua cintura, emitindo um brilho ameaçador que sempre colocava Magnólia em alerta. Essa mulher era chamada de Vanica.

A mulher que a acompanhara forçou Magnólia a sentar-se e amarrou seus braços com firmeza, deixando-a imobilizada e impotente. Os olhos da jovem se arregalaram de terror quando ela percebeu o que estava prestes a acontecer.

— Vai ficar tudo bem, só queremos ver até onde vai o seu sangue — Vanica murmurou enquanto sua mão repousava sobre os cabelos de Magnólia, como se tentasse acalmá-la. — Quem poderia imaginar que encontraríamos uma criança com o sangue sagrado, uma descendente da linhagem que controla a magia dos deuses?

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