Mauro pinheiros:
Vi ele partindo, e Clarice estralou os dedos bem na frente do meu rosto, como se quisesse arrancar minha atenção daquele momento fugaz.
— Está gostando dele, não é? — perguntou Clarice, sua voz suave e carregada de curiosidade. Olhei para sua direção confuso, perplexo com sua astúcia.
— Estou agindo como um bobo e quase pedi para ele ficar um tempo em minha casa quando disse que não estava fazendo muita coisa. — Desabafei, golpeando meu próprio rosto com frustração. — Mas, sabe, já publiquei tantas fotos na internet, todas espalhadas. Parece que agora estou destinado a receber entregas todos os dias, graças às compras frenéticas da Diana.
Clarice, com um olhar perspicaz, apontou na direção de Castiel, que se aproximava lentamente de nós, seu corpo exalando um certo atordoamento. Ele havia me seguido, saído comigo, e agora estava de pé ao lado do carro. Assim que estacionei o carro diante do prédio oposto, ele o ajudou a sair e aguardou pacientemente que eu parasse de falar.
Foi nesse momento que a realidade finalmente se abateu sobre mim, e percebi o que havia feito. Fiquei chocado com o fato de Clarice não ter tentado me impedir.
O que Castiel pensava? Estaria ele vindo para minha casa para me ajudar? E, mais importante, o que diabos eu estava pensando? Como minha mãe costumava dizer: "Viva sua vida do seu jeito." Mas havia algo dentro de mim que me dizia que Castiel era uma boa pessoa, apesar de um nó de ansiedade se formar em meu peito.
Eu estava agindo normalmente, mas agora minha pele queimava em um tom de vermelho intenso. Espere um minuto, isso estava se desenrolando rápido demais. Será que Castiel, assim como eu, estava confuso com a situação?
Será que ele pensava que eu o estava convidando para morar comigo? Eu não me declarei para ele, isso seria rápido demais! Estaria eu arrastando-o para uma convivência precipitada? O ritmo parecia excessivamente acelerado!
Quando finalmente entramos no quarto de hóspedes da minha casa, percebi que ele parecia aliviado e um pouco mais à vontade. Era, afinal, apenas o quarto de hóspedes. No entanto, logo recuperou seu espírito, e eu também.
Eu não era o tipo de pessoa que convidava alguém para morar comigo à toa. Meu relacionamento mais duradouro com um colega de quarto havia durado seis anos e meio, desde antes da faculdade. Não era assim que as coisas funcionavam. No entanto, desde que ele cruzou a porta da minha casa, eu estava determinado a mostrar que era uma pessoa incrível e que Castiel não deveria temer o pior de mim. Quem sabe, talvez isso pudesse ser o começo de algo mais do que uma simples convivência.
Voltei a mim quando Castiel surgiu no meu campo de visão, e notei um traço de emoção complicada brilhando em seus olhos. Seria possível que ele também estivesse consciente de que seus sentimentos em relação a mim eram mais complexos do que podia aparentar.
— Voltei a trabalhar e já avisei aos vizinhos que podem te ver por aqui. — Comentei, estalando a língua em um gesto descontraído. — Meus vizinhos são bastante preocupados e um tanto fofoqueiros, como alguns dos meus ex-namorados podem atestar.
Uma expressão de surpresa passou pelo rosto de Castiel.
— Ah? Ah! Bem, muito obrigado por me ajudar com os afazeres. — Falei, sorrindo sinceramente. — Você é realmente uma boa pessoa.
Nesse momento, tive a sensação de que queria cuidar dele, e em seus olhos, detectei um lampejo de desejo. Será que ele havia dito isso de propósito? Meu coração começou a acelerar, e a tensão no ar era palpável.
— Tenha um ótimo restante de trabalho. — Ele respondeu com um sorriso delicado, e nos despedimos com um abraço que parecia transmitir mais do que palavras poderiam expressar.
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Amor Do Destino
FantasyNum universo cósmico, um guardião tem a solene tarefa de manter o equilíbrio do poder entre os cosmos. Castiel, um desses guardiões, perde sua chave Yin e Yang, forçando-o a vagar pelo mundo mortal em busca dela. Em sua jornada, ele cruza caminho co...