Capítulo Dez

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Castiel starys:

Olhei para Scarlett com um misto de preocupação e curiosidade estampado no rosto enquanto ela lançava uma enxurrada de palavrões em direção a Demitre, que parecia completamente desolado. A noite anterior havia sido caótica, com nossa visita ao clube que servia de ponto de encontro tanto para submundanos quanto para mundanos.

Demitre, nosso colega de equipe, tinha ficado para trás naquele lugar perigoso e pagou o preço por isso. Ele havia sido atacado, e quando finalmente voltou para casa, desabafou com Scarlett, revelando que sua chave mágica quase tinha sido roubada por um misterioso agressor.

— Scarlett, não foi só uma derrota. Ele me deixou completamente impotente, incapaz de reagir — disse Demitre, com um olhar preocupado. No entanto, antes que qualquer um de nós pudesse processar completamente suas palavras, ele foi arremessado para trás e chocou-se contra a parede com força.

Olhei para Scarlett, que tinha o punho erguido, e uma aura de mana estelar começava a se formar ao seu redor. A Zona de Mana, uma habilidade rara que permitia a manipulação intensiva da mana em uma área próxima, estava em ação. Ela podia reunir e direcionar a energia mágica de maneiras surpreendentes.

Tanto ofensivamente quanto defensivamente, essa habilidade a tornava uma força a ser temida. E agora, parecia que Demitre estava prestes a sentir sua ira.

Demitre, ainda meio atordoado, conseguiu se levantar, mas sua expressão era de choque absoluto enquanto encarava Scarlett.

— O que diabos foi isso? — ele exclamou, e Scarlett o olhou com fúria nos olhos. Ele encolheu-se, visivelmente apavorado.

— Você tem ideia do que fez? Colocou em risco nossa missão e desonrou o nome de Asdroel — disse Scarlett com firmeza. — Eu poderia não ter o poder para te punir adequadamente, mas acredite, posso encontrar um lugar onde você sofreria um castigo doloroso.

Demitre abaixou a cabeça, e então seus olhos se voltaram para mim e Janet. Janet estava ocupada examinando um mapa da cidade com sua Chave mágica ativada, emitindo uma suave luminescência sobre o conteúdo que estava analisando.

— Não encontramos nada de útil— respondeu Demitre, olhando novamente para Scarlett com desafio nos olhos.

Decidi me sentar, prevendo que a discussão estava longe de terminar. Enquanto me acomodava no sofá, ouvi um som melódico e me virei para Janet, que havia tirado um pequeno dispositivo retangular do bolso de sua calça. Ela leu rapidamente o que estava no visor e então se levantou apressadamente.

— Isso funcionou— exclamou com um amplo sorriso. — Em uma das minhas invenções, eu tinha um celular que configurei para receber notícias da cidade e informações sobre submundanos que vimos no clube ontem. Um vampiro me mandou uma mensagem, dizendo que houve um ataque de demônios logo após nossa saída, quando Demitre estava sob o controle desse misterioso indivíduo.

Demitre lançou um olhar raivoso para Janet, mas desistiu quando Scarlett pegou o dispositivo.

— Isso nos dá alguma pista— disse Scarlett, olhando para Janet e para mim. — De acordo com esse informante, o demônio tinha uma aparência bastante peculiar. Um corpo humano com garras em vez de braços, uma pele deformada e uma cabeça em forma de lua afundada no meio.

Ela soltou um suspiro cansado.

— Janet, você e Castiel irão até o local do ataque para investigar a magia deixada pelo demônio antes de desaparecer.

Janet concordou rapidamente, e Scarlett se virou para mim enquanto devolvia o dispositivo.

— Não faça nenhuma besteira, Castiel. Se precisar de ajuda, me chame — advertiu Scarlett, e então se voltou para Demitre.

A mão de Scarlett começou a brilhar, e um chicote feito de espinhos apareceu nas suas mãos. Segurei a mão de Janet e saímos correndo dali enquanto os gritos de agonia de Demitre ecoavam pela casa.

Sinto muito, meu amigo, pensei, enquanto deixávamos a cena para trás. A missão estava longe de terminar, e o mistério do demônio com a cabeça em forma de lua era apenas o começo.

Enquanto Janet e eu nos afastávamos da casa de Scarlett e Demitre, o eco dos gritos de sofrimento de nosso colega ainda reverberava em nossos ouvidos. Sabíamos que Demitre estava sendo punido por suas ações irresponsáveis, mas aquilo era uma lembrança cruel de quão implacável o mundo mágico podia ser.

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Janet e eu optamos por usar um táxi mundano para chegar ao clube, mantendo um perfil discreto enquanto ela continuava a se comunicar com o informante vampiro dela. Sentada no banco de trás, Janet exclamou em voz alta, fazendo o motorista resmungar um xingamento enquanto coçava a orelha.

— Não acredito! — ela disse, mostrando a tela do celular para mim. Eu li o conteúdo e meu coração acelerou com a informação que estava diante de nós.

— Shushu, quer dizer o novo rosto da reencarnação dela — murmurei, e Janet pegou o celular de volta. — Então, ela ainda consegue lutar como antes.

Um sorriso se formou em meus lábios enquanto relembrava das vezes em que treinávamos juntos para testar nossas habilidades. Apesar de eu ser tecnicamente mais velho que ela, Janet sempre encontrava uma maneira de me derrotar. Ela me jogava no chão, desarmava-me e passava dias zombando de como um ser com minha vitalidade poderia perder para uma simples humana com uma espada nas mãos.

— Deixemos isso para depois— Janet disse, trazendo-me de volta à realidade. — Primeiro, vamos ao clube ver se encontramos alguma pista e depois podemos investigar esses dois rapazes.

Olhei para ela, curioso. Sabia que Scarlett, e até mesmo Demitre, provavelmente pediriam que esperássemos mais tempo antes de nos envolvermos em outro problema. Não queriam misturar as coisas ou distrair-se de um assunto que podia ser resolvido rapidamente.

— Pode não parecer, mas eu quero o seu bem e o bem do seu grande amor — Janet disse, olhando pela janela. — Castiel, você foi a pessoa que me ajudou quando meus pais foram mortos em batalha e me orientou até atingir a idade ideal para entrar em combate ou auxiliar os outros Guardiões dentro do Códex de Inteligência.

Mordi o lábio, sentindo a intensidade de suas palavras.

— Quando você me contou que estava apaixonado, fiquei imensamente feliz por você— continuou ela, os olhos brilhando. — Mas então, pouco tempo depois, tive que testemunhar você sendo preso por tentar tornar o amor da sua vida imortal. Assim como o líder, fizemos de tudo para encontrar uma maneira dela viver uma vida comum, mas nunca obtivemos sucesso. Sempre que ela morria, você deixava uma flor, a que você dizia ser a favorita dela.

Fiquei sem palavras com essa revelação, e quando finalmente encontrei minha voz, o taxista nos informou que havíamos chegado ao clube. Janet pagou a corrida e saiu do veículo, deixando-me para trás, ainda processando todas essas informações surpreendentes.

Enquanto Janet saía do táxi e se encaminhava em direção ao clube, meu coração ainda estava pesado com as palavras que ela havia compartilhado comigo. A história de Shushu e de como eu tentara torná-la imortal estava profundamente entrelaçada com minha própria jornada e com a responsabilidade que carregava como Guardião. Saber que Janet e outros haviam feito todo o possível para encontrar uma solução para Shushu me deixava emocionalmente atordoado.

Shushu deve me odiar ainda mais que todas as pessoas entre os guardiões cósmicos ou com os mundanos.

Essa era uma pergunta que fiz em silêncio para mim mesmo, sentindo um nó na garganta. Eu me perguntava como seria encontrá-la novamente e qual seria sua reação ao me ver depois de tanto tempo.

No entanto, eu tinha uma tarefa imediata à minha frente. O clube era conhecido por atrair todo tipo de seres sobrenaturais, e nossa investigação era crucial. Eu saí do táxi e segui Janet em direção à entrada do clube, me concentrando no presente, mas o passado e o destino de Shushu ainda pairavam em minha mente, como sombras inquietas à espera de serem confrontadas.

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Até a próxima 😘

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