Capítulo Trinta e Cinco

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Mauro pinheiros:

Hoje é o dia do meu aniversário, uma data que deveria ser repleta de alegria, mas ao invés disso, encontro-me repleto de uma raiva incontrolável que me faz desejar socar Castiel até que todos os meus sentimentos se acalmem.

Ao abrir os olhos pela manhã, percebo que Castiel já está de pé, suas roupas cuidadosamente escolhidas enquanto ele se apronta para dirigir-se à minha cozinha. Nesse momento, um turbilhão de lembranças invade minha mente, como uma tempestade repentina que desenterra sentimentos que eu preferiria deixar adormecidos.

Ao me virar na cama, uma dor aguda me atravessa como se minha mente estivesse prestes a explodir, e então todas as memórias inundam meu consciente. Eu tinha experimentado essa existência por mais de três mil anos, condenado a morrer no aniversário do meu vigésimo quinto ano. Ao olhar para Castiel, uma confusão avassaladora de sentimentos toma conta de mim, misturando o desejo ardente que experimentei nos últimos dias, quando nos beijamos, com uma incontrolável vontade de descontar todo meu estresse nele, socando-o até que toda a tensão se dissipasse.

Minutos depois, Castiel retornou ao quarto com um sorriso radiante nos lábios. À medida que ele se aproximava, aparentemente ansioso para me dar um beijo de parabéns, eu agarrava seu braço e o puxava para a cama. Nossos corpos giraram, e agora ele estava deitado sob mim, com uma expressão de total confusão estampada em seu rosto, enquanto eu segurava seus braços com firmeza. A tensão no ar era palpável, carregada com a complexidade de emoções que inundavam o quarto.

— Eu lembro de tudo — pronunciei com frieza, e pude notar os pelos do braço de Castiel se arrepiando instantaneamente. — Estou preso nesse ciclo de reencarnações há três mil anos, tudo por causa de um feitiço que deu terrivelmente errado, e você foi o responsável por lançá-lo. Lembro-me perfeitamente do dia em que você o fez.

Ele permaneceu em silêncio, apenas resmungando de desconforto enquanto eu aumentava a pressão sobre seu braço. A sala estava impregnada com a tensão de um segredo obscuro que agora havia emergido à superfície.

— Onde você esteve durante todo esse tempo? — perguntei, soltando o aperto em seu braço e permitindo que ele erguesse a cabeça para me encarar. — Responda com sinceridade, e talvez eu não faça picadinho de você — ameacei com um olhar afiado.

Castiel suspirou e confessou.

— Estava em uma prisão dos guardiões, por ter lançado aquele feitiço. Sei que você deve entender que eu só fiz isso para não te perder. — acrescentou com um tom de remorso — Me desculpe.

Fiquei ali, absorvendo suas palavras e a complexidade de nossas histórias entrelaçadas. Por três mil anos, carreguei essa maldição, sem compreender totalmente sua origem até este momento.

A raiva que antes pulsava em minhas veias começou a ceder espaço para uma sensação mais profunda de empatia. Eu não conseguia negar que Castiel tinha agido por amor, mesmo que seu feitiço tivesse me aprisionado em um ciclo interminável de reencarnações.

— Entendo que você fez isso por amor — murmurei, finalmente, permitindo que a tensão entre nós se dissolvesse um pouco. — Mas precisamos encontrar uma maneira de quebrar esse feitiço. Três mil anos é tempo demais para qualquer um.

As palavras de Castiel e minha própria experiência eram agora peças importantes do quebra-cabeça que finalmente começava a se encaixar. Estávamos unidos por algo maior, algo que exigia resolução.

Ele sorriu para mim, carregando um peso de culpa em seus olhos, e não pude evitar soltar um suspiro. Mesmo com toda a raiva e frustração, era difícil negar que ainda tinha sentimentos por esse idiota.

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