Capítulo Doze

82 116 54
                                    

Mauro pinheiros:

Depois de uma conversa profunda com Anton, na qual utilizamos aquele dispositivo que revela a verdade, mesmo que seja algo que apenas o nosso subconsciente saiba, senti-me estranhamente vulnerável, mas ao mesmo tempo esclarecido.

As palavras de Anton ecoavam em minha mente, insistindo que algo profundamente oculto estava enraizado em minha mente e corpo. Ao deixar a casa dele, fiz uma rápida parada na casa de Clarice para pegar meu carro, mas não trocamos muitas palavras. Eu só queria chegar em casa. No entanto, assim que cheguei em frente à minha casa, meu celular tocou. Era Clarice, e durante nossa breve conversa, percebi que ela se lembrava claramente do que acontecera na noite anterior.

Eu estava tão distraído que mal percebi o homem que passou por mim na calçada, e acabei esbarrando nele. Nesse instante, nossos olhares se encontraram, e foi como se o tempo parasse. Então, de repente, tudo ficou turvo, e a consciência se esvaiu de mim.

Quando retomei a consciência, percebi que estava submerso em uma piscina aquecida ou em algum tipo de líquido mais quente. A sensação era estranha e envolvente. Meu corpo estava ficando cada vez mais pesado, dificultando os movimentos.

Eu estava completamente imerso em água quente, sem visão, sem capacidade de respirar, mas, de alguma forma, uma sensação de tranquilidade me invadiu. Eu era um viajante do mundo real, acostumado com as ondas violentas da vida cotidiana, mas esse cansaço era diferente. Era uma exaustão que não podia ser saciada, apenas esperava pacientemente que o tempo passasse.

Voltei a mim lentamente, encontrando-me deitado no sofá da minha própria casa, com vozes ao redor que soavam alarmadas e preocupadas.

— Temos que voltar para junto dos outros, ele vai ficar bem, foi só um choque por ver a sua magia. — Uma voz feminina falou com sensatez, tentando acalmar a situação.

— Não, posso fazer isso, talvez exista uma maneira de eu ficar por perto dele. — Uma voz masculina soou com uma dor palpável, fazendo meu coração se apertar inexplicavelmente.

Senti como se algo dentro de mim estivesse sendo ferido profundamente, e me levantei num pulo, ignorando qualquer resquício de confusão. Era como se meu coração estivesse gritando que estava sofrendo por amar de forma errada, por amar intensamente demais, por querer demais, por viver com uma intensidade que tornava tudo ao redor insuficiente.

As palavras ecoavam dentro da minha mente, sussurros de um amor insano que sempre existira por alguém, um amor que desejava ser exclusivo, um amor que ansiava por pertencer apenas a essa pessoa. No entanto, o destinatário desse amor era cego pelo orgulho e surdo para a verdade, nunca notando a profundidade do sentimento.

As vozes continuaram a murmurar e as palavras a se entrelaçarem, enquanto o homem com quem eu havia esbarrado antes me olhava com uma mistura de emoções em seus olhos: dor, preocupação, desejo e, por fim, amor.

Sem pensar, me aproximei dele e desferi um chute nas suas partes sensíveis, fazendo-o desabar para trás enquanto segurava com cuidado suas joias preciosas.

— Por que... sempre... acerta... aí... — ele conseguiu dizer com esforço, entre gemidos de dor.

— Quem são vocês e o que estão fazendo na minha casa? — questionei, olhando para a garota que me encarava com um brilho travesso nos olhos. — Como entraram aqui?

— Sua irmã abriu a porta para que pudéssemos colocar você no sofá — a garota respondeu no mesmo momento em que Diana surgiu, segurando uma bandeja com guloseimas.

— Imagino que estejam com fome, meu irmão não tem muitas coisas doces para oferecer, mas consegui encontrar alguns em seu esconderijo secreto. — Diana disse e parou de falar quando me viu em pé, olhando-a com completa descrença.

Amor Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora