Lucas
Estamos tomando café da manhã quando minha aparece segurando um envelope rosa um pouco gasto. Estou segurando uma torrada em uma mão e um copo com café com leite na outra.
— Pensei que fosse alguma conta, porque seria impossível. Acabamos de nos mudar. Mas parece uma carta e... — percebo que ela está olhando o nome do remetente. — É para você, filho!
Quase me engasgo.
— Como é? Quem poderia lhe enviar uma carta, Lucas? — meu pai pergunta, com o jornal em suas mãos.
— É o que quero saber, pai.
Levanto-me e minha mãe me entrega o envelope. O que será? Preciso de privacidade. Subo as escadas correndo e entro em meu quarto. Minha cama ainda está uma bagunça. Sento-me na beirada e abro o envelope. Meus olhos quase vão ao chão quando vejo uma caricatura minha. Até meus cabelos desenhados estão parecidíssimos com os meus reais. Preciso saber quem é o artista por trás desta obra. Estou me sentindo muito honrado por ter servido de inspiração para alguém.
Dobro o desenho cuidadosamente e o coloco de volta ao envelope e abro meu guarda-roupas. Decido guardá-lo debaixo de algumas calças jeans. Estou surpirando algo. Desço as escadas tão lentamente que desconfio que a tartaruga ganharia a corrida de mim. Eu teria que me junta à lebre e aplaudirmos a conquista dela.
— E então, filho? Era realmente uma carta? — minha mãe está dando de mamar ao meu irmãozinho.
— Não, não. É um desenho. Alguém me desenhou. Estou surpreso.
— E se isso for um plano daquelas pessoas que aprontaram com você na outra escola? Lucas, meu filho, não se iluda com essas coisas. Eu não quero que você sofra novamente. — lágrimas saem de seus olhos. Vejo que seus ombros tremem.
Meu pai levanta-se e afaga os cabelos de minha mãe.
— Acho que não é o caso, querida. Aquilo não tornará a acontecer. Lucas não está sozinho. Ele só precisa focar em si mesmo e jamais dar ouvido ao que pessoas hipócritas dizem. Nosso filho vale muito mais do que isso.
Engulo em seco. Quero chorar. Porque minha mãe está preocupada. Porque meu pai proferiu palavras de um conforto tão grande. Eles acreditam e mim. Preciso começar a fazer o mesmo também.
— Está tudo bem, mãe. De verdade. — beijo sua testa. — Obrigado, pai. Por tudo.
Nós três nos abraçamos. Nós quatro, aliás. Luís ainda está mamando.
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Acabei de tomar banho e estou escolhendo uma camiseta legal. Vou sair um pouco. Quero vê-la novamente. Preciso muito, na verdade. Da mesma forma que uma planta precisa de sol para realizar a fotossíntese. É assim que me sinto. Opto por uma camiseta branca com listras roxas e azuis. Eu e minha fascinação por camisetas listradas.
Dobro um pouco a bermuda abaixo dos joelhos e calço o primeiro par de tênis que vejo.
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Saio de casa e começo a caminhar. Aceno para o moço da mercearia e avisto a casa dela. Sei que não está em casa. Está ajudando sua mãe na banca. Então nem cogito apertar a campainha. Por sorte lembro-me de todo o trajeto até lá. Estou ansioso. Será que é por vê-la após quase um dia? É como se eu estivesse precisando vê-la para me sentir bem. E eu estou bem. Muito, na verdade. A caricatura alegrou o meu dia de um jeito que não sei definir. Marina vai gostar muito de saber sobre isso, tenho certeza.
Hoje eu optei por colocar meu relógio de pulso. São quase nove horas da manhã de quinta-feira.
Atravesso a pista e passo pela praça. Os mesmos homens do dia anterior já estão trabalhando na obras. Um pouco ao longe consigo avistar a banca e rapidamente começo a suar frio. Tudo isso é muito novo para mim. Meu coração está batendo mais rápido do que o normal. Irei vê-la. Um grande sorriso aparece em meu rosto.
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Um Amor Em 94
RomanceEm algum lugar do Brasil, 1994. Marina Lopes é uma bondosa garota de 17 anos que sonha em se tornar jornalista e cobrir uma Copa Do Mundo. Administra com a mãe uma pequena banca de revistas que já vira dias melhores. Fã de música internacional, a jo...