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Marina

Acabei de acordar e já quero voltar a dormir. Ou talvez eu apenas queira permanecer deitada e recordar a noite incrível que tivemos ontem. Após me espreguiçar umas seis vezes, calço as minhas pantufas gastas e entro no banheiro. Alguns minutos depois, já na sala, mamãe aparece. Está vestindo uma camisa grande demais e uma touca. Percebo que ela dormiu demais, haja visto que ainda não passava das oito e meia quando ela resolveu ir se deitar. Mas ela estava precisando. Tem trabalhado feito louca.

— Bom dia, mãe — beijo-lhe a bochecha. — Dormiu bem?

Ela está sorrindo e isso me alegra.

— Bom dia, meu amorzinho. Dormi, sim. Como uma pedra, para ser mais exata.

Rimos e nos dirigimos até a cozinha. Uma pequena cesta com pães, margarina, um pedaço de queijo e café estão postos e minha barriga ronca um pouco alto demais. Sentamos à mesa e começamos a comer. Pego uma faca e corto o meio de um dos pães e corto um pequeno pedaço de queijo. Coloco-o dentro do pão e mordisco com uma imensa vontade de saciar a minha fome.

Seguro o pão com a mão direita e olho para o teto. Penso em Lucas. Não que eu houvesse parado de pensar nele, mas agora é diferente. Realmente estou pensando nele. No abraço que lhe dei e que ele retribuiu. O perfume adocicado que ficou em mim e que, infelizmente, a água levou embora. Irei abraçá-lo novamente quando nos virmos. Eu sempre gostei de abraços, então eu não estaria me aproveitando dele ou algo do tipo.

— Filha, hoje o seu tio irá enviar mais queijo para nós. Na geladeira há três tabletes grandes de queijo coalho. O que acha de levar um para o Lucas e sua família?

— Sim, mãe. Farei isso após comermos.

Ela sorri e depois não dizemos mais nada. Apenas comemos.

Aperto a campainha de sua casa. Ainda é tão cedo e não sei se eles já tomaram café da manhã, mas o queijo ainda é algo que eles poderão comer futuramente. A porta se abre e sua mãe aparece. Seus cabelos cacheados brilham com a luz do sol. Ela sorri ao me ver.

— Bom dia, Marina. Como você está?

— Ah, oi. Estou bem, sim. Obrigada. E a senhora?

— Também estou bem, querida. Quer falar com o Lucas?

Imagina se não fosse...

— Bom... sim, sim. Quero dar uma coisa a vocês. — estendo a mão e lhe dou a sacola com o queijo. — Minha mãe me pediu para dar a vocês.

— Minha querida, obrigada. Vamos, entre e nos faça companhia no café da manhã. Faço a maior questão. E acredito que Lucas também, embora ele ainda esteja dormindo.

— Nossa!

Ela abre a porta um pouco mais e me pede para entrar. Passo pela porta e logo vejo Lucas dormindo no sofá, com uma das mãos tocando o chão. Está tão fofo. Eu não sabia que ele era tão lindo mesmo adormecido. Eu sempre me considerei uma aberração pelas manhãs.

Seu pai me vê e acena para mim. Aceno de volta e sorrimos. A mãe de Lucas, ainda com o queijo em suas mãos, chama o filho:

— Lucas, acorde! Já passa das sete da manhã.

— Não, mãããeee... — ele sequer abre os olhos e fala tão lentamente, ainda grogue. — Quero dormir mais um pouco...

Começo a rir sem emitir som. Estou me divertindo muito.

Sua mãe olha para mim e dá uma piscadela:

— A Marina está aqui. Está lhe vendo dormir na sala, com o pijama todo amassado. Que impressão você quer passar para ela, filho?

Lucas levanta-se tão rápido que seus movimentos emitem uma brisa que praticamente faz meus cabelos balançarem. Nossos olhares se encontram e eu sorrio para ele.

— Bom dia, dorminhoco.

— Meu Deus, Mari. Por favor, peço que me desculpe. Eu estava dormindo tão profundamente. Meu Deus! Estou com muita vergonha.

— Imagina, Lucas. Minha mãe me pediu para dar queijo a vocês. Está com a sua mãe.

— Nossa, obrigado. Adoro queijo.

Sorrio novamente e já sei que mamãe terá que abrir a banca sem mim. Não pretendo sair daqui nem tão cedo.

Um Amor Em 94Onde histórias criam vida. Descubra agora