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Marina

Hoje eu acordei com os lábios tremendo. Ainda sinto o gosto do pudim que a minha mãe fez. Porque eu beijei os lábios dele. Suaves e doces. Foi como caminhar por um bosque encantado. Estou quente. Zonza. Sinto uma dor na garganta. Levanto da cama e calço as minhas pantufas gastas. Estou sem forças. Não consigo andar normalmente. Abro a porta do quarto com muito esforço e vejo minha mãe subindo as escadas, com Tigresa nos braços.

— Bom dia, filha. Você dormiu muito. Já passa das sete. Acho que nós duas ficamos muito empolgadas com a noite de ontem. Bom, tome banho e café da manhã, pois o fornecedor trará mais revistas hoje e... — ela para ao reparar que estou apoiada no corrimão. — Marina?

— Eu não estou bem, mãe.

Ela põe Tigresa no chão e me ajuda a voltar para a cama. Quando me deito ela sai do meu quarto, mas logo retorna com um termômetro. Minha visão está ficando turva. Levanto minha blusa e lembro que dormi sem sutiã, então meus seios ficam à mostra, mas não é um problema. Ela põe o termômetro debaixo da minha axila. Quando o pega novamente, demonstra espanto.

— Você está ardendo em febre! Como isso foi acontecer?

Deitada, sei a resposta. A chuva. Eu fiquei com muito medo que Lucas ficasse resfriado, mas aconteceu comigo. E é claro que não me arrependo. Porque nós dois quisemos. Foi de nossa responsabilidade. E aqui está a consequência.

— Bom, hoje nós não poderemos abrir a banca. Falarei com um dos entregadores para que as remessas sejam entregues aqui em casa. Cuidarei de você. Agora mesmo irei até a farmácia e comprarei alguns engredientes para fazer uma canja para você. — assinto e minha mãe me cobre com o cobertor. — Ontem choveu muito. Acho que você não puxou a persiana completamente, Mari. Deve ter feito muito frio aqui no seu quarto. Seja mais cuidadosa. Ah, evite ficar perto da Tigresa por causa dos pêlos. Eu voltarei logo.

Mamãe beija minha testa e vejo que a quentura em meu corpo realmente a preocupa muito.

Viro de lado e durmo bem rápido.

Acordo e não sei se ainda é de manhã ou se já é de tarde. Pego o termômetro e vejo que minha febre abaixou um pouco, mas pouquíssimo. Calço os pés e sinto um gosto amargo na boca. Ainda sem forças, desço cada degrau lentamente. Não é uma escada imensa, graças a Deus. Tigresa dorme no chão, ao lado de um dos sofás e eu a evito, infelizmente.

— Mãe? — chamo, já que não ouço ou sinto sua presença. — A senhora está aqui?

Finalmente ouço o tilintar de algum talher e minha mãe aparece com um copo com água e uma bolsa. Eu me sento no outro sofá e pego o copo.

— A farmacêutica recomendou que você tomasse este remédio três vezes ao dia. Mas já passou do meio-dia, então você o tomará duas vezes. Tome um comprimido agora e o outro meia hora antes de dormir. Verificou se a febre abaixou um pouquinho? — pergunta, tensa.

Eu odeio ver minha mãe desse jeito. Não me arrependo, mas por minha causa ela não pôde ir trabalhar. E precisamos de dinheiro. É uma péssima sensação.

— Abaixou um pouco, mãe. — engulo o comprimido com certa dificuldade e entrego-lhe o copo. — Obrigada.

— Imagine, querida. Então, eu encontrei a mãe do Lucas lá na farmácia. Ele também acordou muito mal. Está espirrando muito e com dores no corpo. Acho que ele também está resfriado.

— Sério?

Estou tão chocada que por um minuto eu considerei correr até a casa dele. Mas a minha situação não está lá muito boa.

— Sim, infelizmente. Ele tomará o mesmo remédio que você. A canja está quase pronta. Prometi para a mãe dele que iria levar um pouco. E antes que você me peça, está proibida de ir. Você vai descansar! Entendido?

— Sim, mãe.

Um Amor Em 94Onde histórias criam vida. Descubra agora