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Lucas

O sol está começando a se pôr e isso é um lembrete de que preciso tomar a droga daquele remédio. Duas vezes ao dia, sempre às sete da manhã e às sete da noite. A psicóloga disse que viu progresso e que eu poderia parar de tomá-los quando chegasse o mês de abril. Mas ainda estamos em janeiro. Eu fiquei tão destruído que meus pais tiveram que marcar consultas para mim. Mas estou progredindo, como a mesma viu. Eu sinto isso. Bom, ainda falta algum tempinho para tal, então acho que irei assistir um pouco de televisão. Papai ainda não chegou do trabalho e mamãe está pondo meu irmãozinho para dormir. Sento-me no sofá e pego o controle remoto. Ouço a campainha da casa e me levanto.

— Já vou! — como se pessoa do outro lado pudesse me ouvir.

Abro a porta e vejo Marina fitando meus olhos. Está com um lindo vestido rosa com amassos visíveis. Estou tão paralisado que não consigo lhe cumprimentar. É a primeira vez que nos encontramos em um lugar que não seja na rua, sua casa ou a banca de sua mãe.

— Oi, Lucas. Tudo bem com você? — sua voz soou um pouco nervosa.

— Oi, Mari. Tudo, sim. Obrigado. E você? — eu me pergunto se ela conseguiu perceber que também estou nervoso.

Tecnicamente começo a pensar que sua mãe possa ter ficado desconfiada de algo e pediu-lhe que viesse me chamar para que fôssemos esclarecer as coisas. Mas não fizemos nada de errado. Eu quase me declarei para ela, mas não foi algo errado. Eu acho.

— Eu também. Obrigada. Então... — sua voz está falhando. Meu Deus, que nervosismo. — Desculpa aparecer do nada, sem avisar antes. É que...

— Não, imagina. Eu iria te convidar algum dia para que conhecesse a minha casa e a minha família. Fica tranquila.

Ela sorri e começa a fitar o chão.

— Vamos, entre. Faço questão. Por favor.

Abro caminho e seguro a maçaneta enquanto Marina entra e observa a enorme sala. Fecho a porta devagar e enxugo as mãos na minha bermuda. Nem percebi que estava suando frio. Coisas que o nervosismo proporciona.

— Minha mãe está preparando panquecas para o jantar e... ela gostaria que você jantasse conosco... Você aceita?

Eu jamais recusaria tal convite.

— Nossa, que honra! Eu aceito, sim. — sorrio e isso faz com que Marina core um pouco. — Não fique tão tímida assim. Não se parece com a garota que conheci há alguns dias.

— É que eu estou na sua casa pela primeira vez e nunca vi a sua mãe e o seu irmão. Basicamente eu estou muito nervosa.

— Não é preciso, acredite em mim. Eu vou avisar à minha mãe. Porque meu pai ainda não chegou e meu irmãozinho já deve estar dormindo.

Antes que eu pudesse ir até o quarto de Luís, minha mãe aparece. Sorridente, veio em nossa direção. Seus cabelos estão soltos, num volume muito bonito.

— Ouvi a campainha e estranhei você não ter vindo me contar, filho. Quem é esta garota linda?

As bochechas de Marina estão vermelhas como tomates.

— Oi, senhora. Sou a Marina. Moro aqui em frente. Conheci o Lucas recentemente e já somos amigos.

Não consigo parar de sorrir. Somos amigos. A-M-I-G-O-S! E futuramente, se ela quiser, talvez poderemos ser mais do que isso. Porque, por mim, já topo.

— Que legal. Prazer em conhecer você, linda. — Mamãe pôs o braço ao redor do meu ombro e beijou meus cabelos. — Este bobinho aqui é minha joia. Se ele quer ir, ok, não irei me preocupar. Mas venha almoçar conosco algum dia. Eu faço questão. Você também faz, não é, filho?

— É claro. Marina, vou me arrumar e talvez demore um pouco. Posso aparecer às sete e meia? — prefiro ir após tomar o remédio. Não quero que ela veja tal cena.

— Claro, não se preocupe. Preciso ir. Foi um prazer conhecê-la. Até já, Lucas.

Minha mãe e eu nos despedimos dela. Abro a porta e o portão e vejo Marina caminhar até sua casa. Estou tão apaixonado!

Um Amor Em 94Onde histórias criam vida. Descubra agora