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Marina

Com certeza a minha mãe deixou a casa na maior bagunça só porque é o meu dia de ficar em casa. Os sofás estão uma bagunça. A louça do jantar e do café da manhã está empilhada. Estou me sentindo uma escrava. Encontro o aspirador de pó próximo ao quintal e começo a remover todo tipo de sujeira que vejo pelo piso. Encontro duas moedas de cinquenta centavos e as coloco em meu bolso. Ora, achado não é roubado. Se a minha mãe me perguntar se vi o dinheiro eu irei devolver, é claro.

Subo as escadas correndo e pego meu aparelho de som. Desço as escadas e o coloco em cima de mesa de centro. Cindy Lauper começa a cantar e isso me dá serotonina para continuar a limpar a casa. Mãos à obra!

Estou terminando de guardar a louça quando ouço a campainha. Quem será? Abro a porta e me deparo com Lucas. O que ele está fazendo aqui? E por que está tão arrumado?

- Lucas? Oi. Oi, nossa! Não esperava. Aconteceu alguma coisa?

Não consigo disfarçar meu nervosismo.

Ele balbucia algo que não consigo entender. Desligo o aparelho e peço-lhe gentilmente que repita.

- Oi. Eu só queria te ver. Sei lá. Decidi sair um pouco de casa. Eu me lembrei do trajeto até à banca e fui até lá com a intenção de conversar um pouco, mas só se não fosse atrapalhar lá. Mas a sua mãe estava sozinha. Ela ficou feliz em me ver. Eu perguntei por você e ela me disse que eu poderia vir aqui. Disse que você estava fazendo faxina.

Não que eu realmente esteja fazendo faxina, mas sua fala apenas confirma minha suspeita de que minha mãe deixara a casa uma bagunça para eu arrumá-la em meu dia de folga. Que espertinha!

- Entendo. Então, eu estou terminando aqui. Quer entrar? - ele assente e abro caminho. - Pode sentar ali no sofá, a casa é sua.

- Obrigado. E com licença.

Novamente sinto o meu coração bater mais rápido. Até parece que tenho uma bomba-relógio dentro de mim. Até consigo ouvir o "tic-tac" incessante. Mas por quê?

- Você pode esperar só enquanto eu termino ali na cozinha? Não vai demorar.

- Claro, Marina. Faça de conta que eu nem estou aqui.

É possível?

Sorrio e volto para a cozinha. Graças a Deus ele não consegue ver minha expressão incrédula. Estou tão surpresa quanto feliz. Sim. Feliz em vê-lo novamente. Nós nos conhecemos ontem. Foi tão legal. Ainda sinto o cheiro em minhas mãos. Não que eu tenha cheirado minhas mãos o tempo todo. Mas eu fiz isso.

Guardo os últimos talheres e enxugo a pia. Olho ao redor da cozinha e vejo que nada está bagunçado. Está um brilho. Retiro o avental e o estendo no quintal. Volto para a sala e me sento no outro sofá, de frente para ele.

- Como está a sua família?

- Eles estão bem, Marina. Obrigado por perguntar. E vocês? Como estão?

- Tirando o fato de que a minha mãe me fez de escrava hoje, estamos ótimas. - sorrio. Um sorriso totalmente falso. Ela vai se ver comigo quando voltar!

- Que legal.

Será que ele gostou do meu desenho? Fiz com todo amor e carinho. Ou será que sua mãe ou seu pai pegou o envelope e o abriu? Não. Não. Não. Isso não pode acontecer. Estava endereçado a ele. Começo a suar frio e minhas pernas tremem.

- Você está bem?

- Sim. Só estou cansada, sabe?

- Sei, sim.

Sei que também estou nervosa com a sua presença. Ele parece tão calmo e sereno. Está tão lindo com essas roupas. Parece que saiu de algum filme. Ou de alguma história em quadrinhos. É muito legal associá-lo a isso. Devo oferecer algo a ele? Não fiz suco algum. E não tenho chocolate para oferecê-lo.

- Marina, eu não consigo parar de pensar em você. - ele diz do nada.

- Como é que é?

Nos olhares se encontram e ele sorri. Faço o mesmo.

Um Amor Em 94Onde histórias criam vida. Descubra agora