Lucas
Faz três semanas que as aulas retornaram e consequentemente eu ganhei quatro novos amigos que já não consigo me imaginar longe. As aulas tem sido boas e estou mais adaptado, mais tranquilo em relação a tudo. O nervosismo já passou, dando lugar à satisfação. De segunda à sexta eu vou à escola com Mari e lá encontramos nossos amigos. É muito bom dividir a mesma classe com eles. O mesmo lanche. Às vezes cada um leva algo diferente e na hora nós juntamos tudo e comemos no meio do refeitório.
Quando as aulas chegam ao fim eu só consigo ver e conversar com Mari pela noite, porque pela tarde ela ajuda a mãe na banca e sempre tira uma hora e meia para estudar para os iminentes vestibulares. Ainda não sei se farei o mesmo. Minha indecisão permanece.
Hoje é um dia especial. Nesta quinta-feira eu estou completando dezessete anos. Agora Mari não poderá mais caçoar de mim por ser dois meses mais velha, sendo que nós dois somos os mais velhos dentro de nosso grupo de amigos. Contextualizando: Lily fará dezessete anos em maio; Camila, em julho. Aninha em setembro e Jungwon, em dezembro. Lembro que há alguns dias ele me contou que na Coreia Do Sul as pessoas são um ano mais velhas que o habitual, que, se ele ainda estivesse lá, faria dezoito anos. Demorei um pouco para entender, mas achei diferente e... peculiar.
São duas da tarde e acabei de colocar uma toalha de mesa nova. O aroma do bolo de chocolate assando no forno está invadindo toda a casa e não seria diferente. Fã de chocolate como sou, meu bolo de aniversário tem que ser de chocolate e com recheio de chocolate. Convidei Mari, sua mãe e nossos amigos para virem aqui às seis e meia. Obviamente falei para não trazerem presentes.
Ouço a maçaneta da porta girar e olho até que meu pai entra com meu irmãozinho em seus braços e uma bolsa de papel presa em seu pulso. Seguro Luís e meu pai beija minha testa.
— Sua mãe me pediu para ir comprar algumas coisas, aniversariante!
Ele põe a bolsa em cima da mesa e eu, curioso, começo a averiguar tudo. Ele comprou dez pratos descartáveis na cor azul e um pacote com alguns copos de papel na mesma cor, além de dois pacotes de balões verdes e amarelo. Também vejo alguns itens de decoração parecidos com embalagens de papel para colocar doces e alguns chapéus de festa.
— Até chapéus? — eu rio, abrindo a embalagem.
— Sim. Para dar um pouco mais de casualidade ao seu aniversário. — meu pai responde e leva Luís para seu quarto.
Com os passos de meu pai ecoando na escada, entro na cozinha e vejo o bolo fumegante em cima da pia. Minha mãe está enrolando alguns brigadeiros e na noite anterior ela fez coxinhas e cajuzinhos.
— Olá, meu amor. Tome. — ela me entrega um recipiente com granulados e eu ajudo.
— Está feliz, meu filho? — minha mãe me pergunta quando terminamos os brigadeiros e ela tira as cascas dos pães de forma para fazer sanduíches de atum.
— Estou, mamãe. E também muito agradecido a você e ao papai. Não vejo a hora da mãe de Mari e de meus amigos chegarem. Será o melhor aniversário de todos!
Não menciono o fato de Mari e eu sermos namorados porque já faz mais de um mês e com certeza isso está bem óbvio. Meus pais perceberam que a conta de telefone aumentou devido às varias horas que nós dois temos passado conversando e vez ou outra acenando de nossas janelas. Meus pais nunca reclamaram. Eles adoram Mari e sabem o bem que ela me faz.
Pego o recipiente com o patê de atum e volto a ajudar minha mãe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor Em 94
RomanceEm algum lugar do Brasil, 1994. Marina Lopes é uma bondosa garota de 17 anos que sonha em se tornar jornalista e cobrir uma Copa Do Mundo. Administra com a mãe uma pequena banca de revistas que já vira dias melhores. Fã de música internacional, a jo...