Destino
Marina trancou a porta e sentou-se no sofá. Tigresa pulou em seu colo atrás de um cafuné. Com a mão acariciando a gata, a menina ainda sentia o cheiro dele em seu corpo. Um perfume adoçicado, mas não enjoado. Parecia essência de baunilha. Cheirou seu pulso e sentiu o cheiro dele impregnado ali. O pelo de Tigresa está cheiroso também. Marina apaga a luz da cozinha e sobe as escadas lentamente. Entra no banheiro e toma um banho rápido, só para não dormir suada. Em menos de cinco minutos ela já está escovando os dentes. Vê seu reflexo no espelho (o líquido verde escorrendo um pouco por seu queixo) e imagina Lucas ali, também escovando os dentes. Ou usando antisséptico bucal. O sorriso que chega faz com que derrube a escova na pia. Mas graças a Deus ela já terminou e então lava o rosto e guarda sua escova e o creme dental. Chegando em seu quarto, põe um CD dentro de seu aparelho de som. Rita Lee começa a cantar e Marina dança no ritmo. Puxa a persiana da janela e vislumbra a rua. Vê uma luz acesa na casa dele. Será a de seu quarto? Pelo dia é melhor de se enxergar e diferenciar as janelas. Droga! Mas ela entende e senta-se em sua cama. Suas pantufas estão um pouco gastas. É quando Marina lembra-se de que não mostrou seus desenhos a Lucas. Droga! Droga! Droga! Mas novas possibilidades aparecerão, não é mesmo? Marina até pensa que sim. Mas ao mesmo tempo ela não quer que as coisas aconteçam tão rápido. Quer curtir os momentos. Até porque sua amizade com Lucas está no começo. E tantas coisas boas poderão acontecer logo, logo. Mas que tipo de coisas, menina? Ele não tem culpa de nada, mas você esqueceu-se do que prometera quando o idiota do seu pai abandonou sua mãe? Marina Lopes, sua danadinha, você está preparada para amar um garoto? Ela respira fundo e desliga o aparelho de som. Dorme em menos de três minutos.
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Quase dez horas da noite e o menino está acordado. Onde seu sono enfiou-se? Algumas revistas estão espalhadas pela cama. Lucas pensa em emprestar algumas para Marina. Talvez ela goste. Não custa tentar, né? Mas então por que ele está receoso? Se ela não quiser ler é um direito dela. E ele sabe disso. Mas ainda assim espera que ela goste. Assim que voltou para casa e contou aos pais sobre o jantar, sua mãe ficara admirada e prometeu convidá-las em breve para um almoço. Era a segunda ou terceira vez que ela falava sobre isso. Que animação! Estava com tanto calor que tirou o terno ainda subindo as escadas. Não o jogou no chão porque custou caro. Seu banho foi demorado. Pensava muito nela. No abraço. E não, ele não fez nenhuma obscenidade durante isso. Bom, sentir o coração bater um pouco mais acelerado era obsceno? Certo. Voltando ao seu quarto, todas as revistas foram devolvidas à pequena estante e Lucas, agora vestindo uma bermuda um pouco curta e uma camisa regata exibindo os poucos pelos em suas axilas, olha pela janela e observa o fluxo de pessoas na rua. Quanta gente! Até parece que é dia de festival. A casa dela está com todas as luzes apagadas. Uma pena, talvez? Não poderia. Marina não tem culpa se, às vezes, Lucas demora a conseguir dormir. Muito se dá ao que aconteceu meses atrás. Ninguém esquece algo assim tão fácil. Meio sorrindo e meio corando, ele apaga a luz do quarto e desce as escadas. Liga a TV e encontra um filme qualquer passando. Deitado no sofá, lentamente vai fechando os olhos. Até que adormece e deixa a TV ligada.
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Um Amor Em 94
RomanceEm algum lugar do Brasil, 1994. Marina Lopes é uma bondosa garota de 17 anos que sonha em se tornar jornalista e cobrir uma Copa Do Mundo. Administra com a mãe uma pequena banca de revistas que já vira dias melhores. Fã de música internacional, a jo...