Marina
Jungwon e Aninha estão jogando nos fliperamas enquanto eu e Lily assistimos Lucas e Camila jogam dominó.
— Eu adorei a barra de chocolate que ele me deu naquele dia, amiga. — Lily comenta enquanto tomo um pouco da minha Coca.
Eu sei que aqui eles vendem bebidas para menores de idade, mas não sinto vontade disso e sei que minha mãe me mataria caso descobrisse. Estou bem tomando apenas refrigerante e comendo espetinhos de queijo e salsicha.
— Ele é fanático por chocolate e adora dividir com as pessoas que gosta. Ele te dividiu uma barra comigo quando Estávamos nos conhecendo. — confesso, olhando para ele. — Mas é quanto a você, querida amiga? Não tivemos tempo para conversarmos sobre nossas férias. Bem, sobre as suas.
Lily sorri e sei que lá vem história. Como se estivéssemos assistindo aquele programa infantil da TV Cultura em que o locutor sempre diz: "Senta Que Lá Vem História".
— Meus pais desistiram do divórcio. Estou tão feliz, amiga. — eu me levanto a abraço com força. — Além disso, estou pensando em ir para São Paulo tentar o vestibular da USP.
— Mas, Lily... — eu me detenho. — Espero que você consiga.
Meu tom de voz entrega minha surpresa aliada à tristeza de apenas imaginar minha melhor amiga bem longe de mim. Bom, ainda estamos em fevereiro. Teremos vários meses para nos prepararmos para isso e não perderemos contato, de qualquer maneira.
Lucas aparece e senta-se ao meu lado.
— Camila joga muito! Eu só ganhei duas das seis partidas. — ele repara que não estou tão animada. — Lily, quer alguma coisa?
— Não, meu querido. Obrigada pela gentileza.
Camila também reaparece.
— Será que hoje eles me deixarão cantar um pouco? — ela questiona ao sentar-se e pegar seu copo.
Fazia mais ou menos um ano que os donos da casa de jogos permitiam que Camila cantasse algumas músicas em um palco improvisado. Havia um antigo microfone que, segundo eles, fora usado por Rod Stewart anos atrás. Nós sempre ficávamos orgulhosos por ela cantar tão bem. Mesmo Lucas que a conheceu recentemente sentia o mesmo.
Lily e Camila somem de imediato e eu olho para Lucas, que de tão animado e sossegado, sequer toma seu refrigerante.
— Vai esfriar. Melhor tomar o quanto antes. — digo ao apontar para a latinha.
— Nossa, eu nem me lembrava. — ele toma um pouco e, com o canudo entre os lábios, emenda: — Acho que é porque estou muito eufórico.
— Eu vejo isso, Lucas.
Sorrio. Não tem como não sorrir, na verdade.
Já não há mais tantas pessoas aqui. Contando comigo, Lucas e nossos quatro amigos, sem mencionar os funcionários, há dezessete pessoas.
Ouço um som meio estarrecido e olho para o pequeno palco entre as caixas de músicas do local. Camila dá palmadas no microfone para testá-lo. Toco o ombro de Lucas e ele se vira para ela, que agora é a atração que todos olham e isso me alegra muito.
— Boa noite. O meu nome é Camila e eu estou no último ano do ensino médio. Adoro vir aqui com os meus melhores amigos. — Jungwon, Lily e Aninha voltam para seus lugares e juntos acenamos para Camila, que sorri. Segurando o microfone com as duas mãos, ela anuncia: — Cantarei uma música que acredito que a maioria presente conhece.
Ela olha para o lado e um dos funcionários apaga as luzes e uma das máquinas de música começa a tocar um instrumental belíssimo.
— "Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria..."
Deixo que a sintonia aliada à emoção me levem para onde eu mais tenho estado desde que Lucas aparecera em minha vida: seu coração.
O vocal doce de Camila faz com que eu derrube lágrimas.
Eu não poderia estar mais feliz.
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Um Amor Em 94
RomantizmEm algum lugar do Brasil, 1994. Marina Lopes é uma bondosa garota de 17 anos que sonha em se tornar jornalista e cobrir uma Copa Do Mundo. Administra com a mãe uma pequena banca de revistas que já vira dias melhores. Fã de música internacional, a jo...