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Marina

Depois que Lucas me contou a respeito do episódio em sua antiga escola, eu me tive que me recompor. Foi difícil... Zézinho e Arlete queriam nos trazer de volta, mas optamos por voltar de ônibus. Às quatro da tarde nós saímos de lá e voltamos para nossas casas às seis horas. Nos despedimos com um abraço longo e apertado. Lucas disse que iria passar aqui em casa após o café da manhã. Termino o meu e subo as escadas para pegar minha mochila. Minha mãe está segurando Tigresa. Faço carinho nela e beijo a bochecha de minha mãe.

— Estou ansiosa, mãe.

Ela sorri.

— Vai dar tudo certo, meu amor. Ajude Lucas com o que ele precisar, ok? — ela comprime os lábios.

— Sempre, mamãe. Sempre. Até mais.

Aceno para ela e desço as escadas. Abro a porta e encontro Lucas parado do lado de fora, quase encostando no portão de minha casa.

— Bom dia, Lucas.

— Bom dia, Mari.

Abro o portão e nos abraçamos sinto o aroma suave e delicado de seu perfume que, dependendo da situação, faz com que eu use palavras diferentes por vez.

Ele está tão arrumado, está lindo! Os sapatos All-star combinam com sua calça jeans. Ele ainda não possui o uniforme da escola, então está com uma camiseta amarela com um bolso repleto de listras ao redor. Minha mãe sempre me disse que no primeiro dia de aula era melhor ir com roupas diferentes, por isso escolhi uma calça jeans nova e uma blusa rosa de mangas. Fiz um coque e apliquei um pouco de maquiagem. Eu me sinto linda.

Fecho o portão e começamos a caminhar.

— Por que não tocou a campainha? — pergunto, acenando para alguns vizinhos.

— Estou ansioso. E um pouco leve após ter contado o que aconteceu. Contei aos meus pais e eles acharam certo você saber o que aconteceu. Ah, liguei para a minha psicóloga e ela virá me visitar na quinta-feira. Ela me liberou de tomar o remédio pela manhã. A partir de hoje tomarei apenas pela noite.

— É um grande progresso, meu amor.

Percebo que num instante já estamos longe da rua onde moramos. Paro em frente ao semáforo e Lucas olha para mim.

— Fique calmo. Ninguém fará mal a você. As pessoas de lá, pelo menos bem mais que a maioria, são legais. Meus amigos estão ansiosos para conhecê-lo, Lucas.

Atravessamos a pista.

— Também quero conhecê-los, Mari. Principalmente a Lili.

— Ela é muito tagarela, mas com certeza vocês se darão bem. Não tenho muitos amigos, mas em começo de ano letivo sempre surgem novos alunos, e não talvez nós consigamos novas amizades. O que acha disso?

— É meio assustador, mas interessante ao mesmo tempo, Mari.

Amo quando ele me chama assim.

Vejo ao longe os muros da escola e me animo.

— É bem ali. Consegue ver? — aponto para os muros à frente.

— Consigo. Nossa!

Afago suas costas e me sinto muito privilegiada por tê-lo em minha vida. Estamos prestes a estudarmos juntos e isso me acalenta de uma maneira que fica até difícil tentar mensurar.

— Ontem foi um dos melhores dias da minha vida. — Lucas revela enquanto cada vez mais nos aproximamos da escola.

— E também da minha vida, Lucas.

Ele sorri para mim e apoia a cabeça em meu ombro, mas apenas por um milésimo de centésimo de segundo, já que estamos a poucos passos dos portões azulados.

É uma nova atmosfera. Há uma bandeira do Brasil pintada em uma faixa ao lado de uma árvore, fazendo alusão à Copa de 1994, daqui a alguns meses. Está árvore está aqui desde que eu comecei a estudar nesta escola. Que nostalgia! Nem parece que a vi há dois meses.

Acenamos para Gastão, o gentil e idoso porteiro, que eu comentei com Lucas enquanto voltávamos da viagem.

— Chegamos, Lucas!

Um Amor Em 94Onde histórias criam vida. Descubra agora