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Lucas

Domingo demorou uma eternidade para chegar. Não falo com Mari desde a noite de sexta. Foi escolha minha. Quis ficar todo o sábado sem me comunicar com ela para que hoje pudesse matar minha saudade. Estou praticamente recuperado, graças a Deus. Ainda solto alguns espirros, mas não sinto mais febre e todos os outros sintomas chatos. Eu soube que Mari também está bem melhor. Olho para o meu relógio de mesa e vejo que ainda não passa das sete da manhã. Tive dificuldades para dormir por conta da minha ansiedade, já que iremos passear daqui a pouco. Não marcamos uma hora exata, mas acredito que iremos agora pela manhã. Meus pais ficaram muito felizes quando lhes contei e eles permitiram. Acho que eles jamais negariam, haja vista que adoram Mari.

Faz alguns minutos que tomei banho e escovei os dentes, mas ainda não troquei de roupa. Estou sentado na minha cama, com a toalha em volta da cintura. Bom, eu ainda estou na fada da puberdade e não havia reparado na quantidade de pelos abaixo do meu umbigo, por isso peguei um barbeador novo do meu pai e removi todo o excesso de pelos. Não gosto muito. Não que isso fosse ter alguma importância no dia de hoje.

Visto a cueca, a bermuda jeans que minha mãe lavou recentemente e um cinto de couro que raramente uso, mas que talvez combine com a camiseta Polo listrada que acabei de vestir. Puxo a persiana da janela e vejo que Mari já fez o mesmo, mas não consigo vê-la daqui. Isso mostra que ela já está acordada, então preciso me adiantar.

Beijo a testa da minha mãe e a bochecha do meu pai. Meu irmãozinho ainda está dormindo, mas beijei seu rosto antes de descer as escadas.

— Lucas, você não vai tomar café da manhã antes de ir? — meu pai pergunta enquanto segura uma xícara com café.

— Não, pai. Obrigado. Acho que iremos tomar café lá. Onde quer que seja. Ah, não sei se voltarei a tempo de almoçar, por isso não me esperem e, por favor, não fiquem preocupados. — pego minha mochila nova, que também usarei na escola. — Estou muito animado e ansioso. — meu pai assente e minha mãe, que estava sentada ao lado dele, assopra um beijo para mim e eu sorrio, abrindo a porta e o portão.

Acho que escolhi uma meia um pouco pequena, pois meus dedos estão muito pressionados e estou tendo dificuldades para andar.

Há várias pessoas na rua e algumas me cumprimentam com acenos e sorrisos que eu retribuo. São ótimos vizinhos. Paro em frente à casa de Mari e toco a campainha. Distraído enquanto ela não aparece, sinto uma sensação diferente nos lábios. Uma sensação boa, como uma dormência. Não que dormências sejam boas, mas esta, é.

— Pensando na vida, Lucas Souza? — Mari me pergunta e volto à realidade. Está tão linda! Nunca a vi antes com esta saia rosa e esta blusa branca com detalhes parecidos com redemoinhos. Está calçando tênis muito bonitos. — Certo. Pare de olhar tão detalhadamente para mim. Estou ficando envergonhada.

— Ah. Desculpa, Mari. Bom dia. Cheguei cedo? — pergunto ao nos abraçarmos.

— Não. Chegou em uma boa hora. — ela responde enquanto afaga meus cabelos. — Bom dia para você também.

Nosso olhares encontram-se e logo entendo o porquê. Por mais que estejamos namorando, ninguém além de nós dois sabe disso e eu também sei que é comum namorados trocarem beijos ao se verem, mas não sei muito bem como fazer isso, ainda mais no meio da rua. Até acredito que Mari gostaria, mas deve ser melhor não insistir em algo que não me deixa inteiramente certo.

— Você tomou café da manhã? — nego com a cabeça e Mari prossegue: — Nem eu. Mas ainda é cedo. Vamos buscar a minha mochila e irmos para o ponto de ônibus.

— Nós vamos de ônibus?

— Sim, Lucas. Algum problema? Você fica enjoado ou nunca andou de ônibus?

— Não fico enjoado e já andei, sim. Só estou surpreso. Mas muito animado.

Mari sorri e puxa minha mão direita. Entramos em sua casa.

Um Amor Em 94Onde histórias criam vida. Descubra agora