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Destino

Deitada em sua cama, ouvindo Os Paralamas Do Sucesso em volume baixo para não acordar sua mãe, Marina ainda estava com o corpo arrepiado por causa do calor da mão dele. Sabia que todos lá presentes viram a cena e podiam ter interpretado de outras maneiras. Mas se eles tivessem interpretado que ambos sentiam uma atração pelo outro, acertaram. Porque Marina sabia que Lucas também gostava dela. No início de sua amizade ele dissera que pensava muito nela, mas não de um jeito romântico. E tudo bem, àquela altura poderia ter sido assim mesmo. Mas agora ele gostava muito dela. Ficava tão na cara, tão explícito. Mas ela tinha medo. Medo de acontecer o mesmo que seu pai fizera. Não que ela pensasse que Lucas faria o mesmo. Não. Ela só não queria criar muitas expectativas. Porque ela criava muitas quando seu pai ainda estava presente. Ele era o melhor pai do mundo. Por isso ela também pensou que estava realmente preparada para amar alguém. Queria beijar alguém. Não queria dar um selinho igual fizera no primeiro ano com um colega de classe. Fora seu primeiro beijo. E só. E estava tudo bem. Agora que ela só pensava nele e em tudo o que o formava, ela desejava beijá-lo urgentemente. Não estava necessitada. Estava apaixonada. E isso era bonito de se ver. Porque Marina era uma menina boa. E meninas assim só mereciam entrar em relacionamentos com pessoas também boas. E Lucas era bom. Bom até demais. Onde estavam seus defeitos? Mas ele possuía algum? Ele era lindo. Era muito lindo, não era, Mari? E o desenho? Quando iriam falar sobre isso? Quando foi que começara a chover? Ela não sabia. Mas ela via a luz acesa da janela de seu quarto. E em dois minutos estava na rua, com seu guarda-chuva rosa.

☣️

Lucas estava em pé ao lado da cama. Comeu mais um pouco do pudim. Que pudim delicioso! Já comera três vezes e ainda havia um pouco na geladeira. De manhã ele iria devolver o depósito. Isso porque era o certo a se fazer, mas também porque queria vê-la. Não gostava de ficar sem vê-la durante as horas em que dormia. E não era toda hora que eles encontravam um ao outro. Marina trabalhava. Estava chovendo muito. A luz do quarto dela estava acesa. Lucas queria vê-la. Porque já estava com saudades dela. Seu coração chorava quando eles se despediam. E ele não queria soar como um amigo obcecado. O que Lucas mais queria era beijar sua boca. Ele não faria nada que ela não quisesse. Mas no fundo ele sentia que ela gostava dele na mesa intensidade que ele queria passar o tempo junto dela. Ambos eram espertos. Sabiam identificar os sinais de quando se estava apaixonado. E deixavam isso tão óbvio sempre que estavam juntos. Seus pais sabiam que ele, pelo menos no momento, gostava mais de Marina do que histórias em quadrinhos. Como se eles pudessem fazer parte de uma edição de colecionador. E Lucas queria fazer parte de muitas coisas ao lado dela. Iriam juntos para a escola e Mari certamente iria ajudá-lo. Ela saberia o que acontecera em sua escola anterior. Ele queria que ela soubesse de tudo. Dos remédios. Da psicóloga que estava por vir. Porque ela era incrível. Generosa. E, acima de tudo, era sua amiga. Sua melhor amiga. Marina, olhe como você deixou o coração do seu amigo... isso era lindo! O primeiro amor. A essência de tudo. E ele não pensou duas vezes antes de descer as escadas minuciosamente e sair de casa. Não pegou guarda-chuva e nem capa. Não se importava de contrair uma gripe, pois a menina mais linda do mundo estava parada em sua frente.

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