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Marina

Acho que estou começando a ficar viciada em chocolate também. Talvez eu deva gastar toda a minha mesada com isso. Ou será que estou exagerando? Talvez eu só queira sempre ter uma barra em meu bolso para quando Lucas aparecer e eu puder lhe dar. Não que isso seja submissão. Credo! Mas gosto de agradar as pessoas. Embora o meu dinheiro não seja muito. Bom, melhor não pensar em tal hipótese. Quero mesmo é aproveitar sua presença aqui em casa.

Ele me pergunta se pode ir até a cozinha lavar as mãos. Vamos juntos. Quando abro a torneira rápido demais, água molha sua camiseta. Grito!

— Meu Deus, Lucas! — pego papel-toalha e lhe entrego. — Não foi a minha intenção, eu juro. Sério. Desculpa.

Ele começa a rir feito uma hiena.

— Não, tudo bem. — eu me acalmo com suas palavras. — Não tem problema. De verdade. — entrego-lhe outro papel. — Obrigado.

Eu me encosto na mesa e me sinto um pouco eufórica. Ou meio desorientada. Porque tudo tem acontecido tão rápido. Mas estou feliz. Muito feliz.

— Mas então, algo de bom aconteceu hoje? Digo, alguma novidade? — pergunto por fim.

Na verdade eu apenas quero saber o que ele achou do meu desenho. Eu poderia tê-lo avisado ou até escrito algo no envelope, mas acho melhor ele tirar suas próprias conclusões. Até onde sei eu não dei a ele nenhum indício de que fui eu quem lhe desenhou.

Quando ele joga os papéis na lixeira da pia, diz:

— Não, não. Quer dizer, estou aqui na sua casa. Estou gostando. Venha me visitar algum dia. Meus pais irão adorar você.

Sorrio. Mas por dentro me sinto tola. Ele sequer demonstrou alguma reação que desse a entender que ganhara algo pela manhã. É impossível que ele ainda não tenha visto o envelope. Ou seus pais. Tentando não deixar o meu desapontamentos transparecer, digo:

— Sim, por que não? — nós rimos. Sua risada é engraçada. — Só precisamos marcar um dia.

— Que tal no domingo? Vou pedir para a minha mãe preparar uma lasanha que ninguém mais faz igual. Você poderá almoçar conosco. Que tal?

Seu sorriso me faz aceitar sua sugestão sem que eu emita som algum.

— Claro, será ótimo. — respondo, após perceber que não dissera nada para confirmar.

Tigresa aparece e a pego em meus braços. Ela se espreguiça tanto que até parece uma contorcionista. Lucas faz carinho em seu pelo alaranjado. Sinto cócegas quando ela rapidamente pula e a mão dele acaricia minha barriga. Mas então eu me volto para trás e ele põe a mão no bolso da calça. Estou um pouco constrangida, mas também querendo rir. Porque foi engraçado, de qualquer maneira.

— Eu não queria... Desculpa. Eu... — sua voz some tão rápido quanto dinheiro caído na conta. — Acho que está na minha hora. Quase dez da manhã. Mamãe deve estar preocupada.

— Ok. Irei te levar até a porta.

Caminhamos lado a lado e abro a porta. Ela para do lado de fora em frente a mim. Começo a sorrir e digo que adorei passar a mãe com ele.

— Quando a minha mãe chegar eu irei contar tudo a ela. Tenho certeza de que ela já adora você.

— Tomara. Tchau, Marina. — Lucas sorri novamente antes de se virar e caminhar. Mas volta a olhar para mim.

— Tchau, Lucas. Apareça outras vezes.

Ele assente e começa a andar. De onde estou não consigo ver sua casa. Então subo as escadas na maior pressa e entro em meu quarto. Da janela eu consigo vê-lo abrir o portão de sua casa.

Aceno mesmo que ele não veja e fico admirando-o. O portão se fecha e ele some de minha vista. Mas não dos meus pensamentos.

Um Amor Em 94Onde histórias criam vida. Descubra agora