Meraki - Chefe e Secretaria

Capítulo Seis: Controle o seu filho!

Enquanto conversávamos sobre os afazeres de hoje o elevador se abria novamente anunciando a chegada de Maya. Alessandra a fuzilou com o olhar fazendo com que o sorriso da garota se desmanchasse aos poucos.

— Isso são horas, senhorita Campbell? — Perguntou se encostando na minha mesa e ficando de costas para mim.

— Sinto muito, Alessandra, não vai acontecer de novo.

— Esperamos que sim. Aproveitando que você chegou, pode começar a revisar e adiantar algumas papeladas para mim e fazer algumas ligações para os fornecedores.

— Pensei que eu fosse te acompanhar hoje nas reuniões.

— E eu pensei que você entrava as oito e meia, mas, pelo visto você entra a hora que quer. Veja como nós podemos facilmente se enganar. — Ironizou. — E dessa vez não terá a Angélica para fazer o seu trabalho...

— Como? Me desculpa mas isso não é verdade.

— Ah não? E como uma pessoa sem experiência poderia balancear com tanta maestria aqueles contratos?

Maya ficou em silêncio. Me segurei para não sorrir, estava na cara que ela sabia, então sem ter como se defender a garota se sentou e começou a trabalhar como deveria ter feito a muito tempo. Ela também me olhava com irá mas eu não podia fazer nada. Quando Maya passou o primeiro horário da reunião, Alessandra e eu nos aprontamos para sair entrando direto no elevador.   

A loira permanecia com uma expressão séria, tentei então puxar assunto pois eu me sentia muito desconfortável com esse silêncio.

— Então a senhora sabia sobre...

— Você fazer as tarefas que eu designei para a Maya? — Completou sem me olhar. — Mas é claro que sim.
 
— Sinto muito...

— Pelo o quê, Angélica? Não tem pelo o que se desculpar, só acho estranho você ter feito isso.

— É que eu não sei dizer, não, para os outros.

— Pois já está na hora de aprender.

— Posso começar dizendo que, não, vou ficar para fechar as salas na hora de ir embora porque além de tomar um tempão o elevador ainda para de funcionar me obrigando a usar as escadas.

Alessandra sorriu sutilmente ao me olhar.

— Olha, então quer dizer que a senhora também sorri? Pensei que a senhora tivesse paralisia fácil.

— Muito engraçado, senhorita DeMarco. — Diz sem cessar o sorriso.

O elevador se abre permitindo a nossa saída. Nos direcionamos até o estacionamento em passos largos pois tínhamos apenas dez minutos para chegar.
 

~•~

 
Havíamos chegado bem em cima da hora. Os homens a qual iríamos falar eram corretores de imóveis de outro lugar e após chegarem em Manhattan resolveram contratar os nossos serviços. Estranhei o fato de Alessandra ter aceitado trabalhar para eles, não querendo desmerecer mas haviam propostas muito melhores de empresas vizinhas e se fosse o seu pai, Connor Salazar, administrando as coisas tenho quase certeza que ele não aceitaria levando em conta os diversos trabalhos acumulado que nós estamos...

— Aceitar mais uma proposta não é uma das melhores hipótese.

Escolhemos uma mesa e nos sentamos.

— O quê você quer dizer com isso, Angélica?

— Não me leve a mal, senhora, mas nós estamos até o pescoço de trabalho acumulado o qual o seu pai deixou pendente depois que ele... — Fiz uma pausa ao me dar conta do que eu iria dizer. — A senhora sabe...

— Não precisa ficar nervosa cada vez que citar que ele morreu. Eu só aceitei ajudá-los por serem meus amigos de longa data. Se fosse algo maior tenho certeza que você não estaria me pedindo para recusar. — Levou sua atenção para mim. — Não dá para negar que você trabalhou para o renomado, Connor Salazar, ele te ensinou tudo direitinho... Você até pensa como ele.

Entreabri a boca para dizer algo mas fui interrompida pelos homens que acabará de chegar. Confesso que esse comentário me intrigou por não saber se eu levava como uma crítica ou um elogio.

— Bom dia, Alê.

O homem de cabelo grisalhos falou lhe dando um beijo no rosto e logo em seguida foi a vez do seu amigo.  

— Como vai, Bruce.
 
— Muito bem para falar a verdade mas nós ficaríamos melhor se você nos ajudasse.

— Mas é claro. Mostre para eles como funciona, Angélica. 

Concordei, pegando o tablet da empresa.

— Nossa empresa trabalha com um conjunto de estratégias e ferramentas usadas para ajudar a promover o seu negócio e vender serviços e produtos no ambiente digital. Começaremos então definindo os seus objetivos, pesquisando e conhecendo o seu público alvo, estabelecendo uma boa estratégia, definindo os canais do marketing a serem utilizados... Depois tem todo aquele processo do cronograma que ficará mais claro depois que os senhores entrarem em um acordo e lerem os seus contratos... 

— Além de bonita ela é muito eficiente. — O segundo rapaz me interrompe com um sorrisinho pretensioso, sem tirar os olhos de mim.

Senti minhas bochechas corarem e me senti envergonhada ao notar que todos na mesa haviam notado.

— Vou pedir para que controle o seu filho, Bruce, eu trouxe a Angélica para ajudar e não para se sentir constrangida com comentários desnecessários. — Alessandra ordenou de forma séria.

— Mas eu nem falei nada demais, só elogiei dizendo o quanto ela é bonita e eficiente. Se soubesse os tipos de pensamentos que eu tenho a olha-la, ai sim, teria motivos para se envergonhar.

— Vou pedir para que se retire da mesa e nos deixe a sós com o seu pai! Isso se ainda quiserem a minha ajuda. 

O garoto balançou a cabeça para os lados ainda com aquele sorriso desnecessário no rosto. Assim que ele se levantou e se foi, eu me senti mais confortável. Eu sei que foi só um “elogio,” mas eu estou aqui apenas para cumprir com o meu trabalho.

— Sinto muito, Alê!

— Não é você que tem que se desculpar e sim o seu filho, e as desculpas não devem ser para mim e sim para a minha secretária. 

— Tem razão, é que ele só está chateado por ter perdido um contrato de cento e cinquenta e nove milhões de dólares em uma mansão de luxo, localizada na Flórida.

— Com esse tipo de comportamento não me admira em nada. — Dizia enquanto chamava o garçom. — Pois bem, vamos terminar o que nós começamos porque eu tenho mais coisas para fazer. — Cruzou as mãos sobre a mesa. — E tenha certeza que se ele faltar com respeito novamente com a minha secretária, um contrato milionário não será tudo o que ele perderá... Estamos entendido?

Bruce apenas concordou com a cabeça e sem retrucar.

Olhei para Alessandra e não pude deixar de sorrir em forma de agradecimento. Então por fim nós continuamos com o nosso trabalho.