Penúltimo: Já Não Éramos Nós

2.6K 245 26
                                    

E mesmo no futuro mais distante
nunca esqueça o você
de agora...

Com amor, Meraki

~•~

Horas atrás.

Chegamos no tribunal pela segunda vez.

Dessa vez as coisas foram diferentes. Fomos direcionadas para uma sala aonde as únicas pessoas permitida nessa reunião fossem apenas a Alessandra, eu e os nossos advogados. Minha família teve que permanecer ao lado de fora. Enquanto esperávamos na sala, eu fazia de tudo para não ter que encarar a mulher por quem eu sempre fui apaixonada. Era algo difícil e de certa forma constrangedor, então por esse motivo eu ficava torcendo para que o Juiz aparecesse o mais rápido possível antes que o meu coração saltasse pela boca. Cerca de quinze minutos depois a porta foi aberta. O Juiz adentrou e atrás dele se encontrava um homem de terno azul marinho, segurando nas mãos um envelope pardo. Apenas a vossa excelência se sentou enquanto o mesmo permanecia em pé logo atrás. Todos nós se levantamos e voltamos a se sentar apenas com a sua ordem. Alessandra não esboçava reação nenhuma e permanecia estética, ela também evitava o nosso contato visual e por um segundo eu agradeci aos céus por isso.

Engoli em seco assim que o Juiz iniciou a nossa pequena audiência.

Ele citou alguns estatutos e nos recordou sobre algumas leis para enfim chegar ao ponto.

— Tenho que esclarecer que essa audiência será a mais breve possível. Com base nas alegações da senhorita DeMarco, nós abrimos inquérito pelas acusações da Crystal Foster que neste momento já deve ter sido intimada. — Pegou o envelope pardo. — Sobre o testamento, ele foi forjado e o resultado está em mãos, mas antes de tudo eu gostaria de perguntar para as duas se vocês tem algo para dizer ou acrescentar. — Cruzou as mãos em cima da mesa. — Entrego a palavra para a senhorita Alessandra Salazar.

A mesma assentiu com a cabeça.

— Eu só queria deixar claro que independente do resultado que o senhor der, a Lindsey Campbell sempre será a minha filha. Ela não nasceu de mim e ela não tem meu sangue... — Sorriu tristemente, encarando suas mãos que se encontravam no colo. — Mas é como se tivesse. E eu nunca imaginei que pudesse ser mãe, nunca foi algo que eu quisesse, nunca esteve nos meus planos cuidar de uma criança porque na minha cabeça isso não era pra mim, minha vida nunca girou entorno disso... Até que do nada a Lind apareceu na minha vida e mudou tudo. — Lágrimas desceram pelo seu rosto fazendo com que ela as enxugasse rapidamente. — Ela foi a melhor coisa que aconteceu em toda a minha vida medíocre, ela me amou sem esperar algo em troca e de repente nós nos tornamos melhores amigas. Todos os dias depois da escola, ela contava como foi seu dia. Dormíamos juntinhas, e não sei se a Angélica notou quando apareceu na minha casa no outro dia mas eu até coloquei algumas estrelinhas no teto para que a Lind pudesse admirar até pegar no sono. — Olhou na minha direção depois de um bom tempo sem fazer contato visual. — De manhã quando abria os olhos, ela estava em cima de mim me encarando fixamente como se estivesse esperando eu acordar. Eu tirava ela de perto e dizia o quanto ela era estranha e do nada ela começava a rir. Com o tempo eu fui me apegando aos seu jeitinho e a suas manias. — Parou um segundo como se estivesse pensando em algo. — Não sei, eu costumava pensar que a Angélica fosse a pessoa mais importante para mim... mas eu vi que estava errada. — Olhou novamente para mim. — Não se engane, você é e sempre será o amor da minha vida e não importa o quanto eu tente, não importa com quantas pessoas eu vá para cama... Será você que surgirá na minha cabeça. É você em que eu penso ao acordar e na hora de dormir. Decide que mesmo que nós nunca fiquemos juntas novamente... Eu não vou mais me relacionar com ninguém. Prefiro viver o resto da minha vida sozinha do que viver com outra pessoa. — Comprimiu os lábios. — Para terminar eu gostaria de dizer o que aconteceu na noite em que a Maya morreu. Bom, a Angélica estava muito transtornada com o que havia acontecido e me deixou responsável pela Lindsey, então eu á levei para casa e assim que chegamos a garotinha começou a fazer uma algazarra enorme e eu pensei que ficaria louca. De repente ela parou de brincar e veio na minha direção com a mãozinha no coração dizendo que estava sentindo uma dor muito forte mas ela não sabia dizer o porquê. Nesse momento eu notei que ela havia sentido a morte da sua irmã. Peguei ela no colo e contei que talvez essa dorzinha que ela estava sentindo, não fosse passar nunca, mas que ela poderia ser aliviada com a forma que lidasse com isso... Expliquei que ela teria que ser forte independente do que acontecesse e nessa noite eu jurei que á ajudaria com isso se a dor estivesse insuportável demais. Lindsey me fez jurar de dedinho e perguntou se eu não gostaria de ser a sua melhor amiga e eu aceitei. — Voltou a chorar. — Então seja como for, tudo o que eu quero é que ela fique bem... Independente de qualquer coisa. Se eu não ficar com ela, peço somente para que a Angélica diga que mesmo longe... Eu cumpri com a minha promessa.

Meraki - Chefe e SecretariaOnde histórias criam vida. Descubra agora