Cinquenta e Sete: Martírio

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Quando retornei para casa, Lind ainda estava acordada

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Quando retornei para casa, Lind ainda estava acordada. Contei o que havia acontecido sem citar a parte em que dei de cara com Alessandra. A criança abriu a boca para chorar, sem se importar com a minha explicação. Deitei-me na cama abraçada ao seu corpinho frágil e fiquei afagando o seu cabelo durante um bom tempo até que ela se acalmasse e pegasse no sono. Suspirei pesadamente. Fiquei remoendo tudo o que havia acontecido nessa noite, olhei para a expressão serena de Lind e me questionei se o melhor a se fazer não era seguir enfrente assim como Alessandra estava fazendo. Senti as lágrimas virem átona, recordando de todos os momentos bons e ruins que nós tivemos, tentei chorar silenciosamente para não acorda-la. Tudo o que eu almejava era a paz e o sossego, estava exausta de brigar feito cão e gato com a Alessandra por absolutamente tudo, sempre que estávamos bem algo insistia em dar errado como se esse fosse o nosso destino. De certa forma isso afetou até mesmo a Lind, com todas as desavenças que tivemos ela acabou perdendo a vontade de realizar uma festinha de aniversário e de viajar para o acampamento do colégio. Eu precisava resolver as coisas de uma vez por todas sem continuar afetando-a para que no futuro ela tivesse uma vida normal como qualquer outra criança.


~•~


Dia 17 de dezembro de 2022

E finalmente o dia da audiência havia chegado. Estávamos minha mãe, Caleb e o advogado Romero em casa discutindo mais uns assuntos importantes antes de ir até o tribunal; mesmo participando desse ensaio para fazer tudo certinho na hora, eu me mantinha com a cabeça longe pois seguiria um novo plano caso esse desse errado, o que já era mais provável. Deixamos Lind na lanchonete na companhia dos familiares de Thalles para que ela não precisasse ver o que estava realmente acontecendo. Uns quarenta minutos depois, Romero me chamou fazendo com que a minha atenção se voltasse a ele, com os olhos semicerrados, ele perguntou se eu havia entendido tudo. Balancei a cabeça positivamente me levantando da mesa e pedindo licença para que me retirasse, Caleb quis saber aonde eu estava indo, então inventei uma desculpa esfarrapada pedindo para que os três fossem na frente.

Felizmente eles concordaram. Peguei a moto e dei partida para conversar com uma pessoa que na minha cabeça, me entenderia e provavelmente me instruiria. Confesso que eu nunca me senti tão sozinha como estou me sentindo agora. 

— Tem alguém ai? — Perguntei após bater na porta do estabelecimento e olhar para dentro através da porta de vidro. Eu pilotei a moto cerca de vinte minutos até chegar aqui para no final não encontrar absolutamente ninguém.

Assim que dei as costas ouvi sua doce voz.

— Angélica? — Chamou. — Angélica DeMarco? — Chamou-me pelo nome completo para ter certeza de que era realmente eu.

— Anna! Ainda bem. — Ofereci o meu melhor sorriso indo em sua direção e recebendo olhares curiosos. — Desculpa ter aparecido assim sem mais nem menos, só que eu estou precisando conversar com alguém e pensei que você poderia me ajudar pelo menos me dando ouvidos.

Meraki - Chefe e SecretariaOnde histórias criam vida. Descubra agora