Capítulo Vinte e Nove: Crystal Sendo Crystal

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— Quem você disse que está aqui? — Maya perguntou desacreditada, após ter voltado do banco e eu ter contado a ela

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— Quem você disse que está aqui? — Maya perguntou desacreditada, após ter voltado do banco e eu ter contado a ela.

— A Crystal Foster ou Salazar... Não sei, ela ainda usa o nome de casada?

— Aquela mulher é uma cobra. — Falou sem dar a mínima importância para a minha pergunta. — Ela pode ser sexy e atraente mas não se deixe enganar...

— Foram poucas as vezes que ela apareceu na empresa quando o seu marido estava vivo, então não tenho como julgar, aliás ela sempre me tratou bem. — Pensei um pouco. — Na verdade ela nunca pareceu se importar com a minha existência. — Dei de ombros.

— Crystal sendo Crystal.

Meu telefone tocou interrompendo a nossa fofoca e não demorou até que eu atendesse. Era a nossa chefe que me chamava na sua sala. Confesso que senti um calafrio, pois as memórias da minha briga com a Alessandra vieram átona no mesmo instante. Lembro-me de ter sido acusada de dormir com o seu pai, se ela chegou a pensar algo como esse, provavelmente alguém tenha colocado essa ideia na sua cabeça. Céus, será que a sua mãe pensa que eu fiz uma coisa dessas? Não pode ser.

Caminhei em passos vacilantes até chegar na porta da sua sala. Suspirei pesadamente olhando para trás e vendo a cara de velório que Maya fazia, revirei os olhos, por culpa dela agora eu tinha mais medo ainda da Crystal. Bati na porta até que Alessandra permitisse a minha entrada, assim que coloquei os pés para dentro, suas atenções foram voltadas a mim.

— Com licença.

— Pode entrar, Angélica.

Concordei timidamente.

— Então é você... — Crystal proferiu de forma séria.

— Eu? Não! Não, senhora, eu jamais faria isso. — Me desesperei. — A Alessandra deve ter se enganado!

— Angélica... — Alessandra me lançou um olhar de reprovação fazendo com que eu me calasse.

— Por Deus, Louise, não faz nem um ano que você entrou para a presidência e já deixou a menina assim? — Balançou a cabeça em negação. — Não se preocupe, querida, eu tenho o contato de uma ótima terapeuta. — Me estendeu um cartãozinho após tirá-lo da sua bolsa.

Peguei o cartão ainda sentindo as minhas pernas bambas, talvez eu estivesse mesmo precisando de uma terapeuta. Alessandra revirou os olhos explicando que sua mãe queria apenas conhecer a secretária que ajudaria nos preparativos do baile de máscaras a qual ela gostaria de participar, em seguida ela me avisou que nós precisávamos conversar seriamente sobre alguns e-mails que eu deixei de passar para ela, franzi a testa confusa e sem saber ao certo de que e-mails se tratava.

— Graças a deus você escolheu outra pessoa que não fosse a Maya, aquela garota é tão inconveniente de vez em quando. Acredita que eu já peguei ela nua no meio da minha cozinha? Eu avisei que aquilo era uma falta de respeito e que ela tinha sorte do meu marido estar viajando, então ela se virou e disse que preferia mil vezes a esposa. — Olhou para a sua filha. — Agradeceria muito se a Alessandra soubesse escolher as mulheres que ela costumava levar para cama.

Meu queixo caiu com as coisas que ela havia acabado de dizer.

— Mamãe, por favor!

— Eu só estou dizendo...

— É melhor a gente começar o mais rápido possível para você ir embora daqui.

— De forma alguma, eu ficarei até a noite do baile, espero que não seja um problema. Quem sabe a Angélica não se dê tão bem comigo, quanto com o meu marido. — Me encarou fixamente com um sorriso de lado.

Senti meu coração errar uma batida, Crystal conseguia ser dez vezes mais intimidadora do que a sua filha. Então com o mesmo sorrisinho pretensioso, ela tirou sua bolsa de cima da cadeira e pediu para que eu me sentasse ao seu lado, concordei me sentando e pedindo socorro com os olhos, Alessandra apenas deu de ombros sem ter nada melhor para fazer.

~•~


Alessandra havia dito que nós começaríamos os preparativos amanhã mas se dependesse da sua mãe o baile já aconteceria hoje mesmo. Crystal é muito exigente, ela não aceita as ideias da sua filha, quer mandar e desmandar em absolutamente tudo, além de ser inconveniente. Não perde uma oportunidade de colocar a Alessandra pra baixo e isso de certa forma me fez sentir uma raiva imensa pois eu detestava vê-la tão impotente, era como se nada do que ela fizesse ou disse importasse.

Paramos de trabalhar apenas quando Alessandra avisou que o horário de expediente havia acabado, porém, ela teve que ficar mais um pouco na empresa.

— Você é tão gentil, querida, não é atoa que o meu marido te venerava. — A mais velha dizia enquanto me acompanhava para fora da sala.

Foi tudo tão rápido que eu mal pude me despedir da Alessandra e quando eu sai da sua sala a Maya também não estava, provavelmente ela estava fugindo da Crystal.

— Obrigada. — Eu acho.

— Se tudo continuar como está nós chegaremos longe! — O elevador a nossa frente se abriu.

Quase ajoelhei agradecendo aos céus.

— Eu não duvido nada. — Forcei um sorriso pulando dentro do elevador até que ela me seguisse. Céus, até quando eu terei que atura-la? — A senhora não precisa me acompanhar até lá embaixo.

— Oh, eu faço questão!

Engoli em seco, permaneci calada até que ela começasse a falar cortando assim o silêncio que por alguns segundos se formou entre a gente.

— Desde quando você e a minha filha tem se pegado?

— Não faço ideia do que a senhora está falando.

— Eu tenho as minhas fontes, então não se faça de sonsa, você pode ter ganhado créditos com o infeliz do meu marido mas isso não significa que a Alessandra vá cair no mesmo golpe, antes disso eu faço qualquer tipo de laço entre vocês ser cortado. — Passou a mão delicadamente sobre o meu rosto. — Não posso culpa-los por nada, você é tudo o que qualquer homem ou mulher deseja. Você é jovem, tem um rosto e um corpo invejável e por último e não menos importante... Você sabe como usar isso ao seu favor.

— Você só pode estar ficando louca. — Me afastei porém ela segurou o meu queixo com força me prensando contra a parede. — Eu não sou a mulher que você procura, nunca me atreveria a dormir com o seu marido!

— Então porque ele te incluiria no testamento?

— Eu não sei!

— Por quê ele ficou estranho comigo depois que você entrou na empresa?

— Eu não faço ideia!

— Diga a verdade e talvez eu pegue leve com você.

Senti meu sangue ferver com esse interrogatório todo, então estava mais do que na hora de colocar essa senhora no seu devido lugar.

— Eu estou falando a verdade! — Exclamei fazendo-a me soltar. — O relacionamento que eu tinha com o senhor Salazar era como de uma filha e um pai. Nunca em vinte três anos eu me envolvi romanticamente com ninguém além da Alessandra e se as suas fontes são tão boas quanto diz, então a senhora já deveria saber, ou talvez a senhora precise que eu seja culpada para esconder o fato de que o homem que você dividiu quase uma vida inteira já não te amava mais! — Joguei tudo na sua cara.

O elevador se abriu.

Crystal já não possuía nenhum argumento válido.

— E vê se deixa a Alessandra e esse baile em paz porque as suas ideias já estão ultrapassadas! — Dei um sorriso amargo. — Passar bem! — Terminei saindo o mais rápido possível dessa empresa.

Meraki - Chefe e SecretariaOnde histórias criam vida. Descubra agora