Capítulo Quinze: Sinuca De Bico

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Eu juro pelos céus que se soubesse que Alessandra apareceria essa noite, eu ficaria em casa ou faria hora extra na empresa só para não ter que olhar na sua cara lavada

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Eu juro pelos céus que se soubesse que Alessandra apareceria essa noite, eu ficaria em casa ou faria hora extra na empresa só para não ter que olhar na sua cara lavada. Agora estávamos Alessandra, Maya e eu sentadas no balcão olhando uma para a cara da outra sem saber o que dizer ou fazer.

Que climão!

— Estou feliz por estar aqui... Vocês não?

— Não! — Alessandra e eu respondemos em uníssono.

— Nossa, então por quê caralhos vocês vieram?

— Porque você insistiu! — Respondemos em uníssono pela segunda vez nós entreolhando em seguida.

Maya revirou os olhos, virando um copo do seu Licor. Ela perguntou se nós queríamos beber mais um pouco, nós respondemos que não, então ela perguntou se nós queríamos dançar, e nós respondemos que não, na terceira vez ela perguntou se nós queríamos fazer algo diferente para se divertir, e adivinhei a resposta...

 — Não!

— Eu chamei vocês porque achei que seria divertido e está sendo o oposto disso!  Também não é para menos, eu convidei duas caretas para um cabaré, o que eu esperava? — Balançou a cabeça em negação. — Dá próxima vez eu convido vocês para uma missa.

— Eu sou ateia, se esqueceu?

— E eu também não costumo ir em missas. Na verdade, eu não sou católica mas nada contra as missas. — Sorri gentilmente. — Teve um tempo em que eu até cantava nos cultos.

— Não vai me dizer que você cantava “aleluia.”

Olhei para Alessandra com a testa franzida.

— Como você sabe? Você não era ateia?

— Sim mas quem não conhece essa música?

— Tem razão! Foi a primeira que eu aprendi.

Maya nos encarou com incredulidade. Ela pediu uma garrafa da bebida mais forte e se levantou. Nunca havia visto ela tão brava.

— Eu estava sendo irônica! — Indagou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.  — É melhor eu dar um fora daqui antes que eu mande vocês ir se foder! — Dito isso ela saiu pisando firme.

Alessandra e eu nos entreolhamos e não demorou até que nós começássemos a gargalhar. Quem nos visse agora não imaginava o nosso dia a dia e a vontade que nós tínhamos de matar uma a outra. De repente uma mulher se aproximou nos entregando uma pulseira vip. Ela havia dito que era uma “lembrancinha” da casa, em seguida, me entregou uma chave dizendo que era de um dos quartos que tinham aqui e que se quiséssemos nós poderíamos usar.

Quase me engasguei, tanto que eu tive que virar a bebida que estava sobre o balcão de uma vez.

— É só um agradinho para os nossos casais! — Avisou com um sorriso de lado.

Senti minhas bochechas corarem e não hesitei em esticar a mão com intenção de devolver as chaves, porém, Alessandra me impediu de fazer isso o que me fez a olhar com estranheza.

— Obrigada, querida! — Agradeceu sugestiva.

A moça então se retirou nos deixando sozinhas.

— Por quê você não me deixou devolver a chave do quarto?

— Porque eu tenho intenção de usar. — Dito isso senti meu coração acelerar. — Eu só preciso encontrar uma garota que esteja afim. — Se levantou já olhando para os lados.

Confesso que por algum motivo isso me decepcionou de uma forma que até eu mesma não sabia como explicar. Estava presenciando a minha chefe caçar uma felizarda para que elas pudessem transar e isso me desconcertou. Suspirei pesadamente segurando meu copo de bebida com força enquanto á ouvia comentar sobre as garotas ao redor, revirei os olhos, recordando do motivo que me fazia odiá-la tanto... É porque ela tinha o poder de me deixar irritada.

Minutos depois uma mulher parou do seu lado, elas começaram a flertar. Revirei os olhos novamente, isso já estava se tornando costume. Olhei para os lados para disfarçar e aproveitei para ver se encontrava a Maya e para o bem da minha sanidade eu á encontrei.

— MAYAAA! — Chamei atraindo a sua atenção e de outras pessoas ao redor.

Alessandra me olhou com a testa franzida, tirando toda a sua atenção da garota que segundos atrás dava em cima dela.

— Ei, Angel! — Se aproximou. — Desculpa ter deixado vocês para trás é que eu... — Não permiti que ela continuasse falando.

Puxei a mesma pela cintura e selei os nossos lábios em um beijo. Maya levou uma de suas mãos até a minha nuca aprofundando mais o nosso contato. Senti sua língua invadir a minha boca em questão de segundos, tudo sem me importar com a presença de Alessandra. Se ela queria me provocar eu faria o mesmo e dez vezes pior. Quando nos afastamos por falta de ar, Maya me olhou com um sorriso sacana, olhei sutilmente para Alessandra e sem medir as minhas palavras eu proferi:

— Acho que vou precisar de outra chave.

Não consegui conter o sorriso que brotou automaticamente ao ver a cara que Alessandra fazia. Seu rosto estava tão vermelho quanto as luzes daqui e sua expressão não era uma das melhores.

— De que chaves você está falando?

— A do meu carro! — Alessandra respondeu com a voz arrastada. — Angélica, está doida para ir embora e eu me ofereci para leva-la. Esse beijo que ela te deu foi de despedida.

— Então você não vai ficar? — A garota que flertava com Alessandra questionou.

— Sinto muito, querida! Ah não ser que a Angélica queira ficar, dessa forma eu serei toda sua. — Me olhou com uma das sobrancelhas arqueada.

Então todas voltaram sua atenção para mim e dessa vez quem sorria era a maldita da minha chefe. Que ódio! Eu não disse que ela tinha o dom de me deixar irritada? Agora me encontrava em uma sinuca de bico pois se eu escolhesse ficar com a Maya, Alessandra ficaria com essa tarada que ela acabou de conhecer, então das duas formas eu perdia.

Bufei me sentindo cansada dessa situação toda.

— Fica comigo, Angel, por favor. — Maya pediu fazendo bico.

— Isso, Angélica, fica com a Maya... Assim você me deixa livre para curtir a noite do jeitinho que eu gosto.

Fechei a cara enquanto á ouvia.

— Me desculpa, Maya, mas eu não estou me sentindo bem. — Depositei um beijo na sua bochecha. — Fica pra próxima!

— Tudo bem.

Alessandra veio por trás de mim segurando o meu braço com força. Ela se despediu e depois me arrastou para longe com ela.

— Eu te odeio tanto! — Resmunguei.

— Nunca um sentimento foi tão recíproco, querida.

Nos entreolhamos por uns segundos e pela primeira vez eu tive que concordar com ela...

Meraki - Chefe e SecretariaOnde histórias criam vida. Descubra agora