☀️ 3 » Asas cortadas

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|CHRI$TOPHER|

Ucker ─ Então, você atende pelo nome de Dulce? (Pergunto para a ruivinha tesuda)

Ela não me responde, mas afirma com a cabeça enquanto senta no colchão que antes nem percebi que tinha ali. Em seguida ela ajeita os óculos no rosto.

U ─ O que você é daquele policial atrevido? (Aponto com meu polegar no ar)

Dulce ─ Amiga.

U ─ Pensei que fossem namorados. Amantes, sei lá. (Me aproximo mais de onde ela está e apoio as mãos na grade da sela)

Dul ─ Se fôssemos, isso não lhe diria respeito. (Diz em tom de voz calmo e educado, mas ao mesmo tempo me dando um corte)

U ─ Por que ele está te tratando de maneira diferenciada? A jiripoca vai piar depois, não é? (Mexo as sobrancelhas e sorrio de canto, malicioso)

Dul ─ Por que você não cala a boca?! (Agora ela se altera um pouco e ajeita os óculos novamente)

U ─ Calma aí, gracinha. (Tento apaziguar) ─ Só tô dizendo que isso é injusto porque você também foi fichada assim como eu. Direitos iguais nesse país, não? (Ironizo)

Dul ─ Eu sou inocente e aquele policial sabe. Por isso ele tá me ajudando.

U ─ Ha, se for assim, eu também sou inocente, docinho. Não tenho culpa se a fórmula química da cerveja que bebi causa um efeito grogue em mim. Tinham que prender a Heineken e não eu. (Digo em tom sarcástico)

Dul ─ Então você foi preso por estar alcoolizado?

U ─ Por isso e entre outras coisas. (Solto um suspiro enfadonho) ─ E ainda tenho que esperar a boa vontade do meu advogado chegar pra me tirar daqui. Não vejo a hora de pagar a droga da fiança logo e dar o fora desse lugar.

Dul ─ Não é bem assim. Se você cometeu infrações graves, vai ter que responder por isso. Não basta apenas PAGAR A FIANÇA. (Ela enfatiza as últimas palavras em tom de sarcasmo)

U ─ Então quer dizer que de qualquer jeito vou ser processado e terei que enfrentar um tribunal?

D ─ Vai.

U ─ Oh, droga!

Bom, para evitar que essa tragédia aconteça, meu pai pode comprar o delegado, o juiz, o promotor. Aqui é o Brasil! O país da corrupção. Difícil achar um que não seja corrupto. Se até alguns eleitores vendem seus votos, é ainda mais fácil comprar os poderosos.

D ─ Pagando a fiança, você será solto pra responder o processo em liberdade se for réu primário. (Me explica, ajeitando a armação de novo. Acho que é tique nervoso dela)

U ─ É a primeira vez que sou preso. Mas e você? O que foi que uma mulher tão linda assim fez pra vir parar aqui nesse lugar deplorável?

D ─ Fui acusada de sequestro por tentar ajudar alguém que precisava.

U ─ SEQUESTRO? (Arregalo os olhos) ─ Me conta melhor essa história. (Ok. Agora eu estou dando uma de fofoqueiro pior que o Leão Lobo)

Antes que a ruivinha delícia me responda, o policial chato aparece.

─ Dulce María.

Dul ─ Alfonso.

Alfonso ─ Finalmente você está liberada. (Diz enquanto abre a porta da sela)

Dulce ─ Mesmo? (Se põe de pé)

Alfonso ─ Eu disse que você não ia ficar muito tempo aqui. Só precisavam averiguar os fatos. O garoto enfim confessou tudo ao conselheiro e aproveitou para relatar ao delegado também.

Paixão Tropical│VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora