☀️ 38 » Jantar

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│CHRI$TOPHER│

Dulce não me quer mais por perto e não posso lhe julgar. Mesmo depois de tudo o que ela me disse no dia anterior e tudo o que aconteceu entre nós, ainda estou disposto a continuar tentando reconquistá-la. Quero a minha Moranguinho de volta! E sei que ela também me quer. Pude ver o seu desejo por mim através de seus belos olhos castanhos, ardentes como duas chamas de fogo; e senti a forte conexão que temos através de seus lábios aveludados, que me devoraram com urgência e ao mesmo tempo com ternura.

A julgar pela maneira inusitada que ela recebeu aquele envelope no meio da rua e por quase ter sido atropelada, imaginei que isso só pudesse ser coisa do tal Otávio. Com que tipo de pessoa pior Dulce poderia se meter? A única que conheço que sei que é capaz de fazer algo assim é esse marginal.

A princípio cheguei a cogitar que a buldogue tinha encomendado a minha morte, pois acabei descobrindo sem querer o seu segredinho sujo, ou melhor, crime. E por falar nisso, ainda estou tentando convencer o meu pai a ir ao cemitério. Ele ainda acha que bebi demais naquele dia e imaginei coisas ou sonhei.

Depois que saí do centro comunitário, fui até a casa de Dulce. Minha intenção é tentar descobrir alguma coisa sobre o envelope misterioso e sobre a tentativa de atropelamento que aconteceu ontem. Dona Blanca me recebeu muito bem, comprei dois pedaços de bolo e um deles eu resolvi deixar pra comer mais tarde no trabalho.

Ucker — Aquele Otávio é mesmo um cretino, não é, dona Blanca? A Dulce podia ter se machucado gravemente ontem. (Jogo um verde enquanto me delicio saboreando o bolo de morango)

Blanca ― Você viu a carta de ameaça que ele mandou pra ela?

U ― Érr... (Coço a minha barba no maxilar) ― Dulce não me deixou ver direito. Como sabe, ainda estamos brigados.

B ― Espere um pouco.

Pra minha sorte, ela vai até o balcão da cozinha e pega um papel que estava debaixo da fruteira. Assim que estica o braço em minha direção, pego o papel e leio. Minhas suspeitas foram confirmadas.

U ― Esse bandido não pode fazer nada contra vocês de dentro de um presídio. Ou pode?

B ― Você viu que ele é capaz de fazer isso sim. Ele tem cúmplices. O que Otávio tem a perder? Nada. Pois já está preso.

U ― Falem com a polícia! A Érika vai ajudar, não? (Sugiro, exasperado) ― Eles vão pegar esse cara da moto também.

B ― Envolver a polícia nisso só vai piorar as coisas pra nós. E infelizmente não sabemos quem era aquele motoqueiro. (Nega com a cabeça e demonstra estar desapontada)

U — Mas presos não recebem dinheiro. Como o infeliz vai pegar a grana?

B ― Para essas coisas, pessoas como Otávio dão um jeito pra tudo. E foi Dulce que agiu errado em fazer uma dívida com bandido.

U ― Então isso significa que todos vocês continuam correndo risco de vida mesmo com o traste preso?

B ― Enquanto ela não pagar o que deve, nunca teremos paz. (Blanca solta um suspiro e percebo que está com medo)

U ― E-eu posso ajudar. (A ideia surge em minha cabeça como uma lâmpada pairando sobre ela)

B ― Fico feliz em saber que está disposto a ajudar a minha filha. E eu não esperava menos de você. (Ela sorri e segura minha mão)

U ― Eu devo isso à Dulce. Por minha causa ela quase... (Não consigo terminar)

B ― Agradeço o seu gesto de bondade, mas Dulce está decidida e pretende vender o apartamento dela.

Paixão Tropical│VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora