Capítulo 51

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— E então, escrava, não vai dizer à sua senhora o que fazia em Altnasfera? Você vai privar de minha vida íntima e, portanto, preciso saber tudo a seu respeito.

Nenhuma palavra. Aquilo começava a não ser muito inteligente. Em certas ocasiões, o excesso de coragem pode aniquilar uma pessoa. Irritei-me com seu desafio mudo e bati com força na parte interna de suas coxas. A pele ficou marcada onde meus dedos a atingiram, mas nem sequer um grito minha escrava pronunciou. Então decidi mudar de tática. Fiquei em pé e segurei-a novamente pelo pescoço. Irina se contorceu e fechou as pernas, mas bati com força em seu abdômen e ordenei que as abrisse de novo. Obedeceu, mas continuava sem dizer nada.

— Qual o nome de seu pai? – perguntei com a voz alterada, enquanto apertava-lhe a garganta.

— Diogo — ela balbuciou com dificuldade, e fiquei feliz por avançar de alguma forma. A informação não me importava em nada, mas era preciso assustá-la.

— E o que faz esse pobre coitado? Cria putas para exportação? — Dei um riso malicioso e o ódio faiscou pelos olhos de Irina, que mordeu os próprios lábios até arrancar sangue. Mas não me respondeu. Então apertei um pouco mais seu pescoço e ela sentiu dificuldade em respirar. Tentava puxar com força o ar, mas só afrouxei os dedos quando senti que ela realmente sufocava. Aguardei uns instantes, até que recuperasse o fôlego, e apertei novamente, repetindo a pergunta. Ela fixou os olhos nos meus numa atitude de desafio, e respondeu numa voz engasgada por causa da falta de ar:

— Cultiva espadas para matar ditadores como você e seu pai.

A resposta não deixava de ser espirituosa, levando em consideração a debilidade bélica da terra natal de Irina. Ri daquele desafio inócuo, e apertei novamente sua garganta, dessa vez com muito mais força do que anteriormente. Mas agora Irina não falou nada. Tentei forçá-la de todas as formas, e a jovem chegou perto do desmaio sem esboçar nenhuma resposta. Retirei meu punhal da cintura e bati com força o cabo contra a parte interna de suas coxas. O sangue escorreu no local atingido, mas Irina não me brindou nem sequer com um gemido.

Passei a lâmina sobre seus seios e ameacei cortar-lhe um dos mamilos, mas a simples menção do gesto me fez lembrar de Lara e então, subitamente, guardei a faca de minha mãe. Era uma arma sagrada, arrependi-me imediatamente por usá-la de maneira tão sórdida.

Entretanto, precisava comprovar minha autoridade sobre Irina, e ela estava disposta a não falar nada. Pela maneira como me olhava, percebi que preferia a morte a revelar qualquer coisa sobre seu passado. Coloquei a mão sobre o ventre de minha escrava. Ela estremeceu de pavor quando deslizei um dedo sobre seu clitóris murcho e sem vida. Sorri-lhe numa atitude de desdém e humilhação, e empurrei meu dedo com força. Seu rosto se contraiu e percebi que a penetração era dolorosa. Meu dedo desceu arranhando uma superfície seca e áspera, e forcei cada vez mais para dentro. O ódio dela só aumentava, mas não dizia nada. O toque rugoso, somado ao olhar de desespero e dor que Irina me lançava, acendeu uma centelha de prazer em mim. Afastei-me, horrorizada comigo mesma. Meu coração acelerou e a garganta ficou seca. A estrangeira me olhava em desafio, muda.

Sentindo-me derrotada, dei-lhe um tapa no rosto, segurei-a pelos cabelos e a arrastei para fora da cama. Os joelhos de Irina bateram com força no chão e ela lutou para ficar em pé, sem nenhum sucesso. Por outro lado, eu amaldiçoava a mim mesma, enquanto a arrastava pelo quarto e a atirava, nua como estava, para fora do quarto. Tranquei a porta, rezando para que a jovem estrangeira encontrasse uma criada antes de um soldado.

O por do sol sangrava o Monte Vermelho quando bateram em minha porta. Duas batidas leves que aguardaram resposta. Não esperava ninguém, por isso continuei onde estava e, só quando as batidas se tornaram insistentes, mandei abrir.

Aléssia || HISTÓRIA COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora